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Getty Images/iStockphoto

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Cancro do rim: deteção precoce pode salvar vidas

Saber identificar os principais sintomas para obter um diagnóstico precoce é fundamental para que o tratamento do cancro do rim seja o mais eficaz possível.

Em Portugal, tal como no resto do mundo, o cancro do rim é o 14.º tumor mais comum. Só em 2020, no nosso país, foram diagnosticados 1191 novos casos e 524 pessoas perderam a vida em consequência desta doença, segundo dados da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC, na sigla em inglês) disponíveis na plataforma Cancro Online. Sabe-se que a deteção precoce deste cancro é um fator determinante para o sucesso do tratamento dos doentes, os quais beneficiam atualmente de importantes inovações terapêuticas, razão por que importa alertar para os principais sinais, sintomas e fatores de risco.

Infografia: Joana Figueirôa

Isto é particularmente relevante, pois embora esta seja, com frequência, uma doença silenciosa, “quando os tumores são detetados muito precocemente, as taxas de remissão são excelentes e podem superar os 90% aos dez anos”, afirma o urologista Lorenzo Oliveira Marconi, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. “Mas para atingir estas taxas, é fundamental que os doentes sejam diagnosticados e referenciados ao urologista precocemente”, reforça. Para tal, é necessário que haja sensibilização em relação a esta doença, razão pela qual 17 de junho passou a ser considerado o Dia Mundial do Cancro do Rim.

Vamos falar sobre emoções?

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O Dia Mundial do Cancro do Rim assinala-se todos os anos a 17 de junho, para chamar a atenção para esta patologia, alertando para os sintomas e divulgando informação sobre o tumor. Este ano, o desafio lançado à comunidade de doentes passou por partilharem como se sentem em termos emocionais. “Precisamos de falar sobre como nos sentimos” foi o mote proposto pela International Kidney Cancer Coalition (IKCC), tendo em conta que 96% dos doentes experimentam problemas psicossociais, mas apenas menos de metade falam sobre isso com a família, amigos ou profissionais de saúde, de acordo com os resultados de um estudo levado a cabo por aquela organização em 2018. E porque diversas investigações revelam que quem fala sobre as suas emoções geralmente se sente melhor, foi este o repto lançado este ano.

O que é o cancro do rim?

Segundo Lorenzo Oliveira Marconi, “o cancro do rim é uma doença na qual células tumorais malignas têm origem no rim”, que é o órgão responsável por filtrar o sangue e eliminar as suas toxinas através da urina.  Tal como o especialista explica num vídeo partilhado no site Cancro Online, estas células malignas têm a capacidade de proliferar e invadir tecidos saudáveis, acabando por também afetar outros órgãos através de metástases.

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Infografia: Joana Figueirôa

Considera-se fundamentalmente a existência de dois tipos de cancro do rim: o carcinoma de células renais (CCR), que se forma no parênquima renal (local do rim onde é produzida a urina) e é o mais frequente, atingindo cerca de nove em cada dez pessoas com tumor renal; e os carcinomas uroteliais, que têm origem no sistema coletor de urina e são menos comuns.

Quem é mais afetado e quais são os sintomas?

À semelhança do que se observa na maioria dos tumores, “os indivíduos mais afetados pelo cancro do rim são os adultos mais velhos, neste caso, entre os 60 e os 70 anos de idade”, com os homens a serem ligeiramente mais atingidos que as mulheres, já que “em cada três homens diagnosticados, são diagnosticadas duas mulheres com carcinoma de células renais”, informa o médico.

“os indivíduos mais afetados pelo cancro do rim são os adultos mais velhos, neste caso, entre os 60 e os 70 anos de idade”
Lorenzo Oliveira Marconi, médico urologista

“Estima-se que o cancro do rim seja o 6.º tipo de cancro mais comum no homem e o 9.º tipo de cancro mais comum na mulher”, especifica ainda, sublinhando que se tem “vindo a observar um crescimento no número de novos casos diagnosticados em cada ano que passa”.

