“O meu marido era muito forte, sempre nos demos muito bem, conheço-o como ninguém. Mas foi perdendo capacidades. Começou por deixar de ver, corremos os médicos todos, depois deixou de conseguir levantar-se, de tomar banho sozinho, chamava por mim constantemente, não aceitava mais ninguém. É muito difícil psicologicamente, o cuidador vai-se degradando também à medida que as perdas cognitivas dele se vão acentuando. Estava completamente perdida, queria muito ajudar o meu marido, que já não era o mesmo, mas às tantas eu também já não era eu, de tão perdida que estava.”
Laura Fagundes tem 72 anos, menos dois do que Manuel. Vivem numa aldeia da zona de Sintra. Ela foi diretora comercial de uma multinacional, ele inspetor de finanças. Não têm filhos em comum. Tiveram pouco tempo para gozar a reforma, depois de uma intensa vida profissional. Há cerca de três anos, o marido iniciou um processo degenerativo que culminaria num diagnóstico: demência. Ao mesmo tempo, uma pandemia abatia-se sobre o mundo.
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