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Obelisco do Templo foi inaugurado no dia 25 de abril.
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Obelisco do Templo foi inaugurado no dia 25 de abril.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Obelisco do Templo foi inaugurado no dia 25 de abril.

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

O Obelisco de Oeiras em que Isaltino gastou 600 mil euros foi pedido para fechar triangulação maçónica

Câmara investiu 600 mil euros num Obelisco que fecha "a triangulação" no morro do Parque dos Poetas. Arquiteto reconhece "forte componente maçónica" em Oeiras e, em específico, no Parque dos Poetas.

Oeiras está esteticamente mais maçónica, em sintonia com o presidente da autarquia Isaltino Morais, também maçom e membro da Grande Loja Legal de Portugal. O polémico Obelisco do Templo veio, afinal, fechar uma “triangulação maçónica” no Morro do Puxe Feixe, no Parque dos Poetas, em Oeiras. Ao obelisco soma-se ao Templo da Poesia e a Pirâmide dos Poetas, formando um triângulo (o compasso), um dos símbolos mais importantes da maçonaria. Para conseguir fechar a triangulação, Isaltino Morais pagou 600 mil euros ao arquiteto Júlio Quaresma.

É mais um símbolo que se soma aos muitos existentes no Parque dos Poetas, reconhecido pelos símbolos maçónicos presentes, e que tinha sido dado como terminado em julho de 2015 com a inauguração da terceira parcela. Mas faltava fechar a triangulação no morro que só foi possível com a inauguração do Obelisco do Tempo, no último dia 25 de abril.

Vista aérea do Morro do Puxe Feixe onde é possível perceber o triângulo formado pelo Obelisco do Templo (em cima à direita), pelo Templo da Poesia e a pirâmide (em baixo à direita). Imagem: Google Maps

São 600 mil euros que se somam aos 20 milhões já gastos para a construção do Templo dos Poetas e à pirâmide (circundada por um labirinto) e permitem completar um dos símbolos mais importantes da maçonaria: o triângulo. A confirmação é dada ao Observador pelo próprio arquiteto responsável pela obra. Júlio Quaresma diz ao Observador que o “obelisco se junta, no morro do Puxe Peixe, ao Templo da Poesia e à pirâmide”, completando “a triangulação dentro de uma determinada simbologia”. Questionado pelo Observador diretamente se essa simbologia é a maçónica, Júlio Quaresma afirma que “não sendo maçom, tentou corresponder” ao que lhe foi pedido pela autarquia, uma vez que reconhece uma “forte componente maçónica” no concelho e, em especial, no Parque dos Poetas.

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Sobre a decisão de a escultura a erigir ter a forma de um obelisco, Júlio Quaresma rejeita que tenha tido “total liberdade” para decidir a forma: “Não foi com total liberdade, foi com a criação de um elemento que respondesse àquela simbologia”. Júlio Quaresma contraria assim a informação oficial dada pela autarquia ao Observador. A câmara liderada por Isaltino Morais diz que “deu total liberdade aos escultores para a representação dos poetas”: “Assim, do mesmo modo foi dada ao escultor Júlio Quaresma total liberdade para simbolizar através de um monumento escultórico a homenagem aos poetas, escultores e mecenas”, algo que o arquiteto contraria nas declarações ao Observador (onde diz que foi a autarquia que pediu que fosse ao encontro dos motivos maçónicos).

Placa identificativa junto ao obelisco, com erro ortográfico (à esq.), e visão lateral da escultura (à dir.)

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Sobre a hipótese de fazer uma escultura diferente, que não tivesse a forma de um obelisco, o arquiteto frisa que todos os elementos têm uma simbologia e que “fazer uma coisa diferente fugia ao conceito ligado ao morro do Puxa Peixe”.

Na memória descritiva do Obelisco, a que o Observador teve acesso,  surgem várias referências à maçonaria. Numa delas, é usada uma citação, do maçom Albert Pike, especificamente relativa a obeliscos: “Dai a importância do obelisco, erguido como um emblema da ressurreição da Divindade enterrada”. Além da escultura em si, esta comporta também vários símbolos que, de acordo com o arquiteto, foram encontrados já depois de escolhido o obelisco. “O que se tentou fazer foi procurar toda a simbologia possível, inclusivé histórica”, explica ao Observador o arquiteto Júlio Quaresma.

Placa identificativa do monumento tem erro ortográfico

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A placa que está junto ao obelisco e faz a explicação do monumento não passa despercebida, especialmente porque tem um erro ortográfico. A palavra ‘lazer’ foi escrita com ‘s’: “Proteção e defesa deste espaço de cultura e laser para engrandecimento de Oeiras e suas gentes”, é o que se lê erradamente.

Na página oficial, a autarquia destaca a simbologia de dois elementos estruturantes: “O obelisco em si, de 1759 centímetros de altura, e a base em que assenta – esta última quadrada e que simboliza a solidez, a eternidade e a verdade – que mede 1759 milímetros, correspondendo assim ao ano de 1759 quando, a 13 de junho, o concelho de Oeiras foi constituído por carta régia”, mas não são os únicos. É nesse ano que D. José cede o reguengo de Oeiras ao Marquês de Pombal, que recebe o título de Conde de Oeiras. O Marquês de Pombal era, também ele maçom.

Ainda na memória descritiva do obelisco é possível saber mais. Os cinco degraus representam “as cinco freguesias” que compõem o município, os pilares “sobre os quais tudo se constrói”; o cobertor dos degraus mede 19,37 centímetros, que corresponde “à data [1937] em que foi fixado o Brasão de Oeiras”; a base é composta por dois “corpos quadrangulares” que simbolizam os “dois períodos em que o concelho existiu e existe” onde até a altura tem significado, os 67 centímetros correspondem à geometria (método hermenêutico de análise das palavras onde cada letra tem um valor numérico atribuído) de Oeiras e também a forma (os quadrados de cada uma das bases mede 2015 centímetros, correspondendo ao ano em que se concluiu a terceira fase do Parque dos Poetas).