“tem vindo a observar-se um crescimento no número de novos casos diagnosticados em cada ano que passa”
Lorenzo Oliveira Marconi, médico urologista

Quanto aos principais sintomas, noutro vídeo da websérie dedicada ao cancro do rim,  criada pela MSD Portugal e disponível na plataforma Cancro Online, Lorenzo Oliveira Marconi revela que “geralmente, o CCR manifesta-se sintomaticamente apenas quando os tumores estão numa fase bastante avançada”, o que faz com que a maioria dos doentes sejam atualmente diagnosticados quando ainda não apresentam sintomas: “Estes tumores são normalmente detetados de forma acidental, aquando da realização de exames para estudo de queixas relacionadas com outros problemas”, esclarece o também membro do Comité de Linhas de Orientação de Cancro do Rim da European Association of Urology em entrevista ao Observador Lab.

Infografia: Joana Figueirôa

No que diz respeito ao carcinoma urotelial, “as manifestações ocorrem mais precocemente e a presença de sangue na urina é o principal sintoma”, pelo que “este é um sinal extremamente importante que nunca se deve desvalorizar”, destaca. Podem estar também presentes outros sintomas, nomeadamente, dor e/ou alto no fundo das costas, inchaço das pernas ou tornozelos, tensão arterial elevada, cansaço, perda de apetite, emagrecimento sem causa conhecida, febre e anemia.

Infografia: Joana Figueirôa

Cuidado com o tabagismo

Para o aparecimento do CCR, “não estão definidos fatores de risco fortemente relacionados com o seu desenvolvimento”.

“no caso dos carcinomas uroteliais, existe uma forte associação entre o tabagismo e o desenvolvimento do cancro”
Lorenzo Oliveira Marconi, médico urologista

Porém, pensa-se que “possa existir alguma relação com o tabagismo, a obesidade e a hipertensão arterial”. Já “no caso dos carcinomas uroteliais, existe uma forte associação entre o tabagismo e o desenvolvimento do cancro”, estimando-se mesmo que “o tabagismo aumenta em sete vezes o risco de desenvolver este tipo de cancro do rim”.

“o tabagismo aumenta em sete vezes o risco de desenvolver este tipo de cancro do rim”. 
Lorenzo Oliveira Marconi, médico urologista

Desta forma, questionado sobre as melhores estratégias para prevenir o tumor renal, o urologista não hesita em frisar que “o contributo mais importante para a sua prevenção é a cessação tabágica”.

Outros fatores de risco que podem ser também considerados, de acordo com a informação disponível no site Cancro Online, incluem a ocupação laboral (sobretudo quando em causa está a exposição a determinadas substâncias, como o cádmio, alguns herbicidas ou solventes orgânicos, como o tricloroetileno); história familiar de cancro do rim (sendo que o risco é ainda maior se houver um irmão ou irmã com este tipo de cancro); doença renal avançada; género (o CCR é 1,5 vezes mais comum em homens do que em mulheres); raça (os indivíduos afroamericanos, hispânicos, americanos nativos e americanos asiáticos são mais propensos a ter doença renal); idade (ter mais de 60 anos aumenta o risco de ter cancro do rim); e a genética (algumas patologias podem estar associadas a uma maior incidência de cancro do rim).

Infografia: Joana Figueirôa

Como se diagnostica?

Para que o médico consiga fazer um diagnóstico correto do cancro do rim, identificando a sua localização, extensão e determinando o avanço da doença (o que em linguagem médica se designa por estadiamento), é realizada uma tomografia axial computorizada (TAC), um tipo especial de raio-X que obtém imagens detalhadas do tumor e órgãos. “Este exame consegue mostrar a presença de massas renais suspeitas de cancro e também determina se a doença está localizada ou se, pelo contrário, existem metástases à distância”, refere Lorenzo Oliveira Marconi, segundo o qual, “uma simples ecografia abdominal pode fazer o diagnóstico inicial de uma neoplasia renal”.

