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Madalena Casal

Madalena Casal

Nazaré, a vila azul

Fomos conhecer uma das jóias da costa portuguesa e descobrir o que a torna tão especial

Conta a lenda que, ao nascer do dia 14 de setembro de 1182, D. Fuas Roupinho caçava pelo litoral envolto por um denso nevoeiro, quando avistou um veado e de imediato o começou a perseguir, isolando-se dos seus companheiros no meio do nevoeiro. Já no cimo da falésia, reconheceu o local onde estava: mesmo ao lado de uma gruta onde se venerava a imagem da Virgem Maria com o Menino Jesus. Apercebendo-se do perigo mortal em que se encontrava, na beira do precipício, rogou em voz alta “Senhora, Valei-me!”. De imediato, o cavalo estacou, fincando as patas no penedo rochoso, suspenso sobre o vazio, salvando- se, assim, a montada e o cavaleiro de uma queda de mais de 100 metros. Para agradecer o milagre, D. Fuas mandou erguer, por cima da gruta, uma capela – a Ermida da Memória.

Estamos no Sítio, o local com uma das panorâmicas mais famosas da costa portuguesa. Situado no topo de uma formação rochosa, que desce 318m a pique até ao mar, é aqui que encontramos muitos dos vestígios da tradição e cultura nazarena. Além da Ermida da Memória, que conta a história da sua lenda, foi construído também nesta praça o Santuário de Nossa Senhora da Nazaré, uma visita imprescindível para os crentes.

Neste largo, encontramos também as tradicionais nazarenas a venderem os doces e artesanato locais. Na sua pequena oficina, o Senhor Teixeira esculpe barquinhos de madeira, reproduções dos barcos típicos da pesca da Nazaré, há mais de 30 anos. “Já o faço há uns bons anos porque gosto do que faço”, confessa. Estas esculturas não são apenas um bom souvenir, são também a lembrança daquilo que é um traço marcante da cultura nazarena: a sua ligação com o mar.

A Nazaré sempre foi, e ainda é, uma vila piscatória. A arte xávega é um dos mais antigos e característicos processos de pesca artesanal da Nazaré. Foi introduzida em meados do século XVIII pelos pescadores vindos de Ílhavo e da Costa de Lavos, que se fixaram na nova praia. Com eles trouxeram as grandes redes de arrasto, que aqui foram modificadas e adaptadas às condições da costa nazarena, tornando-se mais pequenas e mais eficazes na faina. As embarcações saem ao mar durante a manhã para lançar as redes que, à tarde, são “aladas” (puxadas) a partir de terra, por homens, mulheres e crianças. Esta arte ainda é por vezes recriada, e abraçada pelos turistas que participam nestas recriações.

A ferocidade do mar da Nazaré fez com que a pesca fosse uma atividade extremamente sazonal e pouco lucrativa. As nazarenas, para sustentarem a família, dedicavam-se a vender o peixe nos mercados da região. O mercado da Nazaré continua a ser um local a não perder para quem visita a região, onde encontramos ainda peixe fresco e local, vendido por quem herdou o conhecimento agregado por gerações. Marta Meca, mais conhecida por Marta do Berbigão, vende marisco no mercado há mais de 11 anos – um negócio que herdou da tia, que o fez por mais de 45 anos. Bela, de 71 anos, é peixeira desde os 12 e conta-nos que os prediletos continuam a ser o safio, a raia, as lulas – ingredientes para a famosa Caldeirada, a especialidade em restaurantes da região.

Na praia, Idalisa vende o peixe seco há mais de 25 anos (antes disso vendeu peixe fresco por mais de 30). Secar o peixe é uma tradição que nasceu noutros tempos, em que a secagem do peixe era um importante método de conservação, para sobreviver em tempos de escassez, ou em que a fúria do mar impedia a faina dos homens. É também um saber maioritariamente feminino, passado de geração em geração, e que continua a acontecer todos os dias na vila. O peixe é arranjado e posto a secar nos paneiros ao sol – os peixes mais comuns de encontrar aqui são o carapau, a sardinha e o polvo. O Museu do Peixe Seco é um museu vivo – podemos encontrar esta tradição mesmo à beira da Praia da Nazaré.

  • Mercedes EQ Lounge
    Madalena Casal
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  • Madalena Casal

Para quem a conhece, a vila sempre foi uma jóia do turismo português. A Nazaré, enquanto praia, tem algo que não encontramos nas redondezas: proximidade. À distância de uma rua, a marginal, temos tudo. A parte antiga da vila concentra em pouco espaço, todo o comércio e serviços necessários a dois passos da praia, tornando-a um destino de férias desejável, em que é possível fazer o dia a dia, visitar espaços culturais, e ir à praia ou praticar desportos aquáticos, deslocando-se sempre a pé. As casas desta zona, pequenas e construídas num espaço que antes eram antigos locais de armazenagem de pesca, tornaram-se alojamentos locais, que durante os meses de junho a setembro, recebem mais de 100.000 pessoas.

A praia da Nazaré oferece águas cristalinas e um longo areal que se estende do promontório até ao Porto de Abrigo. O porto, construído apenas na década de 80, veio facilitar a entrada dos barcos de pesca no mar e é agora também a porta de entrada para inúmeras atividades aquáticas possíveis na Nazaré – desde excursões de barco para ver golfinhos, a jet ski’s e desportos aquáticos até às experiências de adrenalina nas ondas grandes da Nazaré.

 

Não podemos falar das ondas grandes da Nazaré, sem falar da onda surfada por Garret McNamara em 2011, que colocou os olhos internacionais nesta pequena vila portuguesa. E a melhor forma de o fazer é descer o promontório até ao farol. A descida em si já vale a pena pelas vistas de cortar a respiração – do lado esquerdo a calma praia da Nazaré oferece-nos águas cristalinas que apelam a um bom dia de praia. Do lado direito as ondas da Praia do Norte incitam os mais aventureiros.

Pelo caminho, passamos pelo Veado, uma estátua de mármore e aço que é um
homenagem à lenda de Nossa Senhora da Nazaré – representado no veado que levou D. Fuas Roupinho a ser salvo pela Santa – e aos surfistas que enfrentam as ondas de mais de 30m da Nazaré. O Forte de São Miguel, agora aberto ao público, alberga o antigo farol e é agora o local mais procurado pelas centenas de pessoas que vêm para observar as ondas gigantes da Nazaré, causadas pelo fenómeno do Canhão da Nazaré.

Da pesca, passando pelo turismo até ao surf, a Nazaré sempre será um local de eterna ligação ao mar. Não há dúvidas de esta ligação é um dos principais atratores de visitantes à pequena vila, o que leva à criação de novas oportunidades, novos negócios e novos espaços de logística – desde a utilização de velhos armazéns para arrumar os materiais que são necessários à Internal prática de towin surfing, mas também à criação de espaços de lazer e de trabalho para os surfistas nacionais e internacionais – como o Mercedes-EQ Lounge.

É neste âmbito que a Mercedes-Benz e o Observador se unem para celebrar esta ligação, com o projeto Nazaré de A-Z, uma série de conteúdos que descobre a história, a cultura, os projetos desenvolvidos na Nazaré e o seu futuro e culmina a 29 de setembro, numa celebração do Dia Mundial do Mar, com uma emissão especial da Rádio Observador na Nazaré.

Conheça a iniciativa aqui

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