Os números são conhecidos. As doenças cérebro-cardiovasculares (DCCV) não só são as mais fatais em Portugal, como são também a primeira causa de incapacidade no país. O leque de doenças é grande, mas o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o enfarte agudo do miocárdio são os diagnósticos mais temidos neste conjunto. Segundo os últimos dados disponíveis do Instituto Nacional de Estatística, os AVC mataram 9616 pessoas em 2022 (7,7% do total nacional) e os enfartes foram responsáveis por 3908 óbitos (3,1% da mortalidade total).
Medidas de socorro e intervenção rápidas, como a Via Verde AVC e a Via Verde Coronária, que garantem o tratamento adequado no intervalo de tempo recomendado estão em vigor há vários anos, mas não estão ainda disponíveis em todo o território nacional. E, apesar dos avanços significativos, a organização dos serviços de saúde em torno da prevenção, tratamento e gestão destas doenças enfrenta ainda grandes desafios. Sobretudo num ponto essencial: o que acontece a estes doentes depois da alta hospitalar? Com um risco acrescido de situações emergentes depois de um primeiro episódio agudo que os leve às urgências, a maior parte dos doentes não consegue ter acesso a programas de reabilitação eficazes e a acompanhamento regular.
De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde, um em cada três portugueses morre de uma doença do aparelho circulatório, mas muitas podem ser prevenidas com um estilo de vida saudável, cuidados médicos e rastreio regular dos fatores de risco. Há também muito por fazer na prevenção destas doenças, acreditam vários especialistas, que concordam quanto à ausência de uma estratégia nacional eficaz para lidar com um grave problema de saúde pública.
O Observador contactou 26 instituições ligadas à gestão da saúde em Portugal. Pedimos para identificarem as principais prioridades na prevenção, tratamento e gestão das doenças cérebro-cardiovasculares no país. Entre as propostas recebidas, muitas são, naturalmente coincidentes, pelo que identificámos as mais repetidas e as que melhor cobrem o leque de abordagens para lidar com este problema. Estas são, assim, de acordo com vinte instituições (seis não responderam), as 15 maiores prioridades a que é preciso dar atenção para que haja menos pessoas a morrer em Portugal de doenças do cérebro, do coração e do aparelho circulatório.
No final do artigo deixamos também outras ideias que nos chegaram.
1. Ensinar a identificar sintomas de AVC e enfarte
Cidadãos mais bem informados estarão capazes de tomar as decisões certas, contribuindo não só para melhores resultados mas também para poupanças a todos os níveis. Medidas de LITERACIA EM SAÚDE como conhecer os sinais de alerta de AVC e de enfarte agudo do miocárdio e espalhar esse conhecimento entre a população portuguesa através de palestras, rastreios ou outras ações de sensibilização, como sugere a Portugal AVC – União de Sobreviventes, Familiares e Amigos, é essencial para o tratamento eficaz e sobrevivência do doente.
Dor no peito, por vezes com irradiação para o braço esquerdo, costas ou queixo, acompanhada de suores frios, náuseas e vómitos são alguns sinais e sintomas que podem indicar um enfarte. Já no AVC, as pessoas devem estar atentas aos “3 F”: dificuldade em falar, boca ao lado (alteração na face) ou falta de força num membro do corpo.
Perante o mínimo sinal de alerta, deve-se atuar com rapidez e ligar para o número nacional de emergência, 112, transmitindo as informações de forma clara. “Quanto maior o conhecimento, mais cedo chegam as pessoas ao hospital”, diz António Conceição, presidente da Portugal AVC. “Se isto fosse do conhecimento da maioria das pessoas, evitaria muitas mortes e consequências graves, e representaria uma poupança em custos e na qualidade de vida para todos (sobreviventes, famílias, sociedade, Estado).”
2. Explicar que não se deve ir para o hospital pelos próprios meios
No TRATAMENTO IMEDIATO das doenças cérebro-cardiovasculares, como o AVC ou o enfarte agudo do miocárdio, a resposta rápida e eficiente é fundamental. Após serem identificados os sintomas, deve-se ligar de imediato para o 112 e se se confirmar o diagnóstico, é ativada a Via Verde AVC ou a Via Verde Coronária. O doente deverá ser transportado de forma rápida para o hospital mais próximo com capacidade para estas situações.
O doente não deve deslocar-se para o hospital pelos seus próprios meios. O 112 é a via preferencial através da qual se deve pedir ajuda, uma vez que esse contacto evita complicações que possam surgir e reduz o intervalo de tempo até ao transporte para a unidade mais adequada. É que quanto mais cedo for tratado, maiores serão as hipóteses de recuperação.
Para que isso aconteça, é preciso que todos tenham acesso aos cuidados necessários e imediatos nesta fase. Ora, segundo a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular cerebral (SPAVC), nem sempre isso acontece por falta de recursos em algumas zonas do país.
