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De prisioneiro de guerra a candidato presidencial. Cinco momentos decisivos na vida de John McCain

Na última batalha, o alvo foi Trump, de quem se afastou após ouvir "grab them by the pussy". Prisioneiro no Vietname, símbolo republicano, John McCain morreu este domingo. Eis 5 momentos decisivos.

Punk e McNasty no colégio interno

Talvez não seja um acaso que uma das primeiras memórias de John McCain seja uma memória de guerra. O  político norte-americano tinha cinco anos quando os japoneses bombardearam Pearl Harbor e McCain ainda se recorda disso: “Foi uma das minhas primeiras memórias”, contou no livro “Faith of My Fathers”, escrito pelo antigo candidato à presidência dos Estados Unidos em conjunto com o autor dos seus discursos e membro do seu staff ao longo de três décadas, Mark Salter.

O pai de McCain, John Sidney McCain Jr. (por sua vez, filho de John S. McCain Sr.), foi um dos mais reputados almirantes da Marinha norte-americana, chegando a ser nomeado comandante das forças navais do Pacífico no Vietname. No entanto, a sua missão fez dele um pai ausente: o filho relata tê-lo visto “muito poucas vezes”, ao longo de quatro anos.

Além disso, devido às viagens e missões do pai, a família McCain estava sempre em trânsito e John viu-se forçado a mudar regularmente de escola (passou por mais de duas dezenas) e a ter períodos de aulas em casa com a mãe.

"A sua personalidade magnética fê-lo ganhar muitos amigos para a vida mas, como os ímans também repelem, alguns acharam difícil dar-se com ele", disseram alguns colegas do colégio que frequentou

Só aos 16 anos, cerca de dez anos depois dessa memória de Pearl Harbor, McCain fixou-se em definitivo num colégio interno da igreja Episcopal nos subúrbios de Washington D.C. Reservado a rapazes, todos eles brancos e de classe alta, o colégio privado acolheu-o numa fase de que o antigo candidato presidencial não se orgulha, mas que nunca teve pruridos em assumir ou comentar. O à vontade com que assumia erros e incoerências ou ignorância relativamente a assuntos que não dominava era, aliás, um traço muito característico, que poucos repórteres ou biógrafos que escreveram sobre ele ignoraram, mas que fazia parte da aura de patriota.

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A faceta que McCain mostrou no colégio interno foi a de adolescente agressivo, o que lhe valeu alcunhas como “Punk” e “McNasty”. Os arquivos do colégio ainda guardam as descrições dos alunos que por lá passaram. Sobre McCain escreveram: “A sua personalidade magnética fê-lo ganhar muitos amigos para a vida mas, como os ímans também repelem, alguns acharam difícil dar-se com ele”.

O próprio McCain, numa visita que fez à sua antiga escola em 2008, recordou esses tempos. Citado pela ABC News, mostrou-se “feliz” por estar de volta a um local que lhe evocava “muitas memórias felizes”.  “Mas também algumas que, estou certo, alguns professores, a direção da escola e eu próprio preferiríamos esquecer”.

No colégio, McCain passou pela equipa de futebol americano (apesar da pequena estatura), pelo wrestling (luta livre) e por um clube descrito nos tais registos dos alunos como “o tipo de clube de fumadores que qualquer escola se orgulharia de ter”. Tudo isso, apontou, fortaleceu-lhe o caráter. Quando chegou à escola, recordou, era “um rapaz muito indisciplinado”. “Fui sempre o miúdo novo na escola e desde cedo me habituei a provar, em cada escola a que chegava, que não era alguém que pudessem desafiar de forma leviana”, assumiu, acrescentando: “Respondia de forma agressiva, e às vezes irresponsável, a todos aqueles que sentisse que punham em causa a minha noção de honra e respeito próprio. Isso trouxe-me uma boa dose de problemas na fase inicial da minha vida”.

Dizer que as notas não eram as melhores é eufemismo: John McCain foi o quinto pior aluno do seu ano, em 1958. A culpa era das festas, do tempo dedicado ao wrestling, do clube de fumadores onde o álcool era habitual, segundo relatos de alguns amigos e fotografias de época. O próprio McCain recordou, certa vez, que foi visitar os pais de uma namorada tão alcoolizado que a sua “entrada pouco ortodoxa” deve “ter aumentado as suspeitas” dos pais da rapariga. “Um quarto de hora depois, passada já a hospitalidade, o pai dela agradeceu-me de forma brusca por os ter ido visitar e desejou-me uma boa viagem para casa”.

