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Klopp e Pochettino, os dois treinadores da moda que são parecidos até no que os separa

Um é loiro, outro é moreno. Um é alemão, o outro é latino. Um marca uma era no Tottenham, outro colocou o Liverpool onde já esteve. Os perfis de Klopp e Pochettino, os técnicos da moda e da Champions.

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Mauricio Pochettino e Jürgen Klopp são totalmente diferentes. Um é moreno, o outro é loiro. Um é latino, o outro é alemão. Um jogou na Argentina, em Espanha e em França, o outro só jogou na Alemanha. Um treina uma equipa de Londres, o outro treina uma equipa de Liverpool. As diferenças são muitas – mas os pontos de contacto não escasseiam.

Argentino e alemão encontram-se este sábado no Wanda Metropolitano, um pelo Tottenham e o outro pelo Liverpool, para decidirem o vencedor da Liga dos Campeões e do derradeiro troféu da temporada. Pochettino levou os spurs onde estes nunca tinham ido, Klopp ofereceu aos reds a segunda final da Champions consecutiva, mas a verdade é que ambas as equipas chegaram à final depois de remontadas impressionantes nas meias-finais. Tottenham e Liverpool provaram que nada, nunca, deve ser dado como certo: e é por isso que se torna difícil fazer previsões sobre o resultado do jogo deste sábado.

Mais fácil, porém, é contar a história de um e de outro através dos pontos que têm em comum, desde uma carreira que sempre teve o cargo de treinador como destino, o cruzamento com jogadores portugueses ou ligados a Portugal, os filhos que não escaparam à dinastia do futebol e o impacto inegável que tiveram nas equipas que treinaram. Os percursos de Pochettino e Klopp, mais perpendiculares do que poderiam parecer.

Uma carreira dentro das quatro linhas com o objetivo final sempre fora delas

Ambos foram jogadores antes de ser treinadores – mas ambos tinham esse caminho traçado desde os primeiros momentos em que pisaram um relvado. Mauricio Pochettino, que até teve uma carreira mais satisfatória do que o adversário deste sábado, cruzou-se desde muito cedo com dois dos melhores treinadores argentinos das últimas décadas do futebol internacional. Marcelo Bielsa e Tata Martino, atualmente no Leeds e na seleção mexicana, são duas das maiores influências de Pochettino. Mas comecemos pelo primeiro.

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O atual treinador cresceu na cidade de Murphy e é filho de dois agricultores, Amalia e Héctor. A ligação ao futebol foi praticamente inevitável, já que a memória mais distante que o argentino tem é de assistir ao Mundial de 1978 – realizado na Argentina, conquistado pela Argentina, abrilhantado por Kempes –, quando tinha apenas seis anos, em conjunto com o pai na associação recreativa da localidade em que moravam. Começou desde logo a jogar no Centro Recreativo Unión y Cultura, o grupo desportivo do bairro, e atuava como central, médio ou avançado, conforme as necessidades da equipa. Aos 14 anos, já integrava a primeira divisão da já extinta liga regional Venadense. Foi nessa altura, em 1987, que se deu o primeiro encontro com Bielsa.

Pochettino começou a jogar no Newell's Old Boys quando Marcelo Bielsa convenceu os pais do ainda adolescente a deixarem-no juntar-se à equipa

O treinador, conhecido como El Loco, orientava à época as camadas jovens do Newell’s Old Boys. Jorge Griffa era o diretor da academia do clube. “Tínhamos ido a Santa Isabel para dar um curso qualquer e alguém mencionou um rapaz, Pochettino, que estava quase a assinar pelo Rosario Central [os rivais diretos do Newell’s]. Estávamos quase a voltar para Rosario mas decidimos ir lá a Murphy, onde o rapaz vivia, para ver se já tinha assinado pelo Rosario Central. Chegámos a casa dele às duas da manhã. Batemos nas janelas e a mãe dele acabou por abrir a porta”, contou Griffa há alguns anos à revista First Touch. O momento mais bizarro, contudo, ainda estava por acontecer. “O Bielsa pediu para ver o miúdo, que estava a dormir, e quando olhou para ele disse: ‘Olhem estas pernas! Isto são pernas de jogador de futebol!'”.

