Pouco depois da meia-noite (hora local) abriu-se uma fissura, com cerca de 600 metros, em Holuhraun, a norte do vulcão Bardarbunga, e a lava foi lançada para o exterior. Cerca de duas horas depois a erupção parecia ter diminuído e esta manhã a atividade sísmica e vulcânica era muito menor. Embora não houvesse sinais de que a erupção se pudesse tornar explosiva, com libertação de gases e cinzas na atmosfera, as autoridades islandesas tinham emitido um alerta vermelho preventivo à aviação. Entretanto o alerta voltou a descer para laranja no vulcão Bardarbunga e mantém-se amarelo no vulcão Askja, segundo o Instituto de Meteorologia Islandês. Na memória ainda está a erupção do vulcão Eyjafjallajökull em 2010.

A erupção desta madrugada consistiu em jatos de lava com cerca de 50 metros de altura. A lava vem de uma intrusão subterrânea de magma que ao longo dos últimos dias tem vindo a abrir caminho entre os vulcões Bardarbunga e Askja. A atividade sísmica na região tem sido mais intensa desde dia 16 de agosto. Destacam-se sobretudo os sismos na caldeira do vulcão Bardarbunga, à medida que vai diminuindo a pressão de magma no interior, e na intrusão de magma, sobretudo na extremidade norte.

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A erupção do vulcão Bardarbunga iniciou-se no sábado passado, mas manteve-se por baixo do glaciar Vatnajökull – uma intrusão de magma que migrou para norte, num canal que já tinha mais de 40 quilómetros. No início da semana a extensão do magma já tinha ultrapassado os limites do glaciar na região de Dyngjujökull. Esta quarta-feira foram detetados sinais de que o glaciar estaria a derreter devido ao magma que circulava por baixo – formaram-se três buracos com 10 a 15 metros de profundidade e o nível da água no lago Grímsvötn aumentou entre cinco a dez metros.

Os sismólogos apresentaram, esta semana, alguns cenários possíveis: os sismos podiam abrandar sem haver erupção, podia haver uma erupção explosiva na zona do glaciar com emissão de gases e cinzas, ou uma erupção mais efusiva e menos violenta. Por agora, parece ser esse o caso. “Se esta erupção persistir pode tornar-se uma atração turística, visto ser relativamente seguro aproximar-mo-nos, mas [o vulcão] fica numa área remota”, disse David Rothery, professor de Ciências Planetárias na The Open University, no Reino Unido.

Geoff Wadge, vulcanólogo na Universidade de Reading, no Reino Unido, também aponta alguns cenários possíveis: “o magma pode chegar à superfície de forma intermitente a partir de uma série de fissuras ao longo de vários quilómetros”, podendo acontecer ao longo de vários anos, ou a intrusão de magma pode chegar ao vulcão Askja, misturando magma basáltico do Bardarbunga com magma riolítico (com maior teor em sílica) do Askja e provocando uma erupção explosiva. Outra opção é a erupção espalhar lava pela área circundante.

O vulcão Bardarbunga fica a mais de 200 quilómetros de Reiquejavique, capital da Islândia, mais concretamente no Parque National Vatnajökull. Uma zona que apesar de não ter residentes, recebe muitos turistas, obrigando os geólogos a evacuar centenas de pessoas na semana passada depois de terem sido registados cerca de 300 sismos.

Atualizado: 29 de agosto às 13h00