A coragem no Vietname (e um arrependimento para a vida)

Os acontecimentos, naturalmente, conhecem-se sobretudo através do relato de John McCain. Afinal, foi ele que foi feito prisioneiro de guerra no Vietname, foi ele que passou cinco anos e meio numa prisão em Hanoi, foi ele que resistiu a torturas que lhe deixaram mazelas para toda a vida. Nunca mais conseguiu levantar os braços acima da cabeça, por exemplo.

Em outubro de 1967, John McCain, já aviador naval da Marinha, pilotava um avião A-4 Skyhawk na sua 23ª missão de combate no Vietname. A missão, que tinha como finalidade o bombardeamento de Hanoi, não chegaria ao fim: um míssil terra-ar norte-vietnamita arrancou-lhe a asa direita do avião. McCain teve de se ejetar abruptamente do aparelho, já com os braços e uma perna partidos devido à explosão do míssil. O paraquedas abriu tarde demais e McCainn caiu com estrondo num pequeno lago de um parque no centro de Hanoi, juntando aos braços e à perna partidos uma fratura no joelho.

Após a queda, militares norte-vietnamitas dirigiram-se a McCain, prontos para o matar. Foi, é claro, agredido: espetaram-lhe uma baioneta na virilha, partiram-lhe um ombro, mas acabaram por levá-lo para a prisão de Hanoi mais utilizada durante a guerra, a prisão Hoa Lo, onde o deixaram uma semana, a implorar por assistência médica. Dizer que passado esse tempo lhe foram prestados cuidados de saúde talvez seja exagerado: ajustaram-lhe e alinharam alguns dos ossos partidos (ainda que sem anestesia), deixaram outras fraturas como estavam — para impedir que resistisse e evitar tentativas de fuga — e atiraram-no para uma cela.

John McCain em 2017, numa altura em que já lutava contra o cancro. (Alex Wong/Getty Images)

As práticas de tortura foram diversas. Foi, por exemplo, esfaqueado em diferentes regiões do corpo e passou semanas em delírio, à fome e convencido de que não iria sobreviver. Acontece que sobreviveu e, passado alguns meses, foi levado ao posto de comando do exército vietnamita em Hanoi, onde lhe terá sido oferecida a libertação. A oferta foi motivada pelo peso do pai de McCain na Marinha norte-americana, seja porque os norte-vietnamitas tinham medo de uma retaliação, seja porque tinham vontade de envenenar a opinião pública americana, semeando a dúvida sobre uma vitória no Vietname. O último cenário não é assim tão descabido. Afinal, sugeriu Walter Kronkite anos mais tarde, foram as notícias dos media que fizeram os Estados Unidos da América perder a guerra do Vietname. A partir do momento em que ninguém a compreendeu, as possibilidades de vitória esfumaram-se.

McCain, ainda num miserável estado de saúde, recusou a libertação. O código de conduta do exército norte-americano para prisioneiros de guerra, a que McCain estava obrigado a cumprir por juramento, não lhe permitia aceitar a oferta havendo conterrâneos seus detidos há mais tempo no mesmo local. À recusa, seguiu-se uma resposta violenta: agressões, costelas partidas, braço novamente partido e menos uns dentes.

"Senti-me envergonhado e senti-me sem fé, incapaz de controlar o meu desespero", quando foi libertado, depois de quatro anos de cativeiro no Vietname.

Quando recusou ser libertado, McCain estava há perto de um ano na prisão de Hanoi. Acabou por ter de ficar mais quatro anos preso. Acresce aqui uma informação importante: quando McCain caiu em solo vietnamita, tinha uma mulher e uma filha com um ano à sua espera nos Estados Unidos da América. O extenso relato de McCain sobre o seu tempo no Vietname pode ser lido aqui.

