Dia de debate presidencial é sempre um acontecimento no Brasil. E houve muitos dias desses, na primeira e na segunda volta das eleições que se decidem este domingo. Os dois candidatos enfrentaram-se pela última vez em frente às câmaras na noite desta sexta-feira e o momento foi vivido de forma muito diferente entre os apoiantes de Jair Bolsonaro e Lula da Silva em Brasília.
Os primeiros, num grupo constituído apenas por evangélicos, juntaram-se em frente ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto para orarem a Deus “para que Bolsonaro continue a ser o presidente do Brasil”, disse ao Observador uma das pessoas ali presentes, na primeira fila.
Com os pastores em cima de um camião cheio de colunas de som e ecrãs gigantes, pregavam ali a palavra de Deus e todas as orações e músicas apelavam a que o “salvador do país”, referindo-se a Jair Bolsonaro, fosse reeleito. Sempre com um mote: “Impedir que o Brasil volte a ser o buraco de país que era”. Enquanto isso, crentes com bíblias numa mão e bandeiras do Brasil na outra rezavam bem alto.
O debate começou às 22h00 (horas locais) e exatamente a essa hora o culto terminou, dispersando a concentração.
Do outro lado da cidade, a festa começava
Numa zona de muitos restaurantes, bares e esplanadas da cidade, apoiantes de Lula da Silva juntavam-se, sentados em cadeiras, no chão ou em pé, para assistir ao debate, em silêncio e com bastante atenção ao que os dois candidatos diziam.
Antes disso, já dezenas de apoiantes tinham estado nas principais avenidas da cidade. Posicionados junto às passadeiras, assim que o semáforo ficava vermelho avançavam para o meio da via, a cantar e a agitar bandeiras.
As reações durante o debate eram as mais previsíveis: felicidade de cada vez que Lula da Silva dizia alguma coisa do seu agrado; insultos e assobios a Jair Bolsonaro de cada vez que o candidato dizia alguma mentira, na sua opinião. Ao mesmo tempo, iam chegando às mesas espetadas de carne e garrafas de cerveja. Nos intervalos, um conjunto de três músicos animava a praça.
O debate terminou e só aí é que arredaram pé, grande parte deles para outra festa.