A cadeia está dependente da realização de um exame essencial, a primeira tomografia axial computorizada (TAC) cerebral, no mais curto espaço de tempo possível. Mas Vítor Tedim Cruz, neurologista e presidente da SPAVC, diz que “em algumas regiões mais remotas [nomeadamente no interior do país e Açores] pode ser preciso equipar alguns locais para se fazerem TAC cerebral e tomar uma decisão”. E isso pode passar, por exemplo, “pela colocação de um aparelho de TAC nos aeroportos das ilhas e por disponibilizar ambulâncias equipadas com TAC cerebral”.
Para o neurologista é ainda urgente disponibilizar o acesso a meios como a ressonância magnética nas 24 horas seguintes ao AVC, nos casos em que há dúvidas no diagnóstico, e o ecocardiograma nas primeiras 24 a 48 horas após o AVC, sempre que há suspeita que o evento possa ter origem cardíaca. Outra medida importante é a implementação da Via Verde para o AVC hemorrágico (que acontece quando uma artéria que leva sangue para o cérebro rompe), uma vez que o processo de tratamento é diferente do AVC isquémico – que ocorre quando há uma obstrução e o sangue não passa para uma determinada região do cérebro.
3. Garantir igualdade de tratamentos em todas as zonas do país
O tratamento e recuperação dos doentes depende da rapidez, eficácia e qualidade dos serviços a que se recorre. O problema é que nem todos conseguem ter acesso aos mesmos cuidados. É urgente levar a cabo uma nova ORGANIZAÇÃO DA REDE DE CUIDADOS, defendem alguns especialistas e, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), há uma grande desigualdade geográfica na resposta, sobretudo no interior do país.
“No litoral temos serviços de cardiologia de topo, onde fazemos praticamente tudo o que se faz na Europa e se reúnem as condições para tratar a população”, diz Hélder Pereira, presidente da SPC, referindo-se sobretudo à resposta hospitalar em Lisboa, Porto e Coimbra. “Mas no interior do país, a maior parte dos hospitais nem sequer serviço de cardiologia tem. É uma cardiologia de sobrevivência.”
Para o responsável, “é preciso dar aos profissionais de cardiologia no interior melhores condições e meios técnicos, de modo a atrair jovens especialistas e formar equipas com pessoas que queiram trabalhar nesses hospitais”.
Falando do AVC, apesar dos avanços alcançados no tratamento da fase aguda, apenas cerca de 50% dos casos tem acesso a unidades especializadas, que permitem beneficiar da intervenção mais eficaz, contrariamente ao que é recomendado no Plano Europeu do AVC. No documento, subscrito pelo estado português, há um compromisso nacional de tratar pelo menos 90% de todas as pessoas que sofrerem AVC numa unidade dedicada, o que só é possível com uma melhor organização dos serviços, nomeadamente com o aumento do número de camas dedicadas ao AVC agudo.
4. Assegurar reabilitação rápida e com equipas de várias especialidades
Se o AVC, o enfarte agudo do miocárdio ou outra doença cardíaca não forem tratados atempadamente, podem causar sequelas graves na vida do doente. Fundamental para a recuperação da funcionalidade e qualidade de vida do sobrevivente, a REABILITAÇÃO deve começar o mais cedo possível, ainda nos primeiros dias de internamento, e prolongar-se após a alta hospitalar. No entanto, em Portugal apenas dez por cento dos doentes tem acesso a reabilitação depois de um enfarte, diz o presidente da SPC, Hélder Pereira, apesar de esta ser essencial para evitar a repetição de um novo evento agudo, o que acontece em cerca de vinte por cento dos casos nos 12 meses seguintes.
No AVC o cenário é semelhante. Os centros e profissionais de reabilitação disponíveis não conseguem dar resposta às necessidades dos doentes, dificultando o acesso a estes cuidados em tempo útil, como mostra um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto. Apresentada em abril, a investigação acompanhou 460 doentes e revelou que 70% de sobreviventes de AVC agudo não têm acesso a reabilitação intensiva, enquanto 80% recebem no máximo cinco sessões de fisioterapia por semana, com menos de 45 minutos cada.
Para mudar este cenário e facilitar o acesso dos doentes a programas de reabilitação, Renato Nunes, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação, defende a criação de uma estratégia nacional que contemple toda a rede de saúde, desde a prevenção primária até à vida na comunidade. “É urgente investir em estruturas e recursos que permitam a prestação de todos os cuidados, devendo ser criadas mais camas de reabilitação nos hospitais, mais centros especializados e promovendo uma melhor articulação com a reabilitação na comunidade.” Este especialista defende ainda que é neste contexto de reabilitação que (também) deve ser feito o controlo de fatores de risco cérebro-cardiovasculares dos doentes, ajudando a implementar hábitos de vida saudáveis — não só no que toca à nutrição, mas também à prática de exercício físico.
