O governo da Venezuela acusou a “extrema-direita” do país de provocar uma “sabotagem elétrica”, que levou ao apagão que o país latino-americano enfrenta desde a madrugada desta sexta-feira.

“A extrema-direita (…) tentou uma medida desesperada, uma medida cega, uma medida obstinada que não leva a lado nenhum, para roubar a paz aos venezuelanos“, disse o ministro das Comunicações venezuelano, Freddy Ñáñez, num vídeo partilhado na rede social Telegram, sem apresentar provas.

Ñáñez argumentou que o apagão “faz parte do plano golpista”, que “foi realizado” pelo líder da maior coligação da oposição — a Mesa de Unidade Democrática (MUD) –, Edmundo González Urrutia, em conjunto com a sua maior apoiante, María Corina Machado.

O ministro venezuelano reiterou que se trata de uma “nova sabotagem” que “afetou quase todo o território nacional“, uma vez que receberam, de Caracas e dos 23 estados, relatos da queda no fornecimento de energia elétrica “total ou parcialmente”.

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Ñáñez indicou que as autoridades venezuelanas enfrentam esta situação com um “plano antigolpe“, que mantêm ativo desde antes das eleições presidenciais de 28 de julho, face aos alegados planos “do fascismo de extrema-direita” para “destruir” as instituições e o “sistema eleitoral”.

“Não o puderam fazer nos dias 28, 29 e 30 de julho, não o puderam fazer com engano ou violência e hoje tentaram uma medida desesperada”, disse Ñáñez, acrescentando que o objetivo dessa alegada sabotagem é “tirar” a “tranquilidade” da população.

Esse novo apagão ocorre quando o país atravessa uma crise política, depois de o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter proclamado o atual chefe de Estado, Nicolás Maduro, como o vencedor das eleições presidenciais de 28 de julho.

A oposição venezuelana e a comunidade internacional pediram às autoridades venezuelanas que apresentassem as atas das votações, o que ainda não aconteceu. A oposição e vários países consideram que há indícios de fraude, denunciados pela MUD, que insiste na vitória de González Urrutia.

Vários estados do país sofrem apagões frequentes, em alguns casos com duração até uma semana, como é regularmente relatado por utilizadores de diferentes regiões do interior e áreas populares de Caracas.

O último grande apagão nacional ocorreu em março de 2019, quando grande parte do país esteve sem energia durante quatro dias.

O Governo atribuiu também esse apagão à sabotagem, apontando o dedo à oposição e aos governos dos Estados Unidos e da Colômbia, liderados na altura por Donald Trump e Iván Duque, respetivamente.