Nessa noite, Marcelo Bielsa e Jorge Griffa convenceram os pais de Mauricio Pochettino a deixá-lo jogar um torneio pelo Newell’s Old Boys, que ficava a 200 quilómetros da pacata Murphy. O argentino foi, assinou pelo clube e só deixou Rosario em 1994, aos 22 anos, quando voou para Espanha e para o Espanyol. Antes, no primeiro treino com a equipa principal do Newell’s, aos 17 anos, cruzou-se – ou foi de encontro a, conforme as interpretações – com Tata Martino. O atual selecionador do México tinha 27 anos, mais dez do que Pochettino, e era a figura maior da equipa que tinha acabado de conquistar o primeiro título nacional do clube em 14 anos e que tinha chegado à final da Libertadores (onde perdeu com o São Paulo). Logo nos minutos iniciais da sessão de treino, o agora treinador do Tottenham entrou de forma dura sobre Martino e a reação de Tata ficou na memória de Pochettino, que recordou o momento no livro de memórias que escreveu, “Brave New World”.

"Chegámos a casa dele às duas da manhã. Batemos nas janelas e a mãe dele acabou por abrir a porta", contou Griffa há alguns anos à revista First Touch. O momento mais bizarro, contudo, ainda estava por acontecer. "O Bielsa pediu para ver o miúdo, que estava a dormir, e quando olhou para ele disse: 'Olhem estas pernas! Isto são pernas de jogador de futebol!'".

“Ele virou-se para mim e disse: ‘Miúdo, vou-te matar’. O treinador gritou: ‘Como é que pudeste fazer isso ao Martino?’. Eu só respondi ‘desculpem, desculpem’. O Tata disse ‘não quero ver-te a menos de três metros de mim'”, recordou Mauricio Pochettino, num episódio que deixa clara a faceta de poucas cerimónias e o pragmatismo do atual técnico dos spurs. Nesta altura, no início da década de 90, Jürgen Klopp assinava pelo Mainz, o clube onde passou mais tempo enquanto jogador. Mas a carreira do alemão poderia ter sido bem diferente se os resultados dos exames de acesso à universidade tivessem sido melhores.

Klopp queria ser médico. Não por influência da família – o pai até era jogador de futebol amador –, não por especial vocação, não por ser brilhante na escola: simplesmente porque tinha uma vontade incontrolável de ajudar os outros. As notas, porém, não jogaram a favor do jovem alemão, que na altura já atuava na equipa B do Eintracht Frankfurt. Originalmente um avançado, o atual treinador do Liverpool recuou no terreno a meio da estadia no Mainz e terminou a carreira enquanto central. Era um dos favoritos dos adeptos, não pela especial qualidade, não pela técnica, não por desaires, cortes ou alívios; pela garra, o amor à camisola e a vontade de vencer todos os jogos como do último se tratasse.

Klopp jogou 11 anos no Mainz mas nunca conseguiu atuar na Bundesliga

Auto-descrevendo-se frequentemente como um “jogador medíocre”, Jürgen Klopp ressalva porém que tinha “uns pés de quarta divisão e uma cabeça de primeira”. A ideia e a vontade de ser treinador, de ajudar os outros ao invés de ser ele o ajudado, surgiu de forma natural e o alemão foi trabalhando para isso enquanto ainda era jogador, frequentando diversos seminários, concluindo a licença de treinador ainda antes de pendurar as botas e tirando um mestrado em Ciência do Desporto (a tese final era sobre marcha). O objetivo final foi concretizado pelo próprio Mainz, que o convidou para orientar a equipa principal quando terminou a carreira: depois de 11 anos e mais de 300 jogos pelo clube. Klopp aceitou de imediato e treinou o emblema durante sete temporadas, alcançando uma inédita promoção à Bundesliga em 2004.

