Depois das notícias dos mortos e dos feridos da noite de 13 de novembro, surgem as histórias daqueles que sobreviveram aos atentados de Paris. Uma das mais marcantes é a história de uma mulher que se pendurou numa janela do Bataclan e foi salva por um desconhecido.

  • Mulher grávida foi içada 

A mulher grávida que esteve vários minutos pendurada no parapeito de uma janela do terceiro andar do edifício do Bataclan está bem, assim como o bebé. Prefere ficar anónima, mas o amigo Frans Torreele revelou ao Huffington Post que a mulher queria “agradecer a todos os que a ajudaram, em particular ao homem que rapidamente estendeu a mão e a ajudou a subir”. A mulher foi salva devido à ajuda de um desconhecido que a puxou de volta para dentro do edifício.

Uma história que Torreele também partilhou no Twitter, para todos aqueles que seguiam a história da sua amiga.

Mas existem também histórias com um final feliz graças a acasos, como o homem que foi salvo por ter uma prótese na perna ou o que evitou uma bala com o telemóvel.

  • A prótese de Philonenko

Grégoire Philonenko salvou-se graças à prótese que tem na perna. Também estava na sala de espetáculos do Bataclan e, já caído no chão, um atacante armado pontapeou a sua perna. No entanto, por ser uma prótese, Philonenko não se mexeu e o atacante seguiu em frente. Grégoire Philonenko e o filho, que também estava no chão do Bataclan, chegaram mesmo a despedir-se, revela o repórter da BBC, Gavin Lee, através do Twitter. Lee disse conta ainda que Philonenko recorda-se de ter “um laser vermelho apontado à testa enquanto a polícia monitorizava aqueles que escapavam do Bataclan”. 

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  • Cabeça protegida pelo telemóvel

Já no Stade de France, um homem, Sylvestre, salvou-se devido ao telemóvel. Estava na rua, perto do estádio, com o telemóvel ao ouvido enquanto a outra pessoa desligava, “quando, boom, a bomba explodiu, mesmo em frente” a ele, conta o homem ao Daily Mail. E foi o telemóvel que levou com o impacto de um estilhaço protegendo, assim, a cabeça de Sylvestre. “Senti coisas a voar e fui embora”, caiu mas conseguiu voltar a levantar-se, tendo ainda sido atingido por estilhaços no pé e no abdómen.

  • Marido salvou a mulher

De volta ao Bataclan, Angela Reina diz estar “segura”de que o marido a tentou proteger. O El Mundo conta que Reina e o marido, Juan Alberto González Garrido, estavam no centro da sala de espetáculos quando se começaram a ouvir tiros, pelo que se atiraram para o chão. “Nesse momento não sabia onde ele estava mas estou segura de que ele sabia onde eu estava porque moveu as suas pernas para que a minha cabeça ficasse por baixo”, diz Angela Reina, citada pelo El Mundo. O diário espanhol refere, ainda, que entre o momento do sequestro e a intervenção das forças policiais passaram quase quatro horas, e que houve um momento em que o marido de Reina se sentou e murmurou algo que a esposa não compreendeu. Aí Reina tentou segurá-lo nos braços e viu sangue. Quando as forças policiais chegaram o marido estava inconsciente, e Angela Reina foi obrigada a abandonar o Bataclan para que os serviços de emergência pudessem intervir. “Não me deixaram voltar”, recorda Reina, que passou a hora seguinte a perguntar pelo marido até que a informaram que ele tinha falecido.

  • Isabel Bowdery: a jovem que se fingiu de morta

Fingiu-se de morta para poder salvar a vida. “Nunca pensas que te vai acontecer a ti”, afirmou Isobel Bowdery numa publicação na rede social Facebook. Tal como Angela Reina e o marido, também ela se encontrava dentro do Bataclan a assistir ao concerto da banda Eagles of Death Metal. “Não foi só um ataque terrorista, foi um massacre”, dizia Bowdery. “Dezenas de pessoas foram assassinadas em frente a mim.”

Quando percebeu o que se passava atirou-se ao chão e “chocada e sozinha” fingiu estar morta, tentando manter-se o mais quieta possível, “não dando àqueles homens [atacantes] o medo que tanto queriam ver”. Esteve assim, segundo relata, durante mais de uma hora. E diz ter tido sorte em sobreviver.

Bowdery colocou uma foto da sua camisa ensanguentada a acompanhar o post do Facebook. 

  • Italiano gatinhou para escapar

Massimiliano Natalucchi também estava no Bataclan e também se atirou para o chão quando se começaram a ouvir disparos, e “devagar, devagar, começar a gatinhar” em direção a uma porta que estava a “cerca de 10 metros de distância”, cita a ABC.

Nataluchi recorda-se de que era difícil moverem-se, pois só o podiam fazer quando os atacantes estavam a disparar na direção oposta. Quando olhavam na sua direção “fingia estar morto”. O italiano recorda ainda que os atacantes não se preocuparam em esconder as caras, não usando balaclavas.

  • O refúgio no Bodega Bay

Sophía estava a chegar a casa de uma amiga quando a avisaram de que havia um tiroteio naquela zona. O tiroteio que decorreu dentro do Bataclan. Estava com um amigo, Javier, e ao saber das notícias refugiaram-se num bar – o Bodega Bay – e lá passaram horas sem saber o que se passava na sala de concertos, ali tão perto, relata o El Periódico. 

  • O irmão sobrevivente

No La Belle Equipe, um dos alvos dos atacantes, estava a trabalhar Khaled Saadi. Uma das suas irmãs fazia anos e estava a celebrar o aniversário nesse mesmo restaurante, onde também se encontrava a outra irmã. No total estavam a ser celebrados três aniversários, pelo que o restaurante estava bastante cheio, conta Saadi ao The Telegraph. Quando os atacantes começaram a disparar Saadi atirou-se para o chão “na esperança de evitar as balas”. Diz ter levantado um pouco a cabeça, quando deixou de ouvir disparos, mas as armas voltaram a ouvir-se pelo que se escondeu de novo, e lá ficou até que as armas se silenciaram. Procurou as irmãs, Halima e Hodda. Halima já estava morta e Hodda mal respirava. “Tentei salvá-la”, recorda Khaled Saadi. No entanto, também Hodda acabou por falecer.

Também no La Belle Equipe estava Ludovic Boumbas. Ao ouvir os tiros “lançou-se para o lado na tentativa de salvar uma rapariga e foi atingido”, contou um amigo ao Daily Mail. Boumbas, nascido no Congo, mas criado em Lille, morreu naquele restaurante. A mulher que tentou proteger sobreviveu mas, ainda assim, foi atingida e encontra-se no hospital em estado crítico. “Ele adorava viajar pelo mundo e, acima de tudo, amava as pessoas”, salientou o amigo ao Daily Mail. 

*Artigo editado por Helena Pereira