Já António Lopes, bastonário da Ordem dos Fisioterapeutas, diz que é necessário assegurar o acesso direto e rápido à fisioterapia e sugere “a implementação da Via Verde para a Fisioterapia e do Cheque Fisioterapeuta, de forma a minimizar os tempos de espera e garantir a continuidade e a eficácia de prestação de cuidados de fisioterapia e consequentes ganhos em saúde”. A mesma fonte defende ainda o aumento de fisioterapeutas nas unidades de AVC, hospitais, centros de saúde e unidades de cuidados continuados ou paliativos. “Isto permitiria aproximar Portugal dos rácios europeus de fisioterapeutas por cada cem mil habitantes — atualmente situamo-nos em 25º lugar.”
5. Alertar para o que se deve fazer depois de um AVC ou enfarte
Após um primeiro AVC ou enfarte, a probabilidade de o sobrevivente vir a ter outro evento aumenta. De forma a evitar que o problema se repita, é essencial prevenir a repetição através do controlo dos fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado (dislipidemia) ou tabagismo, da vigilância médica e da toma de medicação recomendada. A isto chama-se PREVENÇÃO SECUNDÁRIA, uma estratégia essencial para reduzir a mortalidade e incapacidade associadas às DCCV.
No AVC, por exemplo, o risco de recorrência é máximo no primeiro mês e mantém-se elevado para o resto da vida, explica a SPAVC: cerca de um terço dos novos acidentes vasculares cerebrais que ocorrem anualmente são repetições. “Se conseguirmos identificar a causa do primeiro AVC e formos ágeis na implementação de medidas preventivas podemos reduzir o risco de recorrência e contribuir para a redução de até um terço dos eventos”, diz Diana Aguiar de Sousa, vice-presidente da SPAVC. Para que isso aconteça, “é essencial esclarecer a causa nas primeiras 48 horas e implementar medidas corretivas, que podem passar pela toma de medicação e depender de um comprimido ou podem ser cirúrgicas”.
A Portugal AVC recomenda ainda uma ou outra medida. Consultas de seguimento, no máximo uma vez por ano. A criação de uma consulta do sobrevivente de AVC nos cuidados de saúde primários (centros de saúde) seria um passo importante para acompanhar estes doentes, prevenir complicações, minimizar sequelas e evitar que volte a acontecer, defende a associação.
No capítulo da prevenção secundária, a Direção Executiva do SNS salienta também a importância de “monitorizar indicadores associados a doença cardiovascular”, nomeadamente através de consultas de grupos de risco nos cuidados de saúde primários, como a hipertensão.
6. Formalizar a figura do enfermeiro de ligação
A gestão eficaz das doenças cérebro-cardiovasculares implica várias profissões e especialidades. Ora, os enfermeiros desempenham um papel fundamental junto da população, seja na deteção precoce dos problemas de saúde ou em todo o processo de acompanhamento do doente. Mas é possível terem um papel ainda mais otimizado, na ORGANIZAÇÃO DA REDE DE CUIDADOS.
Para a Ordem dos Enfermeiros, estes profissionais de saúde podem atuar como “gestores de caso”, assegurando que os doentes recebem cuidados contínuos e coordenados. Esse papel requer que o enfermeiro seja o elo de ligação entre o doente e a equipa que o acompanha, do hospital ao centro de saúde, assegurando a comunicação entre todos. Inclui também a organização e marcação de consultas, o acompanhamento do plano de tratamento, estado geral e medicação, orientando o doente para os cuidados necessários em cada momento.
Para Luís Filipe Barreira, bastonário da Ordem dos Enfermeiros, “esta gestão integrada permite um cuidado mais holístico e centrado na pessoa, melhorando os resultados clínicos e a qualidade de vida dos doentes”. Além disso, tomando como exemplos alguns dos projetos já existentes, nomeadamente o Programa de Gestão de Caso para Doentes Crónicos com Multimorbilidade da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, a implementação deste modelo de cuidados pode ajudar a diminuir os reinternamentos, as idas às urgências e o custo para o Sistema Nacional de Saúde.
7. Criar mecanismos para confirmar que os medicamentos são sempre tomados
Se o doente parar de tomar a MEDICAÇÃO depois de saber que tem uma doença cardíaca ou vascular ou depois de um AVC ou enfarte, aumenta ainda mais a probabilidade de uma repetição ou de um agravamento do estado de saúde. É essencial respeitar o número de tomas diárias e a duração do tratamento.
Segundo o INFARMED, estão atualmente disponíveis várias classes de medicamentos capazes de reduzir os efeitos e mortalidade das doenças cérebro-cardiovasculares e os seus fatores de risco.