A paixão com que vivia o desporto dentro das quatro linhas não se alterou quando passou para a equipa técnica e só se aprimorou, já que pela primeira vez na carreira não precisava dos “pés de quarta divisão”. Foi no Mainz que nasceram as corridas frenéticas ao longo da linha lateral, as conferências de imprensa descontraídas, os beijos distribuídos aos jogadores quando as coisas correm bem e a inevitável hiperatividade durante o jogo. Pormenor onde se cruza novamente com Mauricio Pochettino, já que o argentino também recebeu a primeira oportunidade enquanto treinador no clube onde terminou a carreira, o Espanyol, mas apenas três anos após deixar os relvados.

Pochettino nasceu quase destinado a ser agricultor, Klopp tinha o futebol no sangue mas queria ser médico para ajudar os outros: ambos, porém, sempre souberam que iriam um dia estar do lado de lá das partidas. Fosse pela ligação umbilical com Bielsa ou pela “cabeça de primeira divisão”.

De Hugo Leal a Kostadinov, passando pelos irmãos Fonte e por Ilori: as ligações a Portugal

Enquanto jogadores, Pochettino teve mais sucesso do que Klopp. O atual treinador do Tottenham saiu da Argentina para Espanha com apenas 22 anos – e já depois de ser campeão argentino e conquistar um Torneio Clausura com o Newell’s –, venceu uma Taça do Rei e transferiu-se para França e para o PSG, onde se cruzou com Jay-Jay Okocha, um jovem Anelka e Aliou Cissé, atual selecionador do Senegal. Esteve três épocas em Paris até se mudar para o Bordéus, onde não ficou mais de meio ano: em janeiro de 2004, regressou ao Espanyol a título de empréstimo e assinou contrato no final da temporada. Ainda jogou até 2006, ano em que ganhou outra Taça do Rei com o conjunto catalão. Pelo meio, Pochettino foi internacional pela Argentina em 20 ocasiões e esteve no Mundial 2002, onde a seleção das pampas, na altura orientada precisamente por Marcelo Bielsa, não foi além da fase de grupos.

O percurso de Jürgen Klopp foi um pouco mais modesto. O atual técnico do Liverpool começou no 1. FC Pforzheim, esteve um ano na equipa B do Eintracht Frankfurt e passou pelo Viktoria Sindlingen e pelo Rot-Weiss Frankfurt até se fixar no Mainz, clube que representou ao longo de 11 anos. Tudo somado, Klopp nunca jogou na Bundesliga, nunca foi internacional alemão, nunca conquistou qualquer título enquanto jogador e passou totalmente à margem de uma geração germânica que teve Klinsmann, Matthäus e Völler.

Klopp, por sua vez, nunca se cruzou com jogadores portugueses nos balneários. Mas jogou com alguém que ganhou em Portugal algo que muitos portugueses nunca ganharam: três campeonatos nacionais consecutivos. 

Ainda assim, o caminho sempre paralelo e nunca perpendicular dos dois treinadores que este sábado se encontram na final do Wanda Metropolitano tem outro ponto em comum. Tanto Pochettino como Klopp se cruzaram, a dada altura, com jogadores portugueses ou outros estrangeiros mas com história no futebol português. No caso do argentino, o encontro aconteceu no PSG, em 2001/02, numa equipa orientada pelo francês Luis Fernández e que também tinha Ronaldinho Gaúcho e Gabriel Heinze. No plantel, para lá de Pochettino, estava Hugo Leal, o médio ex-Benfica que tinha chegado nessa temporada do Atl. Madrid e que saiu de Paris em 2004 para ir representar o FC Porto. Mas também Agostinho: o ala natural de Paços de Ferreira que chegou a ser internacional sub-21 por Portugal e alinhou na equipa B do Real Madrid esteve apenas esse ano no Parque dos Príncipes, emprestado pelo Málaga, e saiu no verão para o Moreirense. O atual técnico do Tottenham saiu para o Bordéus em 2004, envolvido no negócio que levou Pedro Pauleta na direção inversa.

