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A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR
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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

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Conhecer leitores, apostar nas vendas e arriscar experiências: começou a Feira do Livro de Lisboa

Acompanhámos os últimos preparativos e estivemos nas horas de abertura da maior feira do livro de sempre para descobrir mudanças e conhecer os desejos dos editores e da organização.

Há um iglo logo à entrada do recinto e o intenso do branco é realçado pelo cinzento do céu. Está fresco, para um dia de agosto. Não é a primeira vez que esta tenda é montada no quadrante sul do Parque Eduardo VII, junto ao Marquês de Pombal, onde decorre a 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa. São dez e meia da manhã, ultimam-se os preparativos. A feira abre portas daqui a duas horas.

Dez e meia e já vários pavilhões têm a portada aberta. Algumas carrinhas ainda circulam nos dois grandes corredores ladeados de barracas, que vão quase até ao cimo do parque, coroado no alto com a imponente bandeira de Portugal, acompanhada pela escultura de João Cutileiro dedicada à Revolução dos Cravos.

No pavilhão da Livraria História Ultramarina, em baixo, à direita, consegue entrever-se o desenho da cara de Oscar Wilde na capa de um livro, o seu ar displicente a contrastar com o peso dos calhamaços de encadernação em capa dura, de vermelho cor de vinho, dispostos na prateleira de fundo. Na Adelaide Books Portugal, está pendurada uma sacola de pano em que a expressão “a cavalo dado não se olha a muda” tem as palavras “cavalo” e “muda” riscadas e trocadas por “livro” e “capa”.

A meio deste corredor da direita, aparece o primeiro grande espaço livreiro, com direito a 24 bancas, três palcos centrais, ornados por candeeiros de vime, para tornarem os espaços mais acolhedores. É o espaço da Penguin Random House Portugal, que alberga chancelas como a Alfaguara, a Companhia das Letras, a Cavalo de Ferro ou a Objectiva.

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A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

A edição deste ano é a maior de sempre: 140 participantes, 340 expositores, 2.100 eventos programados

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“Em termos de saúde financeira, acho que a feira é mais importante para as editoras pequenas”, refere a diretora editorial da Penguin Random House em Portugal, Clara Capitão. “Num grupo grande, representa uma parcela muito pequenina das vendas anuais.” A importância da presença de um grupo como o da Penguin, diz, reside no contacto com o público. “Primeiro, vermos como é que os leitores reagem aos nossos livros. Os leitores acabam também por nos dar ideias, fazer-nos perguntas, pôr-nos a reconsiderar ou reformular decisões que já tínhamos tomado”, explica. “É também importante para promover um encontro massivo do público com os autores.”

A diretora editorial da Penguin partilha ainda as novidades em termos de lançamentos, agora na rentrée:  novos livros de João Tordo e Afonso Cruz, livro com letras de músicas de Caetano Veloso (que acabou de fazer 80 anos) ou o primeiro livro de prosa de Hilda Hilst. A pressão de publicação, motivada por uma lógica de mercado que se rege cada vez mais pela quantidade, é uma questão ambígua para Clara Capitão. “É um assunto sobre o qual eu própria tenho opiniões um pouco contraditórias. Para os nossos níveis de leitura, publica-se claramente muitos livros”, advoga. “Não há, de facto, volume de leitura que absorva o volume de publicação que o país tem atualmente. Por outro lado, a diversidade não deve ser sacrificada. O mundo está efervescente e estão a constituir-se novas tipologias de leitores.”

Uma dessas tipologias decorre de fenómenos tiktokianos, em que influencers sugerem um livro na sua página e catapultam o volume de vendas. “É um sinal positivo de que estamos a construir novos leitores. Estamos a atrair pessoas que não liam.” É o caso do livro Isto Acaba Aqui, da norte-americana Colleen Hoover, da chancela Top Seller. Esta autora era publicada há 10 anos, com vendas muito modestas, e no ano passado explodiu.”

Se os grandes grupos editoriais têm na feira uma oportunidade de contacto privilegiado com os leitores, para as editoras mais pequenas as próximas semanas são muito importantes para as vendas, com uma afluência de público pouco habitual.

“Incontornável” é também a existência de prateleiras dedicadas a Putin, explica Clara Capitão. Um pouco acima, à direita, destaca-se uma bandeira da Ucrânia pendurada no interior de um pavilhão. A organização da feira, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), disponibilizou esta tenda à Embaixada da Ucrânia em Portugal, como forma de demonstrar o seu apoio ao país invadido pela Rússia, releva Oleksandra Bezsmertna, segunda secretária da embaixada. “Esta é uma oportunidade enorme para as editoras ucranianas e vendedores de livros.”