Rui Santos Ivo, presidente daquele organismo, lembra que “cabe a esta instituição a avaliação, autorização, regulação e controlo dos medicamentos destinados ao tratamento das doenças cérebro-cardiovasculares”, mas se a toma da medicação não for a correta pode comprometer o tratamento – e até a segurança daqueles medicamentos. “A adesão das pessoas ao tratamento prescrito é essencial para o sucesso da terapêutica, seja farmacológica ou comportamental, pois o controlo dos fatores de risco cardiovasculares modificáveis, como a hipertensão e a dislipidemia, é fundamental para a redução da incidência e complicações destas doenças”.
Por essa razão, e também por as DCCV serem a principal causa de morte prematura a nível mundial, Rui Santos Ivo diz que “esta área deve ser considerada crítica, encontrando-se referenciada pelas entidades de saúde europeias e sendo tema de debate em conferências promovidas pelo Conselho Europeu”.
Quem está bem posicionado para intervir nestas questões, promovendo a toma correta dos medicamentos, são os farmacêuticos. De acordo com a Associação Nacional de Farmácias (ANF), serviços como a consulta farmacêutica para revisão da medicação e a preparação individualizada da medicação (PIM) apoiam os doentes na toma correta e segura dos medicamentos, ajudando a controlar as doenças.
“Após o diagnóstico de doenças como aterosclerose ou hipertensão, o uso de medicamentos como anti-hipertensivos, estatinas, anticoagulantes e antiagregantes plaquetários é crucial para evitar a evolução da doença e reduzir o risco de eventos cardiovasculares agudos”, refere João Almeida Lopes. Para o presidente da APIFARMA, a utilização de “tratamentos combinados de diferentes medicamentos pode otimizar os resultados terapêuticos, maximizando a eficácia e minimizando os riscos”.
8. Comparticipar mais medicamentos
O custo dos medicamentos pesa muito na carteira dos portugueses, sendo uma das razões que contribui para o abandono de muitos tratamentos – ou porque deixam de tomar ou porque tomam mal. Só nos primeiros seis meses do ano, a despesa dos utentes com MEDICAÇÃO vendida nas farmácias ultrapassou os 454,5 milhões de euros, mais 28,9 milhões de euros (+6,8 %) quando comparado com o primeiro semestre do ano passado. A informação consta do relatório de monitorização do INFARMED, que indica ainda que os antidiabéticos e os anticoagulantes estão entre as classes terapêuticas com maiores encargos.
Hélder Pereira, presidente da SPC, defende que os medicamentos para as doenças cardiovasculares, nomeadamente a insuficiência cardíaca (IC), devem ter o mesmo nível de comparticipação atribuído aos de doenças como a diabetes (90%) e defende a alteração da comparticipação de 69 para 90%. Para o cardiologista é preocupante o facto de haver, em Portugal, “muita gente que precisa de fazer terapêutica, mas que não a faz ou acaba por abandoná-la por uma questão financeira”.
Atualmente, o regime de comparticipação de medicamentos em Portugal resulta de um sistema de escalões em que o Estado paga parte do preço e no momento de compra na farmácia o utente paga o restante. A legislação em vigor (Decreto-Lei n.º48-A/2010, de 13 de Maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 106-A/2010, de 1 de Outubro) prevê quatro escalões, que variam de acordo com as indicações do medicamento, a sua utilização ou quem o prescreve, correspondendo a taxas de 90%, 69%, 37% e 15%, respetivamente.
9. Sensibilizar os doentes e famílias para o trabalho dos assistentes sociais
As doenças cérebro-cardiovasculares afetam a vida do doente e da família de várias formas e em diferentes níveis. Quem sofre um AVC, enfarte ou é submetido a uma cirurgia cardíaca, por exemplo, pode vir a necessitar de muitos cuidados ou apoios sociais após a alta e enquanto se readapta à vida social e laboral.
É aqui que entra em ação o assistente social, que tem a responsabilidade de acompanhar as necessidades do doente na REDE DE CUIDADOS de saúde, no que diz respeito ao seu contexto social. Trocado por miúdos, isto significa ajudar as pessoas a perceber se precisarão de uma bengala para se deslocarem, como podem ter acesso a um fisioterapeuta ou como devem preencher a declaração de rendimentos se ficarem com uma grande incapacidade (o que está previsto na lei).
São estes profissionais que avaliam se o doente tem uma rede de suporte que o possa ajudar nos primeiros tempos, se precisa de transporte para fazer os tratamentos, se conhece os direitos enquanto doente ou se necessita, por exemplo, de apoio em casa. Esta ajuda permite criar condições para uma “reabilitação social”.