Klopp, por sua vez, nunca se cruzou com jogadores portugueses nos balneários. Mas jogou com alguém que ganhou em Portugal algo que muitos portugueses nunca ganharam: três campeonatos nacionais consecutivos. No último ano da carreira, no final dos anos 90, o búlgaro Emil Kostadinov alinhou pelo Mainz, que tinha então o agora treinador do Liverpool no eixo da defesa. O avançado que em Portugal foi tricampeão pelo FC Porto e ganhou uma Taça UEFA com o Bayern Munique realizou apenas quatro jogos e marcou só um golo pelo emblema alemão em 1998/99 mas ainda foi a tempo de privar com aquele que dois anos depois seria o treinador do Mainz.

Tiago Ilori, atualmente no Sporting, foi treinado pelo alemão na primeira época de Klopp em Liverpool

A história alterou-se ligeiramente quando Pochettino e Klopp passaram de jogadores a treinadores. Um ano depois de se estrear no comando técnico do Espanyol, na segunda temporada enquanto treinador dos catalães, o argentino tinha no plantel o português Rui Fonte mas também o médio Aldo Duscher, que em 2000 foi campeão nacional pelo Sporting de Bölöni. Em 2013, quando se mudou para a Premier League e para o Southampton, Mauricio Pochettino foi encontrar José Fonte, irmão de Rui, uma das figuras maiores dos saints na altura. Depois de uma época bem sucedida em que levou o Southampton até ao oitavo lugar da Liga inglesa, o técnico mudou-se para Londres e para o Tottenham, onde tinha acabado de chegar Eric Dier, jovem inglês que se mudou com a família para Portugal em 2003 e que completou toda a formação na Academia do Sporting. Dier foi aposta leonina com Jesualdo Ferreira e Leonardo Jardim mas acabou por regressar a Inglaterra e assinar pelo Tottenham no ano de estreia do treinador argentino, tornando-se uma importante peça no xadrez montado por Pochettino em Londres (leva 27 jogos e três golos em todas as competições esta temporada).

Jürgen Klopp precisou mesmo de chegar a Inglaterra para encontrar portugueses – e, mesmo assim, a relação nunca foi longa nem bem sucedida. Depois do Mainz e do Borussia Dortmund, o treinador mudou para Inglaterra e para o Liverpool em 2015. Quando chegou a Anfield, Tiago Ilori e João Carlos Teixeira faziam parte do plantel dos reds: contudo, tanto o central como o médio saíram do clube nos meses seguintes, Ilori no mercado de janeiro para o Reading e Teixeira no verão para o FC Porto. Daí para cá, nenhum jogador português seduziu Klopp ao ponto de ser contratado pelo Liverpool e só Rafael Camacho, jovem avançado da formação do Sporting que os leões querem fazer regressar a Portugal (mas que o Benfica também tem debaixo de olho), se aproxima de ser o primeiro jogador nacional a ser bem sucedido às ordens do alemão, já que treinou com a equipa principal durante esta temporada e chegou a estrear-se na Premier League, enquanto substituto utilizado numa vitória com o Crystal Palace.

Os filhos jogadores (e um que é cientista do desporto)

Vidas profissionais à parte, argentino e alemão são ambos casados e têm os dois filhos que estão – ou estiveram – ligados ao futebol. Pochettino é casado desde 1994 com Karina, que há dois anos apareceu nas capas de jornais porque foi proibida pelo marido de ir ver os jogos do Tottenham ao estádio, já que o treinador acreditava que a equipa ganhava sempre que a mulher não estava nas bancadas, e é pai de três rapazes: Lucas, Sebastiano e Maurizio. O primeiro, atualmente com 24 anos, foi lateral direito do San Rafael e do Estudiantes mas está sem clube desde janeiro de 2018. O segundo, de 23 anos e o único dos três que não é jogador de futebol, licenciou-se em Ciências do Desporto e trabalha em conjunto com o pai no Tottenham, já que faz parte do departamento de desenvolvimento dos spurs. O terceiro, de apenas 18 anos, alinha atualmente nas camadas jovens do Tottenham depois de ter começado a formação no Southampton.