O regresso aos Estados Unidos e o adultério assumido

A libertação deu-se de um modo que surpreende John McCain até hoje. O próprio McCain disse-o numerosas vezes. Para sair de Hanoi, cinco anos e meio depois de ter sido feito prisioneiro de guerra, McCain teve de assinar uma declaração na qual confessava ser um criminoso de guerra. “Senti-me envergonhado e senti-me sem fé, incapaz de controlar o meu desespero. Uma noite, já em solo norte-americano, ou ouvi-me ou sonhei ter-me ouvido confessar [crimes de guerra] num altifalante, agradecendo aos vietnamitas do norte o tratamento médico que não merecia ter recebido”, disse, citado pela revista New Yorker que, num perfil seu o apelidou, entre outras coisas, de “a figura mais literária da vida pública” do país.

O jornalista e escritor Michael Lewis, que privou com McCain, escreveu que “um dos traços que o staff” do antigo piloto e político considerava mais problemáticos em McCain era “a tendência para recordar aos jornalistas apenas os seus momentos mais atormentados e errados“. “Perguntem-lhe sobre o Vietname e ele vai falar-vos de quando roubou uma toalha do tipo da cela ao lado”, disse.

Getty Images for WS Productions

Foi já em solo norte-americano que McCain revelou ter tentado o suicídio por duas vezes. Até agora, foi a única figura política de relevo do país a tê-lo confessado publicamente. Mas foi também em solo norte-americano, logo depois do regresso, que McCain — que repetia reiteradamente “não ser um herói” em contactos públicos com outros militares e com jornalistas — cometeu o que disse ser um dos seus maiores pecados em vida: o adultério.

"Vivi uma vida com muitas, muitas falhas. Acho que as pessoas não pensariam tão bem de mim se soubessem mais sobre esse meu lado", disse em 2010, já candidato às primárias do Partido Republicano.

A primeira mulher de McCann, Carol Shepp, que era uma modelo divorciada e com dois filhos quando casou com McCain, nunca teceu comentários públicos muito claros sobre o assunto. Disse apenas que McCain passou a ser “um homem nos seus 40’s a comportar-se como se tivesse 25 anos novamente”. O casamento, que resultou em três filhos, dois dos quais adotados, não resistiu e McCain assumiu os erros: “Vivi uma vida com muitas, muitas falhas. Acho que as pessoas não pensariam tão bem de mim se soubessem mais sobre esse meu lado”, disse em 2010, já candidato às primárias do Partido Republicano, em declarações à revista New Yorker.

Campanha presidencial

John McCain reformou-se de vez da Marinha dia 1 de abril de 1981, com a patente de capitão. As suas capacidades físicas estavam diminuídas pela tortura sofrida no Vietname e o antigo aviador entendia que poderia ser mais útil ao país como político. Uma experiência anterior a trabalhar no Senado e um currículo de herói de guerra, que Trump questionaria mais tarde de forma polémica, deu-lhe confiança para avançar.

Depois de concorrer às primárias do Partido Republicano no ano 2000, numa campanha que perdeu mas na qual foi elogiado pela sua postura nada agressiva, John McCain não desistiu. Durante alguns meses, especulou-se na imprensa norte-americano que, depois de George W. Bush ser eleito presidente dos Estados Unidos da América para um primeiro mandato, McCain poderia desafiar e derrotar o Presidente na eleição seguinte, agendada para 2004. O ataque às Torres Gémeas, no atentado do 11 de setembro de 2001, contudo, deu força a Bush. E McCain esperou o seu momento.

Não esperaria muito mais. Quando George W. Bush terminou o segundo mandato e saiu de cena, John McCain chegou-se à frente, em 2008. Era o tempo dele. Acabou por conseguir a nomeação do Partido Republicano e enfrentou Barack Obama.

John McCain em 2016 (PEDRO PARDO/AFP/Getty Images)

O resultado é amplamente conhecido — Barack Obama tornou-se presidente dos Estados Unidos da América com 53% dos votos, numa votação renhida, e só saiu do cargo em 2016, para dar lugar a Donald Trump. Ainda assim, John McCain, que ganhou a alcunha de “Maverick” (dissidente ou rebelde) pela quantidade de vezes que se opôs ao seu partido, foi um concorrente digno. Houve, claro, momentos que não reuniram consenso. A escolha da polémica Sarah Palin para vice-presidente, para alguns media liberais, não foi apenas infeliz, representou uma cedência a um populismo em crescendo no partido, que culminaria na candidatura e posterior vitória de “The Donald” nas eleições presidenciais de 2016. Isto apesar de McCain ter sido o primeiro republicano e o segundo candidato presidencial da história do país a escolher uma vice-presidente mulher.