Júlia Cardoso, membro da Comissão Instaladora da Ordem dos Assistentes Sociais, defende, por isso, que as equipas multidisciplinares que acompanham os doentes devem incluir a participação dos assistentes sociais e atuar sob as orientações da Estratégia Nacional da Estratificação de Risco Clínico da população. Além de proporcionar a integração dos cuidados de saúde, “a estratificação pelo risco poderá garantir intervenções preventivas, atempadas e mais adequadas ao bem-estar de cada pessoa e, simultaneamente, robustecer a capacidade de identificar situações de risco clínico e social e a articulação entre serviços”.
10. Dar mais autonomia aos médicos de família e garantir uma ligação melhor com os hospitais
Uma das principais limitações atuais no diagnóstico e tratamento prévio desta doenças (ou seja, antes de os doentes chegarem às urgências) está na falta de equipamentos essenciais para cardiologia e no reduzido conjunto de exames que os médicos de família podem pedir numa fase de PREVENÇÃO.
A nível hospitalar, por exemplo, alguns cardiologistas defendem que é preciso aumentar a disponibilidade de meios como a TAC e a ressonância magnética para diagnosticar a doença isquémica. Já a nível dos cuidados primários (nos centros de saúde), os médicos de família não têm acesso a instrumentos básicos de diagnóstico de doenças cardiovasculares, como a angina de peito ou a insuficiência cardíaca. Isto atrasa a deteção da doença, o diagnóstico e o tratamento.
A disponibilidade de exames complementares e análises que permitiram detetar a insuficiência cardíaca muito mais cedo iria possibilitar, segundo os especialistas, o diagnóstico precoce destas doenças, reduzindo a morbilidade e mortalidade cardiovascular.
Para Luís Filipe Pereira, presidente da AADIC – Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, a prescrição da análise específica BNP/NT-proBNP pelos médicos de família “melhoraria o diagnostico precoce da insuficiência cardíaca nos cuidados de saúde primários, evitando a situação, hoje comum, de a doença ser diagnosticada apenas nas urgências dos hospitais, com custos elevados para as pessoas e para o SNS”. Um cenário que, segundo indicação recente do Ministério da Saúde, será possível no início do próximo ano. A partir de janeiro, os especialistas de medicina geral e familiar dos centros de saúde vão poder prescrever os exames complementares de diagnóstico que detetam as doenças cardíacas, de acordo com o despacho publicado no Diário da República.
De acordo com o estudo PORTHOS (Portuguese Heart Failure Observational Study), promovido pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia, mais de 700 mil pessoas em Portugal com mais de 50 anos vivem com insuficiência cardíaca e cerca de 90% desconhece que tem a doença. Isto significa que uma em cada seis pessoas com mais de 50 anos tem este problema de saúde.
Ainda neste campo, a Direção Executiva do SNS chama também a atenção para a necessidade de uma ponte cada vez mais eficaz entre os cardiologistas no hospital e os médicos de família nos centros de saúde. “Uma das prioridades deve ser a integração de cuidados das Unidades Locais de Saúde, apoiando-as nos diferentes níveis de cuidados, nomeadamente cuidados de saúde primários e hospitalares, incluindo os doentes crónicos com patologia cardiovascular e/ou cerebrovascular”, lê-se numa nota enviada pela Direção Executiva em resposta ao pedido de informações do Observador.
11. Rastrear as doenças cérebro-cardiovasculares
Os rastreios cardiovasculares são uma das principais formas de sensibilizar a população a adotar estilos de vida adequados e identificar e CONTROLAR FATORES DE RISCO que não estejam vigiados e que estão na origem das doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial, diabetes, colesterol elevado, tabaco ou sedentarismo.
Tanto os enfermeiros como os farmacêuticos, pela sua proximidade às populações e pelos conhecimentos que têm, podem implementar rastreios nos cuidados de saúde primários (centros de saúde) e na comunidade, ajudando a detetar situações que podem levar ao aparecimento de DCCV “e encaminhar as pessoas para o médico para possível início de medicação”, diz Ema Paulino, presidente da ANF.
Nessas ações costuma-se dosear o nível do colesterol total no sangue, avalia-se a pressão arterial, mede-se o peso e a altura para calcular o índice de massa corporal, mede-se o perímetro abdominal e, no final, os profissionais ainda podem “recomendar abordagens não farmacológicas, como uma alimentação equilibrada, redução de sal e prática de atividade física”.
Rosa de Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, destaca também a importância do trabalho interdisciplinar. “É importante reforçar o trabalho de equipa entre médico, enfermeiro e farmacêutico, sendo que a vigilância da hipertensão arterial poderia ser feita em articulação com outros profissionais de saúde, aumentando desta forma a acessibilidade”, diz a médica.