Sobre o facto de trabalhar em conjunto com Sebastiano, o filho do meio que integra a equipa técnica, Pochettino já explicou que os jogadores não olham para o especialista como “o filho do treinador”. “Ele adora o Tottenham e todos os jogadores porque tem uma relação muito boa com todos eles. Mas os jogadores não olham para ele como meu filho, ele é o Sebastiano e isso é que importa. Sei que as pessoas sabem que é meu filho e comentam isso mas os jogadores confiam mesmo nele. Talvez continue a trabalhar para mim ou talvez trabalhe para outro treinador no futuro, vamos ver”, disse o argentino em janeiro de 2017, durante uma conferência de imprensa, na altura em que o filho apareceu pela primeira vez sentado no banco do clube inglês.

Sebastiano e Mauricio Pochettino, filho e pai, são colegas de trabalho na equipa técnica dos spurs

Já quanto a Maurizio, que é avançado e esta temporada estava nos convocados do Tottenham contra o FC Porto nos oitavos de final da UEFA Youth League que os dragões acabaram por conquistar, Pochettino não faz grandes comentários e limita-se a dizer que não é o treinador do filho – sempre que é questionado sobre uma eventual subida à equipa principal. O jovem de 18 anos assinou em março o primeiro contrato profissional com os spurs e é uma das promessas da formação do emblema londrino.

Já Jürgen Klopp foi casado com Sabine e teve dois filhos, incluindo Marc, atualmente com 31 anos. Depois de terminado o primeiro casamento, o treinador alemão conheceu Ulla durante o Oktoberfest e casou com a assistente social em 2005, assumindo o papel de pai de Dennis, o filho que a nova mulher já tinha. Marc seguiu os passos do pai desde cedo, iniciando a formação nas camadas jovens do FSV Frankfurt para depois se transferir para o Klein-Karben. O lateral direito chegou mesmo à equipa B do Borussia Dortmund em 2010, quando o pai orientava o plantel principal, mas uma lesão terminou prematuramente a carreira de Marc em 2015, quando o jogador tinha apenas 27 anos. Atualmente, trabalha numa empresa alemã que organiza os estágios de pré-época dos clubes da Premier League.

A influência nos jogadores, de Lloris a Götze

Entre muitos traços díspares, formas de estar totalmente diferentes, maneiras de olhar para o futebol completamente distintas, Mauricio Pochettino e Jürgen Klopp têm outro ponto em comum: o facto de nunca terem conquistado qualquer troféu desde que estão em Inglaterra. O primeiro chegou com o Tottenham à final da Taça da Liga em 2015, perdendo com o Chelsea, e o segundo já perdeu uma final da Taça da Liga (2016, com o Manchester City), uma da Liga Europa (2016, com o Sevilha) e outra da Liga dos Campeões (2018, com o Real Madrid). Este sábado, ambos têm a possibilidade de chegar à primeira conquista nos respetivos clubes e finalmente acrescentarem algum palmarés ao estatuto de treinadores da moda que os dois têm.

Ainda assim, tanto o argentino como o alemão têm fama de catalisar jogadores, de motivar elementos que estão mais em baixo ou sub-aproveitados e extrair deles aquilo que têm de melhor. Essas histórias, ainda que normalmente guardadas dentro dos balneários e na privacidade dos clubes onde acontecem, acabam por saltar para a esfera pública quando os jogadores em questão decidem falar sobre a influência dos técnicos. Pochettino e Klopp, dois dos principais líderes dos últimos anos no panorama do futebol europeu, viram recentemente dois jogadores agradecerem publicamente por aquilo que argentino e alemão fizeram por eles.

