Uma padaria na Irlanda do Norte foi considerada culpada por se ter recusado a fazer um bolo com uma mensagem de apoio ao casamento entre homossexuais, a qual incluía duas personagens referentes ao programa de televisão Rua Sésamo. O bolo foi pedido por um ativista associado à QueerSpace, organização defensora dos direitos das comunidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais). A padaria sediada em Belfast negou-se a satisfazer o pedido alegando crenças religiosas incompatíveis e o caso seguiu para tribunal.

A juíza do tribunal superior de Belfast envolvida no caso determinou, esta terça-feira, que a Ashers Baking Company, um negócio de família que dá emprego a 80 funcionários, discriminou o cliente com base na sua orientação sexual. Apesar de Isobel Brownlie reconhecer que a família McArthur têm “crenças religiosas profundamente enraizadas”, salientou que as regulamentações do governo servem para proteger as pessoas a quem serviços sejam recusados com base na sua orientação sexual. E acrescentou: “Acredito que os arguidos sabiam que o queixoso era gay”.

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“Os arguidos não são uma organização religiosa. Eles têm um negócio para obter lucro. Por mais que reconheça as suas crenças, isto é um negócio para providenciar serviços a todos. A lei diz que eles devem fazer isso”, disse Brownlie, citada pelo Guardian. Como resultado, a padaria terá agora de pagar 500 libras (perto de 700 euros), mais as despesas do tribunal.

O diretor geral da Ashers — a qual foi apoiada por uma instituição cristã — disse que a família estava extremamente desiludida com o julgamento e negou ter discriminado o queixoso. “Dissemos desde o início que o nosso problema era com a mensagem no bolo, não com o cliente e não sabíamos qual a sua orientação sexual. (…) Sempre tivemos prazer em servir quaisquer clientes que entrem nas nossas lojas”. Explicou ainda que vai estudar todas as opções para apresentar recurso.

A decisão já considerada histórica, tal como escreve o The Guardian, gerou manchetes em todo o mundo e dividiu a opinião pública na Irlanda do Norte. A Igreja Presbiteriana, por exemplo, expressou “uma preocupação profunda” face à decisão da juíza e disse que “a lei precisa de mudar”. Já o vice-primeiro-ministro da Irlanda do Norte, Martin McGuinness, levou para o Twitter a sua posição: “O julgamento da padaria Ashers teve um bom resultado para a igualdade. Os gays há muito que são discriminados. Nós, bem como a lei, estamos do lado deles.”

O casamento entre pessoas do mesmo sexo continua a ser uma questão controversa na Irlanda do Norte e as tentivas para o legalizar foram rejeitadas por quatro vezes.