12. Controlar o colesterol
O colesterol é essencial para o nosso corpo. Mas quando atinge valores elevados aumenta o risco de doenças cardiovasculares e pode provocar um enfarte agudo do miocárdio ou um AVC. Por isso, deve ser vigiado, numa constante atitude de PREVENÇÃO. O problema é que a maioria das pessoas raramente conhece os seus níveis ou o tem controlado. Como revela o Estudo Latino (Lipid mAnagemenT iN pOrtugal), realizado na Unidade Local de Matosinhos, com a Sociedade Portuguesa de Aterosclerose (SPA) e com a Novartis [que apoia o projeto Arterial], apenas 7% dos doentes de alto risco têm o colesterol LDL (colesterol “mau”) controlado e apenas 3% dos pacientes de muito alto risco, ou seja, pessoas que já tiveram um enfarte ou AVC, se encontram na mesma situação. Isto significa que mais de 90% dos doentes com risco cardiovascular elevado e muito elevado não conseguiram baixar o colesterol LDL para os valores recomendados.
Perante este cenário, a SPA considera essencial a avaliação de doentes com LDL controlados nos centros de saúde, de acordo com o risco estabelecido para cada pessoa. “É fundamental avaliar o risco individual das pessoas, definir objetivos e tratar e reavaliar os doentes, de forma a manter as metas estabelecidas”, explica o internista Francisco Araújo.
Igualmente importante, sublinha o presidente da SPA, é a implementação efetiva de rastreio de hipercolesterolemia familiar (HF) em idade pediátrica, uma doença genética e hereditária, caraterizada por elevados níveis de colesterol desde o nascimento, que levam ao aparecimento de aterosclerose e doenças cardiovasculares precoces, mas para a qual existem tratamentos eficazes já disponíveis. “As pessoas com HF têm um risco cardiovascular aumentado se não forem identificadas em idade jovem, por volta dos sete ou oito anos, de forma a começarem a fazer terapêutica para baixar o colesterol, mas, sobretudo, para adotarem hábitos de vida saudáveis desde cedo.”
Por isso, como sugere Eduardo Costa, presidente da Associação Portuguesa de Economia da Saúde (APES), deve-se apostar na prevenção destas condições, para reduzir a carga de doença cérebro-cardiovascular na população, o que “passa pelo reforço da deteção precoce, bem como por políticas de saúde pública que promovam ambientes saudáveis e acesso a alimentos saudáveis”.
A questão da prevenção é um dos pontos fracos da avaliação de abordagem portuguesa às doenças cérebro-cardiovasculares, de acordo com as respostas que o Observador recebeu das várias instituições contactadas. “Comparativamente com outros países da OCDE, Portugal investe uma percentagem menor do seu orçamento da saúde na prevenção, com um dos menores gastos por habitante”, diz João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA. “ Um maior investimento em prevenção das doenças cérebro-cardiovasculares em Portugal seria um maior investimento no futuro da nossa sociedade.
13. Dinamizar campanhas de sensibilização sobre fatores de risco
As DCCV estão associadas a um conjunto de fatores de risco – condições que aumentam a probabilidade de a pessoa sofrer uma doença cardiovascular. Mas se a hereditariedade, o sexo ou a idade não podem ser modificados, é possível evitar outros como a hipertensão arterial, a dislipidemia, o tabaco ou o stress. A solução passa pelo controlo e vigilância.
Segundo um estudo desenvolvido no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), sabe-se que 68% da população portuguesa apresenta dois ou mais fatores de risco, e 22% tem quatro ou mais. Para Francisco Araújo, presidente da SPA, estes dados mostram a necessidade de apostar na prevenção das DCCV, através da educação na promoção de hábitos de vida saudáveis para a prevenção da doença. Ou seja, LITERACIA EM SAÚDE.
A criação de campanhas a nível nacional para a prevenção das DCCV, nomeadamente através dos meios de comunicação social, é, segundo o responsável da SPA, uma forma de as sociedades científicas e as autoridades de saúde passarem uma mensagem forte num curto espaço de tempo. “As pessoas teriam acesso a uma informação correta, importante e de confiança, e com ela o conhecimento que permite mudar comportamentos.”
Mas para que possam efetivamente existir alterações de estilos de vida, é preciso, como lembra Sónia Dias, diretora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), desenvolver uma política ativa e eficaz de promoção e literacia em saúde. “Em parceria, será possível criar programas e intervenções de literacia entre vários sectores, de forma a garantir que os cidadãos têm informação, conhecimentos e competências para fazerem escolhas saudáveis”.
Rosa de Pinho, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, concorda com esta ideia: “É preciso aumentar a literacia [em saúde] em Portugal, melhorando a motivação para alterações de estilo de vida e adesão nos doentes hipertensos já medicados.”.