Depois de terminado o primeiro casamento, o treinador alemão conheceu Ulla durante o Oktoberfest e casou com a assistente social em 2005, assumindo o papel de pai de Dennis, o filho que a nova mulher já tinha. 

Primeiro, Pochettino. Por Lloris. O guarda-redes francês que em julho de 2016 viu Éder marcar-lhe o golo que daria a Portugal a conquista do Euro 2016 mas que em 2018 ajudou a seleção francesa a vencer o Mundial 2018 pode tornar-se o primeiro jogador da história a ganhar o Campeonato do Mundo e a Liga dos Campeões em temporadas consecutivas. Lloris, que em 2012 custou 10 milhões aos cofres do Tottenham para se transferir do Lyon para Londres, está a cumprir a sétima temporada ao serviço dos spurs – mas garante que, se Mauricio Pochettino não tivesse chegado em 2014, não teria ficado.

“É muito simples. Naquela altura, depois de dois anos no clube, não estava a gostar da forma como as coisas estavam a correr. Tinha muitas questões na cabeça. Depois conheci o Pochettino. Assim que o conheci, soube imediatamente que ele era o homem certo. É o tipo de pessoa para quem se quer trabalhar, por quem se quer lutar. É difícil descrever o que sentimos quando conhecemos alguém e sabemos que essa pessoa vai ter um grande impacto na nossa carreira. É a abordagem dele ao futebol, as ideias dele, o homem que ele é, a forma como desenvolve relações. E a nossa é atualmente mais forte do que nunca”, confessou o guarda-redes à ESPN.

Jürgen Klopp mereceu palavras semelhantes por parte de Mario Götze, o médio que foi treinado pelo alemão no Borussia Dortmund, que saiu para o Bayern Munique mas que entretanto regressou ao clube que ao formou. O jogador de 26 anos, que em 2014 marcou o golo que valeu à Alemanha a conquista do Mundial do Brasil, escreveu um texto para o The Players’ Tribune que é quase na totalidade dedicado a Klopp. O título, “Danke”, obrigado, em português, fala por si.

Mario Götze construiu uma relação muito próxima com o treinador alemão quando ambos estavam em Dortmund

AFP/Getty Images

“Klopp foi o meu primeiro treinador e foi ele que acreditou em mim e me deu a oportunidade da estreia aos 17 anos. É engraçado vê-lo agora no Liverpool, porque ele é um tipo tão natural com a comunicação social. É tão autêntico e diz tudo aquilo que quer. Mas acho que a maioria das pessoas só vê a versão dele na linha técnica. Existe um lado muito sério também. Quando eu tinha 17 ou 18 anos e não estava a dar 100% no treino, ele intimidava-me. Vinha a correr até ficar a gritar na minha cara. ‘Tens de ter mais paixão! Tens de dar tudo! F…! Vá lá!'”, contou Götze, que acrescentou depois que no final do treino tudo tinha passado e o treinador ia ter com ele para falarem “sobre a vida”.

O médio internacional alemão confirma que Jürgen Klopp é um “treinador extraordinário” mas destaca a “personalidade” como “a coisa mais importante”. “Ele sabia como lidar comigo. É um treinador extraordinário mas a personalidade dele foi a coisa mais importante para mim enquanto jovem jogador. Nunca conheci um treinador que fosse naturalmente tão engraçado. É uma influência tão positiva para todas as pessoas à volta dele. Tenho de lhe agradecer porque me deu o meu arranque e conquistámos coisas ótimas juntos em Dortmund naqueles anos”, concluiu Götze.

Separados por muito mas unidos por quase tanto, Mauricio Pochettino e Jürgen Klopp lutam este sábado pela principal competição europeia de clubes depois de ambos terem empreendido reviravoltas inacreditáveis nas meias-finais. Para quem vê de fora, é difícil escolher um lado: quer seja o Tottenham ou o Liverpool a vencer no final do jogo em Madrid, ganhou o underdog, o improvável, o surpreendente. Ganhe quem ganhar, Pochettino e Klopp já são os donos de uma história que vale a pena contar.

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