O secretário-geral das Nações Unidas apelou esta segunda-feira a salvar a região do Pacífico para “salvar o mundo” da crise climática, durante a abertura do Fórum das Ilhas do Pacífico, reunidas em Tonga.

“As decisões que os líderes mundiais tomarem nos próximos anos determinarão o destino, em primeiro lugar, dos habitantes das ilhas do Pacífico, mas também de todos os outros”, disse António Guterres, de acordo com uma transcrição do discurso, publicada no portal da ONU.

“Por outras palavras: se salvarmos o Pacífico, salvamos o mundo. Os Estados insulares do Pacífico têm o imperativo moral e prático de trazer a sua liderança e voz para o palco mundial”, acrescentou o português, insistindo na necessidade de apoio financeiro e técnico internacional.

Na capital de Tonga, Nuku’alofa, Guterres fez eco das reivindicações por mais ações contra a crise climática por parte do Fórum das Ilhas do Pacífico, que reúne nações e territórios insulares vulneráveis à subida das águas que provocam a perda de terra e a contaminação das reservas aquíferos.

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Este bloco tem promovido a Estratégia do Continente Pacífico Azul, o roteiro climático e geopolítico das ilhas até 2050, que procura a cooperação internacional para defender o ambiente, especialmente os oceanos, que são fonte de recursos essenciais para a sobrevivência destes países, bem como uma componente-chave das suas culturas e modos de vida.

Guterres lamentou que a humanidade trate “o mar como um esgoto. A poluição plástica está a sufocar a vida marinha. Os gases com efeito de estufa estão a causar o aquecimento dos oceanos, a sua acidificação e uma subida dramática e acelerada do nível do mar”.

O secretário-geral da ONU pediu aos principais emissores de gases poluentes, que provocam a crise climática, que “deem um passo em frente e liderem, eliminando progressivamente a produção e o consumo de combustíveis fósseis e parando imediatamente a sua expansão”.

Guterres sublinhou que, embora grande parte do mundo esteja mergulhado em conflitos, injustiças e crises socioeconómicas, “os jovens do Pacífico levaram a crise climática ao Tribunal Internacional de Justiça” e descreveu a região como “um farol de solidariedade e força, gestão ambiental e paz”.

Para além da crise climática, a reunião do Fórum deste ano, que inclui um encontro de líderes, na quinta-feira, é marcada por diversas questões como os problemas políticos na Nova Caledónia, a influência da China no Pacífico, a segurança e a resiliência económica.

O Fórum das Ilhas do Pacífico reúne Austrália, Fiji, Ilhas Cook, Nova Caledónia, Polinésia Francesa, Micronésia, Nauru, Nova Zelândia, Niue, Palau, Papua Nova Guiné, Ilhas Marshall, Samoa, Ilhas Salomão, Tonga, Tuvalu e Vanuatu, enquanto Kiribati anunciou a saída da organização.