O género fantástico e de ficção científica tem uma grande aceitação na Ucrânia. Kseniia Tomasheva é uma ucraniana a viver há 10 anos em Portugal e está a ajudar com o conteúdo do escaparate. Ela própria escritora, autora do livro de 2016 intitulado Quando a Chama Estava Morta, em ucraniano, e que discorre sobre os momentos históricos mais importantes do país desde que trava esta guerra contra a Rússia, que os invadiu em 2014, Kseniia Tomasheva faz parte de um coletivo de escritores, o LITavytsia Creative Assembly.

“Temos aqui muitos livros que representam a Ucrânia, que falam acerca do que é a Ucrânia, a sua História, a sua cultura, o que se tem andado a passar desde 2014, de como a Ucrânia tem andado a lutar pela sua liberdade”, explica Tomasheva. “Não lutamos apenas desde 24 de Fevereiro deste ano, lutamos desde 2014, ano em que todo este conflito começou.”

Kseniia Tomasheva salienta que é importante não esquecer a dimensão cultural do país numa altura como a que vivemos e que esta tenda pretende dar a conhecer a literatura ucraniana. Esta jovem destaca o livro The Cool History of Ukraine, em ucraniano, da autoria de Inna Kovalyshena, que vai contar – talvez ainda este ano – com uma edição em inglês. Dirigido a crianças, o livro relata os vários episódios da História recente da Ucrânia e a edição inglesa vai já incluir a guerra que está a ser travada este ano.

A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Clara Capitão, da Penguin Random House; Pedro Sobral, presidente da APEL; Oleksandra Bezsmertna e Kseniia Tomasheva, no espaço da Ucrânia

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“Os editores ucranianos estão numa posição difícil, porque muitas tipografias foram bombardeadas”, conta Kseniia Tomasheva. “Não foi fácil trazer estes livros que aqui estão”, diz, apontando para a colecção de ficção científica e fantástico. “A coleção dos contos foi impressa numa tipografia a que não tivemos acesso durante meio ano. Finalmente, conseguimos trazê-la para Kyiv. Mudámos entretanto para uma tipografia em Kyiv, tornou-se mais fácil. Mas tinha estes livros todos espalhados pela Ucrânia, cinco livros neste sítio, seis livros naquele. Assim que soube da feira, fui tratar da logística para os reunir.”

A Leya é outro dos grandes grupos editoriais a ocupar lugar de destaque na Feira do Livro de Lisboa. Tem 14 pavilhões, organizados em 42 módulos, para acolher as suas chancelas, como a Caminho, a Teorema, a D. Quixote ou a Asa. “A Praça Leya é, no fundo, uma livraria ao ar livre”, ressalva Luís Saraiva, diretor dos novos negócios do grupo, responsável pelo espaço no evento. “Temos a praça organizada de forma descendente, da parte de cima os autores lusófonos, a ficção universal, o ensaio, e depois começamos a entrar na não-ficção, apoio escolar e infanto-juvenil.” O responsável aponta ainda para a campanha Leya 4 Pague 3, que engloba todos os livros publicados há mais de 24 meses.

Passam já onze horas e Ábia Dias, Francisca Delgado e Rita Campiã estão a montar e a alinhar as cadeiras do Auditório Nascente, que fica ao cimo deste corredor da direita. “O que esta edição tem de diferente às anteriores é a liberdade, já não há as limitações da Covid-19”, refere Ábia Dias, elemento do staff da produção do evento, pelo terceiro ano consecutivo. Mas há ainda algumas preocupações a ter, salienta, como a existência de dispositivos de álcool gel, a desinfeção periódica das superfícies e a organização espacial das diferentes zonas, como é o caso do distanciamento entre as cadeiras dos auditórios.

“Temos aqui muitos livros que representam a Ucrânia, que falam acerca do que é a Ucrânia, a sua História, a sua cultura, o que se tem andado a passar desde 2014, de como a Ucrânia tem andado a lutar pela sua liberdade”, explica Kseniia Tomasheva. “Não lutamos apenas desde 24 de Fevereiro deste ano, lutamos desde 2014, ano em que todo este conflito começou.”

Algumas pessoas já passeiam pela feira, um homem na casa dos 30 está a fazer jogging. Na plataforma que une ao cimo os dois grandes corredores empedrados do parque, estão já acesas as lâmpadas que iluminam o espaço da esplanada, sob o toldo, que tem vista para toda a feira. Além dos vários comes e bebes espalhados pelo recinto, este é o ponto central, panorâmico. O ambiente, o céu está ainda carregado, podia ser o de uma feira a decorrer numa cidade alemã, ao final do dia.

Esta é também a edição mais magnânima de sempre da feira, não só pelo número de pavilhões, 340, mas também porque as estruturas foram construídas de raiz. O que explica porque é que, apesar de já terem passado os dois anos de pandemia, esta edição viu ainda as suas datas tradicionais de finais de maio, inícios de Junho, serem adiadas de novo para finais de Agosto, inícios de Setembro.

