O ex-presidente do Brasil Lula da Silva continua a ser acusado de mais crimes de corrupção no âmbito do processo Lava Jato. O Ministério Público Federal de Curitiba acusa agora Lula de praticar os crimes de corrupção passiva e branquamento do capitais, com base em contratos estabelecidos entre a Petrobras e a Construtora Odebrecht.

Em causa estão luvas (“propinas”, no jargão judicial brasileiro) num esquema alegadamente liderado por Lula que terão chegado a 75 milhões de reais (cerca de 21 milhões de euros) em oito contratos com a Petrobas, que incluem um terreno no valor de 12,5 milhões de reais (3,55 milhões de euros) cedido ao Instituto Lula e uma cobertura (um apartamento de luxo nos últimos andares) junto à residência do ex-Presidente brasileiro em São Bernardo, no valor de 504 mil reais (142 mil euros).

Lula é apontado, no despacho final de acusação, como “responsável por comandar uma sofisticada estrutura ilícita para captação de apoio parlamentar, assente na distribuição de cargos públicos na Administração Pública Federal.” O mesmo documento do Ministério Público Federal do Brasil aponta ainda que o esquema foi realizado ao mais alto nível nas direções da Petrobras através da “nomeação de Paulo Roberto Costa e Renato Duque para as direções de Abastecimento e Serviços” da empresa. Alegadamente estes diretores “geravam recursos que eram repassados para enriquecimento ilícito do ex-presidente, de agentes políticos e das próprias agremiações que participavam do loteamento dos cargos públicos, bem como para campanhas eleitorais movidas por dinheiro criminoso”.

Foram ainda indiciados o empresário Marcelo Odebrecht, acusado da prática dos crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro; Antonio Palocci e Branislav Kontic, denunciados pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro; e Paulo Melo, Demerval Gusmão, Glaucos da Costamarques, Roberto Teixeira e Marisa Letícia Lula da Silva, acusados da prática do crime de lavagem de dinheiro.

Mais de 75 milhões de reais (21 milhões de euros) em luvas terão servido para financiar partidos e políticos que apoiavam o governo de Lula, como o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Progressista (PP) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Parte das luvas pagas pela Odebrecht serviu para a “aquisição, em benefício do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do imóvel localizado na Rua Dr. Haberbeck Brandão, nº 178, em São Paulo, em setembro de 2010, que seria usado para a instalação do Instituto Lula.”

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