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Pedro Costa foi o convidado do programa Vichyssoise
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Pedro Costa foi o convidado do programa Vichyssoise

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Costa foi o convidado do programa Vichyssoise

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Pedro Costa: "Nunca escondi que prefiro Pedro Nuno Santos. Sou demasiado exigente com António Costa"

Pedro Costa diz que Pedro Nuno Santos é mais "afirmativo" do que o pai, António Costa, em questões ideológicas. Acredita ainda que o primeiro-ministro não vai assombrar o novo líder do PS.

Pedro Costa, dirigente do PS/Lisboa e autarca, responsabiliza Marcelo Rebelo de Sousa pelas eleições antecipadas, mas diz que era “impossível”, depois do comunicado da PGR, que o primeiro-ministro continuasse em funções. Em entrevista à Vichyssoise no dia do arranque do Congresso do PS, Pedro Costa diz que “nunca escondeu” que prefere a liderança de Pedro Nuno Santos à do pai, embora admita que toda gente tem “tendência para ser mais exigente com os pais”. Acredita ainda que António Costa não irá “assombrar” a liderança de Pedro Nuno Santos.

O dirigente do PS/Lisboa desvaloriza também o feito de Fernando Medina de colocar a dívida pública abaixo dos 100% do PIB: “Não gosto desse tipo de números que nos servem de crachá ao peito”. Sobre o seu próprio futuro político não esconde que toda a sua ambição passa pela cidade de Lisboa.

[Ouça aqui na íntegra o episódio da Vichyssoise desta semana:]

PS bicéfalo, Costa em campanha e o Pedro dos CTT

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“É difícil que o Presidente consiga limpar do seu capote qualquer responsabilidade”

Esteve aqui há cerca de um ano e entretanto o mundo político mudou significativamente. Nessa altura via com bons olhos o regresso de Pedro Nuno Santos ao palco político ainda no comentário televisivo. E agora:  vê com bons olhos que ele seja já líder neste momento? 
Não há literalmente ninguém que veja o que está a acontecer e que escolhesse que acontecesse o momento da substituição do secretário-geral nas condições em que aconteceu.

O primeiro-ministro precipitou-se ao pedir a demissão? Era incontornável?
Não sei se era incontornável. Vejo nas palavras do primeiro-ministro que, de modo muito claro, era impossível e impensável para o primeiro-ministro permanecer em funções depois do comunicado da Procuradoria-Geral da República. E há um nível de decisão que parte só da consciência de cada um e é completamente irrelevante o que os outros acham sobre o assunto. Não me parece que se tenha precipitado. Não tenho grandes dúvidas de que tenha falado de peito aberto sobre o assunto. Quem tem aquele nível de certeza sobre a decisão que toma, só pode tomar aquela decisão, não pode tomar outra. O que eu queria dizer sobre o Pedro Nuno Santos é que este não era o momento desejado, mas muito claramente — e esta campanha provou isso –, ele estava muito preparado para este processo de sucessão. E isso é muito claro.

Mas concordava que o melhor seria não ter havido eleições antecipadas e manter a maioria do PS até 2026, mantendo, por exemplo, Mário Centeno, que foi a proposta formal do PS, como primeiro-ministro?
Do que ouvi, Mário Centeno não foi a única proposta do PS. O PS apresentou vários nomes ao Presidente da República que, por se ter precipitado nas suas declarações sobre a personalização de uma maioria absoluta — que é uma posição um pouco estranha –, ficou amarrado a uma solução que, de facto, não me parece ser a ideal.

"Ao falar na personalização da maioria absoluta -- que é uma posição um pouco estranha -- Marcelo ficou amarrado a uma solução que, de facto, não me parece ser a ideal."

Se correr mal, há de ser responsabilidade exclusiva do Presidente da República? E correr mal seria um cenário de ingovernabilidade depois das eleições, por exemplo.
É difícil que o Presidente da República consiga limpar do seu capote qualquer responsabilidade. É óbvio que há uma responsabilidade. Não sei se exclusiva, já que os partidos também se pronunciaram.

Seria legítimo Mário Centeno ser primeiro-ministro sem ter ido a votos? Era uma solução possível?
Era. O país compreenderia sempre com dificuldade qualquer solução, diria eu. O trauma, a violência do impacto foi tão grande para toda a gente. Hoje já se nota nas sondagens, nos estudos de opinião, que as pessoas ainda hoje não perceberam exatamente o que é que aconteceu. Aliás, o resultado projetado do PS mostra que o país tem uma ideia sobre o que aconteceu e sobre a consequência do que aconteceu. Agora, nunca seria fácil compreender uma solução. É uma maioria absoluta que cai por motivos extra-políticos e, portanto, fosse a substituição do primeiro-ministro, fosse a dissolução do Parlamento seriam sempre coisas difíceis de compreender. Agora, não tenho nenhuma dúvida sobre a legitimidade e acho que também temos que ir fazendo as pazes com o significado de ter o quadro parlamentar que temos.

