Esta era provavelmente uma das situações mais paradoxais que surgia em cada clássico: jogo-sim-jogo-sim, Marega era apontado como o elemento com maior capacidade para desequilibrar mas ao mesmo tempo um dos poucos que nunca tinha conseguido marcar. É certo que um jogador não necessita obrigatoriamente de marcar para ter influência no resultado, e tal ideia é bem aplicável ao maliano, mas esse tornava-se um dos poucos tabus que ainda resistiam à explosão do avançado no FC Porto depois do regresso na última temporada. Um tabu que, esta noite em Braga, ficou finalmente desfeito.

O jogo do empurra onde o mais desequilibrado nunca caiu (a crónica do Benfica-FC Porto)

Depois de golos anulados e bolas ao poste em jogos contra Benfica e Sporting, o número 11 conseguiu ao nono clássico marcar pela primeira vez: pouco depois do golo do empate das águias, Marega aproveitou uma assistência de Corona após cruzamento largo de Brahimi na esquerda para fazer o 2-1 ainda na primeira parte, quebrando esse tabu que se arrastava há largos minutos. Antes, o maliano tinha marcado frente aos encarnados mas quando estava ainda no Marítimo, em 2015. No total, o avançado leva já 16 golos na presente temporada, sendo mais uma vez a principal referência ofensiva dos azuis e brancos.

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De africano para africano, também Brahimi tinha uma espécie de mini tabu não em clássicos (ainda na temporada passada fez um dos golos no triunfo frente ao Sporting por 2-1 no Dragão para o Campeonato) mas frente ao Benfica e, também no nono jogo feito contra o rival, marcou pela primeira vez, naquele que foi já o nono golo da época do argelino, que voltou a alinhar com uma proteção na coxa e foi substituído já no decorrer da segunda parte por Fernando Andrade – que, no quinto encontro pelo FC Porto depois de ter chegado do Santa Clara, festejou também pela primeira vez, naquele que seria o 3-1 final do clássico.

Do individual para o coletivo, todos esses marcos acabaram por contribuir para abrir uma Caixa de Pandora que existia nos clássicos frente ao Benfica: depois de ter perdido a final de 2010 (0-3 no Algarve) e as meias-finais de 2012 (2-3 na Luz) e de 2014 (0-0, com 3-4 nas grandes penalidades), o FC Porto conseguiu pela primeira vez ganhar ao rival na Taça da Liga, prova que nunca conquistou (fará agora a terceira final) e que os encarnados já celebraram por sete ocasiões.

Em paralelo, naquela que foi a 21.ª vitória nos últimos 22 encontros, o FC Porto conseguiu pela primeira vez ganhar um clássico na presente temporada (0-1 na Luz, 0-0 em Alvalade há uma semana e meia), alcançando uma diferença superior a um golo pela primeira vez desde 2010/11, quando conseguiu virar com Villas-Boas uma eliminatória da Taça de Portugal.