Também no espaço da Leya está o diretor geral do grupo, Pedro Sobral, que é presentemente também o presidente da APEL. Está a gravar um vídeo através do telemóvel. “Estava a ver como isto ficou, temos aqui muitas novidades”, explica. “O pavilhão de novas tecnologias, por exemplo. A Leya lançou uma nova plataforma de streaming de conteúdos digitais, como temos também as plataformas de educação, presentes nas escolas, e é importante trazê-las para a feira.”

Enquanto presidente da APEL, Pedro Sobral fala em mudança de paradigma, para explicar a especificidade desta edição da Feira do Livro de Lisboa. “A feira tornou-se finalmente sustentável: todos os equipamentos são feitos de materiais recicláveis, diminuímos o número de camiões TIR a entrar e a sair da cidade de 80 para 25, os tempos de montagens limitaram-se a três semanas, o material sobrante diminuiu em 95%.”

A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os espaços da The Poets and Dragons Society (Dinis e Elisabete Machado), da Porto Editora (Joana Branco) e da Ponto de Fuga (com Vladimiro Nunes à esquerda)

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Pedro Sobral ressalva que esta mudança de paradigma não era algo fácil de implementar, devido à dimensão logística do evento, mas, e uma vez que o tempo de vida útil dos antigos equipamentos estava a chegar ao fim, optou-se por avançar com estas alterações já este ano, fruto de um trabalho de dois anos. O que explica, a par da inflação de preços dos materiais, que esta edição decorra ainda nesta data. Para o ano, regressa-se a maio/ junho.

É a maior feira do livro de sempre: 140 participantes, 340 expositores, 2.100 eventos programados. “É preciso lembrar que esta feira de Lisboa é, acima de tudo, um acontecimento cultural”, considera Pedro Sobral. “Obviamente que é importante vender livros, é importante o tipo de livros vendidos – a maior parte dos editores vendem livros que estão fora das livrarias –, é uma excelente oportunidade para muitos leitores. Mas é também uma experiência extraordinária para quem tem medo de ler.”

Segundo um estudo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa para a Fundação Calouste Gulbenkian, em 2020 61% dos portugueses não leram sequer um livro. “Podíamos olhar para estes 61% e voltar a chorar ou, então, ver aqui uma oportunidade”, refere Pedro Sobral. “Há sinais de otimismo. No ano passado, vi muita gente nova nesta feira. Vi muita gente nova predisposta a ouvir.”

“Muitas vezes olhamos para o livro como mais um meio de entretenimento, como ver televisão ou jogar um jogo. Não é. É a leitura que nos permite trabalhar a ferramenta mais importante que temos que é a ferramenta da comunicação", diz-nos Pedro Sobral, presidente da APEL.

O presidente da APEL e do grupo Leya assume a relação, mesmo que indireta, que existe entre estes níveis de leitura em Portugal e o poder de compra dos portugueses. “Se olharmos para os países com os maiores índices de leitura, vemos que são países desenvolvidos, são países com uma cultura democrática e de estado de direito muito evoluídos”, defende Pedro Sobral. “Muitas vezes olhamos para o livro como mais um meio de entretenimento, como ver televisão ou jogar um jogo. Não é. É a leitura que nos permite trabalhar a ferramenta mais importante que temos que é a ferramenta da comunicação.”

Já no corredor da esquerda de quem sobre, situa-se o terceiro grande espaço livreiro do evento, o do grupo Porto Editora. Para esta edição, convidaram a ilustradora Ana Aragão para desenhar vários imaginários literários, entretanto impressos em vinil e colados na traseira dos vários expositores, que podem ser vistos ao perto, mais ao pormenor, ou ao longe, enquanto conjunto. Estão lá representados Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, referências a A Viagem do Elefante ou Memorial do Convento, ambos do Nobel da Literatura português José Saramago.

“Esta será a maior feira e a nossa presença é também mais expressiva”, conta Joana Branco, assessora de comunicação da Porto Editora. “Este ano, temos uma área que ocupa 1.250 metros quadrados. Estamos a falar de 30 pavilhões, estamos a falar de uma área que vai acolher mais de 120 eventos e mais de 100 autores ao longo destas três semanas.” Pela primeira vez, o evento infantil Hora do Conto tem tradução simultânea em língua gestual portuguesa. “Temos outros eventos infantis, lançamentos, show cookings, tertúlias, conversas, vinda de autores estrangeiros, como a [espanhola] Rosa Montero ou a [britânica] Cara Hunter.”

É agora meio-dia e meia, hora de abertura da feira, e são dezenas as pessoas que já se passeiam pelas duas faixas do evento. O sol já descobriu, o céu está limpo e faz calor. “Eu não te disse que isto ia abrir?”, diz um transeunte para a mulher que o acompanha.