Nestes símbolos, com os quais o arquiteto fez um paralelo com referências do município é possível encontrar também simbologia maçom. Aliás, basta começar no material escolhido para o Obelisco. A pedra é um dos símbolos maçónicos, o número cinco representa também os cinco aspetos (físico, emocional, mental, intuitivo e espiritual) do homem. No topo do obelisco há ainda um raio verde, que ilumina os céus de Oeiras. Na memória descritiva, o arquiteto relata que o raio “é um momento único em que a luz do sol adquire essa tonalidade quando, no ocaso o Sol rasa o horizonte terrestre e a luz se transforma num raio verde” que representa também, além disso, “o fio/linha/caminho que liga o céu à terra”.

Topo do obelisco onde é possível ver o raio verde

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Isaltino tem promovido várias iniciativas relacionadas com a maçonaria

O objetivo de Isaltino Morais de querer eternizar a memória maçónica não é segredo para ninguém. Além do recém inaugurado Obelisco, Isaltino Morais deixa também como marca na governação de Oeiras vários momentos de tributo a maçons, que se somam à existência do Parque dos Poetas, todo ele com símbolos maçónicos.

Ainda em 2013, Isaltino Morais promoveu um “fim de semana da maçonaria em Oeiras”. A iniciativa congregou esforços do “Museu Maçónico Português, o Grémio Lusitano, a Câmara Municipal de Oeiras e a Escola Básica 1/Jardim de Infância Gomes Freire de Andrade” para evocar a memória do maçom e Gomes Freire de Andrade.

Para eternizar o fim de semana de homenagem, no átrio da escola foi ainda descerrado um retrato de Gomes Freire de Andrade, oferecido pelo Grémio Lusitano/Museu Macónico Português. No âmbito desse fim de semana de evocação da maçonaria, relatou o município, “cerca de 40 alunos e professores” rumaram ao monumento de Gomes Freire, que à data se encontrava localizado na Estrada da Medrosa, no espaço da NATO, em Oeiras, para lá deixar uma coroa de flores.

Mas Gomes Freire não foi o único maçom homenageado no fim de semana e o segundo dia (19 de outubro de 2013) ficou para Marquês de Pombal. Com visitas guiadas à Quinta Real de Caxias e aos jardins do Palácio Marquês de Pombal, guiadas pelo arquiteto Joaquim Braizinha. À data, a autarquia referia-se à visita como tendo “uma abordagem orientada para a simbologia presente nas quintas de recreio do século XVIII”, mencionado ainda um debate que teve lugar nessa tarde sobre o tema ‘O Marquês de Pombal e a Maçonaria’.

Júlio Quaresma já arrecadou cerca de um milhão de euros da autarquia de Oeiras

A empresa de Júlio Quaresma, a Arch Line World Efficience Associated tem quatro ajustes diretos registados no Portal Base, todos com a autarquia de Oeiras. O primeiro ajuste foi realizado a de 21 de novembro de 2018 para uma obra escultórica alusiva à poetisa Alda Lara, também ela destinada ao Parque dos Poetas. A obra foi inaugurada a 28 de março de 2019 por Isaltino Morais e, ao arquiteto, valeu uma distinção pública pela Ordem de Malta, da qual é cavaleiro.

Lista de contratos feitos com a empresa de Júlio Quaresma, no Portal Base

Já em 2019 o arquiteto voltou a ser escolhido para realizar duas esculturas para as rotundas (norte e sul) da Cidade do Futebol, num total de 350 mil euros. Novamente referenciado pela Ordem de Malta que considera os monumentos nas rotundas “notáveis” e que “são agora considerados obras-primas deste tipo a nível internacional”.

Em ano de eleições, autarquias já gastaram 6,6 milhões em rotundas

E foi a realização das esculturas nas rotundas da Cidade do Futebol que valeu a Júlio Quaresma a assinatura do contrato com maior volume. Ao Observador, a autarquia diz que “entendeu por bem convidar este escultor para a realização deste trabalho no Parque dos Poetas, devido ao índice de satisfação das esculturas da Cidade do Futebol”. O ajuste para realização do Obelisco do Templo valeu a Júlio Quaresma 485 mil euros, valor a que acresce o IVA, totalizando cerca de 600 mil euros de custos que a Câmara Municipal de Oeiras teve que suportar.

Obelisco do Templo em Oeiras tem paralelo com o de Washington

A triangulação agora criada em Oeiras é semelhante àquela que existe na cidade norte-americana de Washington, nos Estados Unidos, embora com diferentes símbolos maçónicos. As ruas da cidade foram planeadas de acordo com a simbologia maçónica — uma teoria que também existe em relação ao planeamento da cidade de Lisboa, feita pelo maçom Marquês de Pombal — e os principais edifícios formam entre si também símbolos que é possível identificar a partir de vista área.

Monument to George Washington, marble obelisk

Obelisco em Washington, nos Estados Unidos da América

A Casa Branca, o Lincoln Memorial e o Capitólio formam entre si um triângulo, por exemplo, tal como aquele que ficou agora fechado em Oeiras com a construção do obelisco. Ainda que em Oeiras o Obelisco do Templo contribua para a formação do triângulo, em Washington são a Casa Branca, o Licoln Memorial e o Capitólio que dão forma a essa figura, sendo o obelisco integrado na estrela de cinco pontos, também ela um dos símbolos mais importantes para a maçonaria.

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