"Não, senhora. É um tipo decente e de família, um cidadão, com quem, por acaso, discordo em assuntos fundamentais", respondeu a uma apoiante, que criticava Obama por "ser árabe".

A campanha foi menos agressiva e truculenta do que a que opôs, recentemente, Donald Trump a Hillary Clinton. Apesar de ter “aquecido” na ponta final, não faltaram momentos ainda hoje recordados como dignificadores da discussão política. Um deles aconteceu num comício em Minnesota, quando uma apoiante de McCain, Gayle Quinnel, 75 anos, disse-lhe que não confiava em Obama por ele ser “um árabe”. McCain respondeu: “Não, senhora. É um tipo decente e de família, um cidadão, com quem, por acaso, discordo em assuntos fundamentais”. Um momento que ajudou a construir a imagem que tinha, de ser quase uma consciência cívica da América, para a qual o bom senso se sobrepunha sempre a qualquer combate político. O fairplay de McCain em relação ao adversário haveria de ser evidente, de novo, durante um tradicional jantar de angariação de fundos, em que os dois candidatos discursaram — e no qual era suposto que usassem o humor para falar um do outro, numa espécie de roast — e John McCain reagiu com várias gargalhadas às piadas, às vezes duras, de Barack Obama sobre ele.

Outro momento de que John McCain se arrepende, na sua atividade política, foi o apoio à Guerra do Iraque. McCain foi sempre um conservador nos costumes, um liberal na economia e um intervencionista nas políticas de Defesa, mas veio a dizer mais tarde que a guerra no Iraque “não pode ser considerada outra coisa que não um erro, muito sério, do qual tenho de aceitar a minha quota parte de culpa”, devido ao apoio que deu. Também as acusações de corrupção e de ter protegido o banqueiro Charles H. Keating, Jr. foram uma mancha no currículo. As suspeitas (sobre ele e outros quatro senadores do Partido Democrata, num caso que ganhou o nome “Keating Five”) revelaram-se totalmente infundadas no seu caso, tendo-se até levantado a possibilidade de não ter sido ilibado mais cedo para que os envolvidos não fossem apenas senadores do partido democrata. Ainda assim, da amizade com Keating, McCain nunca se perdoou. Afinal, foi por causa dela que recaíram sobre si suspeitas capazes de manchar a imagem de reserva moral que gostava de cultivar.

Na última batalha, Trump foi o inimigo

Quando Donald Trump disse que John McCain não era nenhum herói de guerra porque preferia “quem não se deixa capturar”, a frase caiu como uma bomba na sociedade norte-americana. Barack Obama, por exemplo, defendeu McCain sem pestanejar, como muitas outras figuras do partido democrata e do partido republicano. O mais impressionante? Trump disse-o quando ainda era candidato presidencial, não perdeu as eleições por o ter dito e McCain não deixou de o apoiar por isso.

A cisão veio depois, quando chegaram a público gravações de conversas privadas de Donald Trump consideradas sexistas e misóginas. Em particular devido à frase — ou estratégia de engate — aí afirmada pelo atual presidente dos EUA: “Grab them by the pussy”. McCain deu um passo atrás. Disse que “tinha filhas” e que não podia apoiar mais Donald Trump. Desde então, foi um dos seus oponentes mais veementes, em especial no seio do partido republicano.

McCain morreu hoje, depois de ter parado os tratamentos contra o cancro (Drew Angerer/Getty Images)

Um outro assunto que afastou os dois políticos foi a polémica declaração de Donald Trump sobre métodos de obtenção de informações ou confissões, quando afirmou aos microfones estar disposto a torturar criminosos. McCain discordou, referindo que – por experiência própria – sabia bem como a tortura pode resultar em “confissões falsas”. Nas últimas horas, depois de se saber que tinha abdicado de lutar contra o cancro cerebral, suspendendo os tratamentos e estando numa condição de saúde “muito séria”, surgiram notícias vindas de fontes próximas do político e antigo capitão da marinha sobre um possível veto a Donald Trump na lista de convidados para o funeral. Enquanto outras figuras da política norte-americana foram enviando mensagens, lamentando o estado de saúde de McCain e desejando que vencesse o cancro, de Trump não se ouviu uma palavra.

Não restou muito tempo. Um dia depois da notícia de que a morte do senador estaria “iminente”, John McCain morreu, aos 81 anos.

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