Ainda que estas medidas demorem muito tempo a ser implementadas e impliquem ainda mais tempo até produzirem resultados práticos, vários profissionais de saúde alertaram para a importância de iniciativas como estas. “ A educação para a saúde deve ser uma prioridade para combater a obesidade, a hipertensão, a diabetes e o tabagismo”, diz Susana Silva Pinto. Para a médica da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, “o caminho poderá passar por aumentar campanhas de sensibilização sobre a importância de uma alimentação equilibrada, atividade física regular, cessação tabágica e gestão do stress”.
14. Desenvolver atividades nas escolas
Apesar de serem a principal causa de morte em Portugal, 85% das mortes por doenças cérebro-cardiovasculares são atribuíveis a fatores de risco que podem ser prevenidos, de acordo com a Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS). É por isso que é importante investir desde cedo em garantir conhecimentos às pessoas, para que compreendam e usem a informação em saúde de forma responsável e consciente.
A isto chama-se, precisamente, LITERACIA EM SAÚDE e Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, acredita que “uma modificação consistente do estilo de vida deve começar numa idade precoce, idealmente integrada no curriculum escolar. Isto inclui trabalho educativo sobre o facto de alguns alimentos fazerem mal, assegurar refeições escolares saudáveis e a promoção de um estilo de vida ativo.”
A escola é o local ideal para que os alunos comecem a desenvolver competências e conhecimentos sobre a saúde e estilos de vida saudáveis. Ações de educação para a saúde nas comunidades escolares, tanto na promoção de hábitos saudáveis como na prevenção das DCCV é uma forma de dar às crianças de conhecimentos que ajudem a salvar vidas no futuro, tornando-as também num veículo de educação para os seus familiares.
Para Cristina Vaz de Almeida, presidente da SPLS, é necessário investir mais nos bons hábitos no início da vida, com as competências dos pais, os cuidadores, educadores e com as crianças e jovens. A mudança não será imediata, mas “fazendo bem, agilizando e intervindo eficazmente junto das pessoas numa política pública que olhe para o ciclo de vida será possível vermos mudanças positivas”.
15. Fomentar mais condições para investigação
Graças aos avanços significativos da ciência nas últimas décadas na área das DCCV, surgiram novas técnicas cirúrgicas, tratamentos e medicamentos que têm contribuído para reduzir o número de mortes, aperfeiçoar os cuidados prestados e melhorar a qualidade de vida dos doentes.
É por isso que cientistas em todo o mundo trabalham em INVESTIGAÇÃO, contribuindo para o avanço do conhecimento nesta área, na identificação do que provoca estas doenças, na procura de soluções para as prevenir e combater e na criação de conhecimento para melhorar a eficiência dos cuidados.
Para Fernando Almeida, presidente do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, a investigação científica contribui diretamente para implementação de políticas de saúde. “O conhecimento gerado vai ajudar a criar oportunidades para melhorar a prestação de cuidados nas doenças cardiovasculares e contribuir para um melhor conhecimento da população sobre os fatores que melhoram a saúde e o bem-estar”.
Há outros profissionais de saúde que chamam a atenção para a importância da investigação. Para Susana Silva Pinto, membro do Grupo de Estudos de Doenças Cardiovasculares da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, “fomentar a investigação em novos tratamentos e abordagens para doenças cérebro-cardiovasculares irá trazer novos dados para orientação dos doentes. E promover colaborações entre instituições académicas, hospitais e a indústria pode acelerar a inovação e a aplicação de novas tecnologias na prática clínica.”
A indústria farmacêutica tem, naturalmente, um papel importante no que toca à investigação. São estas empresas que, em muitos casos, financiam o desenvolvimento de novas soluções. “A combinação de fármacos com dispositivos médicos, como stents medicados e neuroprotectores, pode contribuir para melhorar os resultados dos tratamentos que necessitam da intervenção com estes equipamentos”, refere João Almeida Lopes, presidente da APIFARMA.
Outras ações a implementar
Avaliação do risco vascular
Atualmente, não se conhece ao certo o risco vascular de um milhão e seiscentas mil pessoas que não têm médico de família atribuído em Portugal, segundo dados do Portal da Transparência do Serviço Nacional de Saúde. Isto representa um risco acrescido para uma grande fatia da população. Na realidade o principal problema a resolver é a falta destes profissionais de saúde, mas este é um terrível efeito secundário desse problema.
Criação de clínicas de insuficiência cardíaca
A abertura de mais clínicas hospitalares de insuficiência cardíaca permitiria oferecer cuidados de saúde personalizados e de qualidade aos doentes, ajudando-os a gerir melhor a sua condição. Estas clínicas permitem melhorar a qualidade de vida dos pacientes e há evidência científica que comprova que contribuem para reduzir a mortalidade e diminuir os internamentos e custos associados à doença.