A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR A 92ª edição da Feira do Livro de Lisboa, inícia este ano a 25 de Agosto e ocorrerá até 11 de Setembro, no Parque Eduardo XII. 25 de Agosto de 2022 Parque Eduardo XII, LIsboa TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

No próximo ano, o Parque Eduardo VII volta a acolher a Feira do Livro de Lisboa na época tradicional, entre maio e junho

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Se a feira é a feira dos grandes espaços editoriais, é-o também das pequenas editoras, para quem o evento é fundamental também para saldar o ano financeiro. É o caso da Ponto de Fuga, fundada em 2014, que tem a chancela Pim! Edições. “A montagem está um bocadinho atrasada: a ativação da internet, a colocação de preços. Estamos a fazê-lo agora”, explica o editor, Vladimiro Nunes. Ainda não sabe qual vai ser o Livro do Dia, tem de confirmar no ficheiro. “O nosso critério de edição é um bocadinho generalista”, diz Vladimiro Nunes, que já foi jornalista. “O critério é: ‘nós gostamos’. Acho que a edição tem muito a ver com isso. É uma forma de curadoria, chamemos-lhe assim.”

Uma mulher estrangeira pergunta pelo preço do livro Contos Completos, de Beatrix Potter. Outro livro que se destaca nos escaparates da Ponto de Fuga é Mais Pesado do que o Céu – A Biografia Definitiva de Kurt Cobain, da autoria de Charles R. Cross. “A presença numa feira como esta é fundamental. Há todo um trabalho que às vezes é um bocadinho alienante – o de traduzir, de rever, de escolher originais”, vinca Vladimiro Nunes. “E aqui podemos falar diretamente com as pessoas, receber feedback. Além de que temos a enorme vantagem de estarmos a fazer vendas diretas. São livros que sabemos que vendemos, que ninguém no-los vai devolver, que não voltam estragados – é toda uma série de problemas que a cadeia coloca que deixa de existir.”

Outra pequena editora, que nasceu e cresceu graças ao contexto pandémico, é a The Poets and Dragons Society. Os editores são o casal Dinis e Elisabete Machado. Ele era advogado e deixou a profissão devido ao crescimento da editora. Ela é professora de Inglês. “Focamo-nos muito na literatura infantil. O nosso objetivo é formar novos leitores”, contextualiza Dinis Machado, que é também poeta. “Centramo-nos muito na formação da leitura da criança, mesmo antes de a criança aprender a ler e a escrever. Temos livros vocacionados para a leitura emergente, para a criança relacionar a palavra com a imagem.” Alguns dos livros, tanto de leitura emergente como fluente, são em inglês. Dedicam ainda uma vertente da editora à poesia.

“No ano passado, foi a nossa primeira participação na feira como stand autónomo e ninguém sabia que vendíamos livros em inglês. Há muitos estrangeiros a viver em Portugal, muitos portugueses que querem cultivar o inglês junto dos seus filhos. O nosso público multiplicou-se de forma exponencial", diz Dinis Machado, da The Poets and Dragons Society.

“Apostámos este ano nos livros com QR Code. São audiobooks, em que as crianças acompanham o que está escrito e há um pequeno som a avisar para virarem as páginas”, explica Elisabete Machado. “No ano passado, foi a nossa primeira participação na feira como stand autónomo e ninguém sabia que vendíamos livros em inglês”, complementa Dinis Machado. “Há muitos estrangeiros a viver em Portugal, muitos portugueses que querem cultivar o inglês junto dos seus filhos. E descobriram-nos. O nosso público multiplicou-se de forma exponencial.”

Aos sábados, abrem por marcação a livraria que têm na Costa da Caparica. Dizem ter clientes a descolar-se de Coimbra, de Torres Vedras, de Loures, do Algarve. “Funcionamos só por marcação. Isto porque temos um atendimento muito personalizado”, diz o ex-advogado. “Em regra, o professor, o pai, o educador, que vai à loja, quer aconselhamento.” Um dos livros de maior sucesso é Bruxa, Bruxa, Vem À Minha Festa, de Arden Druce e ilustrações de Pat Ludlow. Vão editar agora o original, em inglês.

“Quando os educadores foram para casa, de repente deixaram de ter material. E nós tínhamos todo esse material”, justifica Dinis Machado, que diz contarem já com dez colaboradores. “E aí o negócio, que era uma brincadeira, a livraria era um prazer pessoal nosso, tornou-se num negócio à séria.”

A Feira do Livro de Lisboa está no Parque Eduardo VII até dia 11 de setembro. De segunda a quinta-feira das 12h30 às 22h00; à sexta até às 00h; sábados das 11h às 00h; aos domingos das 11h às 22h

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