Outros tipos de exames que podem ser feitos incluem análises sanguíneas e urinárias, ressonância magnética nuclear (RMN), ultrassonografia, tomografia por emissão de positrões (PET), radiografia ao tórax (para avaliar se o cancro envolve os pulmões), cintilografia óssea (ajuda a avaliar se o cancro se espalhou para os ossos) e biópsia ao rim, em que um pequeno pedaço de tecido tumoral é retirado para análise em laboratório, para se confirmar o tipo de cancro.

Com base nas análises e exames de diagnóstico realizados, o médico procederá ao estadiamento do cancro do rim, determinando a sua gravidade e evolução. De acordo com informação partilhada na plataforma Cancro Online, a forma mais comum para o conseguir é através do sistema de estadiamento TNM, segundo o qual é descrito o tamanho do tumor (T – Tumor), percebe-se se o cancro se espalhou para nódulos linfáticos (N – Nódulos) e se avalia se o tumor progrediu para outras partes do corpo (M – Metástases). Com a definição do TNM, percebe-se em que estadio ou fase está a doença, variando entre zero (o estadio mais baixo) e IV (o mais alto).

Cancro da bexiga: a importância do diagnóstico

Tratamento depende da localização

Depois de reunir todas as informações relacionadas com o diagnóstico e estadiamento do cancro do rim, o especialista irá definir o plano terapêutico que mais se adequa à situação. Como realça Lorenzo Oliveira Marconi, “o tratamento varia substancialmente consoante a doença esteja localizada ou metastizada”, isto é, com proliferação para outros órgãos. A propósito dos tratamentos atualmente disponíveis, vale a pena assistir aos vídeos da websérie sobre cancro do rim, para se perceber com rigor as diferenças entre a forma de tratar o tumor localizado e o tumor metastizado.

– Doença localizada

Quando em causa está a doença localizada, o objetivo passa por aplicar tratamentos diretamente ao tumor, por exemplo, removendo-o cirurgicamente. Em relação a esta opção, Lorenzo Oliveira Marconi, que é também subespecializado em cirurgia minimamente invasiva e robótica uro-oncológica, pormenoriza que “o tratamento para um doente com tumor numa fase inicial consiste na excisão apenas do tumor, poupando o restante rim saudável”, referindo-se à intervenção conhecida por nefrectomia parcial. No caso de tumores de maiores dimensões, “deverá proceder-se a uma nefrectomia total, isto é, a remoção da totalidade do rim”. Atualmente, “estes procedimentos são realizados por métodos minimamente invasivos em centros especializados, com excelentes resultados”, salienta, chamando a atenção para o facto de assim ser possível “curar tumores renais cada vez mais complexos, de forma mais eficaz e menos dolorosa, permitindo poupar ao máximo o órgão”.

– Doença metastática

Quanto à doença mais grave e que afeta outros órgãos além do rim, “os tratamentos consistem na administração de medicamentos muito recentes que se baseiam na combinação de imunoterapia com terapêuticas moleculares dirigidas para combater o cancro do rim”. Esta terapêutica “utiliza o sistema imunitário do doente para combater as células cancerígenas no seu organismo” e constitui “uma verdadeira revolução no tratamento do cancro”, já que veio “aumentar substancialmente a sobrevivência e a qualidade de vida dos doentes com cancro do rim”. Mas apesar das incontestáveis vantagens trazidas por estas novas abordagens terapêuticas, o urologista constata que “infelizmente, em Portugal, existe um claro atraso na adoção destes novos medicamentos por falta da autorização de utilização dos mesmos pela autoridade reguladora nacional”.

“infelizmente, em Portugal, existe um claro atraso na adoção destes novos medicamentos por falta da autorização de utilização dos mesmos pela autoridade reguladora nacional”
Lorenzo Oliveira Marconi, médico urologista

Sendo certo que a inovação terapêutica é grande e as possibilidades de remissão, isto é, de a pessoa viver sem evidência da doença, são elevadas, o sucesso do tratamento vai depender sobretudo da precocidade do diagnóstico, razão por que se recomenda vigilância ativa e consulta de um especialista sempre que algum sintoma seja detetado.

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