Identificação de fatores de risco após os 60 anos
Com o aumento da idade, fica-se mais suscetível ao desenvolvimento de doenças cérebro-cardiovasculares. Identificar fatores de risco que surgem após os 60 anos, mas apresentam um elevado perigo – como fibrilhação auricular, doença aterosclerótica carotídea e intracraniana ou doença renal crónica – é essencial para sinalizar e vigiar adequadamente as pessoas, prevenindo futuras complicações.
Intervenção neuropsicológica após um AVC
Os défices cognitivos (dificuldades no processamento de informações e ao nível da atenção, raciocínio e memória) não identificados durante o internamento explicam muitas das dificuldades sentidas pelos doentes ao tentar regressar ao trabalho ou retomar as rotinas familiares. Por apresentarem um maior risco de défices ou deterioração cognitiva futura, seria útil garantir aos sobreviventes o rastreio e intervenção neuropsicológica depois de um AVC.
Redução das listas de espera para cirurgia cardíaca
Os centros de cirurgia cardíaca existentes não dão resposta às necessidades dos doentes em tempo útil, garantem alguns especialistas consultados. As listas de espera e as dificuldades em garantir cirurgia cardíaca e alguns procedimentos em tempo clínico adequado fazem desta questão uma prioridade. A abertura de mais dois centros de cirurgia cardíaca, como foi divulgado por um grupo de trabalho da Direção-Geral da Saúde poderia ser a solução para combater o problema.
Realização do diagnóstico social territorial de cada Unidade Local de Saúde (ULS)
Esta ferramenta permitiria conhecer a realidade e o perfil social dos utentes, identificando os problemas e as necessidades em cada zona para que possam ser definidas e implementadas estratégias de intervenção. Isto permitiria atuar na prevenção de doenças, no acesso de cuidados em grupos mais vulneráveis ou na educação para a autogestão da doença crónica.
Aumento do número de enfermeiros
Apesar da importância das várias equipas de profissionais de saúde em qualquer abordagem às DCCV, faltam enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde, garantem vários especialistas – a Ordem dos Enfermeiros aponta para 14 mil, embora o número não possa ser confirmado.
Sensibilização dos médicos para uma boa comunicação em saúde
A comunicação clara e acessível com o doente e os seus cuidadores é essencial para garantir que entendem as informações que os médicos e outros profissionais de saúde lhes transmitem. A organização e prestação de cuidados de saúde centrados no utente e na sua experiência pessoal permitem aumentar a qualidade e a eficácia dos serviços prestados.
Os médicos devem ouvir o doente e o doente deve conseguir perceber o que lhe é transmitido e para isso contribui também a envolvência de uma equipa com profissionais de várias especialidades. Existem estudos que indicam as vantagens de alguns doentes mais velhos serem acompanhados por familiares mais novos para garantir que a mensagem transmitida é bem sucedida.
Olhar para o doente como um todo
Só se pode falar de cuidados integrados em saúde quando as equipas médicas veem o doente como um todo e não como soma de partes. Olhar para o doente e não para doenças, não só do ponto de vista físico, mas também psicológico, sem esquecer a realidade social, é um passo essencial para melhorar o tratamento, defendem alguns especialistas.
Estas foram as 20 Instituições que responderam ao desafio do Observador:
- APIFARMA
- Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca
- Associação Nacional das Farmácias
- Associação Portuguesa de Economia em Saúde
- Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar
- Direção Executiva do SNS
- Escola Nacional de Saúde Pública
- Fundação Portuguesa de Cardiologia
- INFARMED
- Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge
- Ordem dos Assistentes Sociais
- Ordem dos Enfermeiros
- Ordem dos Fisioterapeutas
- Portugal AVC
- Sociedade Portuguesa de Aterosclerose
- Sociedade Portuguesa de Cardiologia
- Sociedade Portuguesa de Hipertensão
- Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde
- Sociedade Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação
- Sociedade Portuguesa do AVC
Estas foram as 6 Instituições que não responderam:
- Administração Central do Sistema de Saúde
- Direção Geral da Saúde
- Ministério da Saúde
- Ordem dos Farmacêuticos
- Ordem dos Médicos
- Serviços Partilhados do Ministério da Saúde
Atualizado a 8 de novembro com a indicação de “outras medidas” que o Observador recebeu das 20 instituições e com o despacho publicado a 29 de outubro de 2024, que estabelece novas regras na prescrição de exames complementares de diagnóstico de doenças cardíacas.
Arterial é uma secção do Observador dedicada exclusivamente a temas relacionados com doenças cérebro-cardiovasculares. Resulta de uma parceria com a Novartis e tem a colaboração da Associação de Apoio aos Doentes com Insuficiência Cardíaca, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, da Portugal AVC, da Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral, da Sociedade Portuguesa de Aterosclerose e da Sociedade Portuguesa de Cardiologia. É um conteúdo editorial completamente independente.
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