“Nunca escondi que prefiro Pedro Nuno. Sou excessivamente exigente com o António Costa”

O Presidente da República diz que o favorito dele para secretário-geral do PS era António Costa. O de Pedro Costa era Pedro Nuno Santos, ou não?
Eu acho que nunca escondi isso. Mas reconheço que sou excessivamente exigente com o António Costa em comparação com o resto dos portugueses.

Há pouco estava a dizer que Pedro Nuno Santos estava preparado. O tempo para apresentar as propostas é curto. Faz sentido que, nesta altura do campeonato, se saiba tão pouco sobre o que o líder do PS pretende fazer?
Compreendo que o prazo é curto, mas não concordo que se saiba pouco do que é a visão do Pedro Nuno Santos para o país. Sei pouco do que é a visão do PSD para o país, por exemplo. Luís Montenegro terá já um ano e meio de liderança e não temos propostas concretas e isso é que pode causar alguma estranheza.

"Sei pouco do que é a visão do PSD para o País. Luís Montenegro terá já um ano e meio de liderança e não temos propostas concretas"

Ainda no último Congresso apresentou uma proposta para os pensionistas.
Teve o problema de durar pouco. Na segunda-feira seguinte já estávamos a rever as contas e todos a concluir que nunca a Segurança Social permitiria aquele pagamento. E acho que os partidos devem ao País o rigor da apresentação de propostas concretas, mas que credibilizem a política e os seus programas.

E Pedro Nuno Santos até tem uma vantagem, tem um ministro das Finanças em funções que é do PS e que tem um cenário macroeconómico que ele diz que vai seguir.
O tempo é curto, é um facto, mas o tempo que nos precedeu até aqui chegarmos também não foi longo. Há uma moção, que é muito clara na visão do que é para o país. O PS tem hoje um secretário-geral que foi sempre muito claro sobre qual é a sua visão do país. Ouvimos o discurso do Pedro Nuno Santos centrado na ideia da comunidade forte, de serviços públicos de qualidade, da importância da inovação para garantir o crescimento económico como forma de garantir uma sociedade mais rica para todos, vemos a ideia do direito laboral como a garantia da liberdade dos trabalhadores. E isto são ideias muito concretas para o país. É uma visão muito vincada para o país.

Há uma clareza ideológica maior com este secretário-geral do que com o anterior?
Não sei se é maior a clareza. Diria que é mais afirmativo em determinados pontos da sua matéria ideológica. Não concordo com essa ideia de que o PS tem sido um partido altamente pragmático e despolitizado na sua liderança, mas é uma coisa que é clara: Pedro Nuno Santos é muito afirmativo no que é a sua visão de sociedade. Essa linha ideológica é muito presente.

"Não concordo com essa ideia de que o PS tem sido um partido altamente pragmático e despolitizado na sua liderança"

Mas quando um candidato a primeiro-ministro surge a dizer que vai descongelar as carreiras dos professores de uma forma faseada, não se exigia saber já os números?
Faseada, mas assegurando a sustentabilidade das contas públicas. Vai um bocadinho mais longe. A moção global de estratégia só vai ser votada este sábado. Em relação ao programa de Governo, já foram feitas algumas reuniões metodológicas e sabemos que está a avançar e haverá essas propostas concretas e haverá tempo na campanha para fazer esse debate. Agora, o PS tem obrigatoriamente de o fazer, de ter um programa de Governo detalhado, mas rigoroso. Detalhar propostas a correr para responder a esse apelo, e até reconheço que seja um apelo justo, mas a decisão do PS é responder de modo rigoroso para respeitar o debate e não vir a correr atirar números para cima da mesa que serão desmentidos amanhã. O que vejo é o PSD a andar sempre a reboque do que é a ação do PS ou do pedido de falta de proposta de uma liderança do PS que tem um mês. E ainda por cima um mês de festas, que torna os trabalhos ainda mais complicados. O secretário-geral esteve a trabalhar, naturalmente, mas ele não faz o programa sozinho.

E deve fazê-lo com independentes? E com que perfil de independentes?
Claro, isso é muito importante. A abertura dos partidos significa não escolher perfis. É fundamental e está na moção a valorização da militância e este é um ponto importante que será uma marca para o Pedro Nuno Santos e para a candidatura e que será uma marca também do programa do Governo. Mas também acho que é fundamental abrir o partido às academias, às empresas e à sociedade civil. Os partidos devem compreender que a abertura não é só recorrer a altos quadros para grupos de sábios. A valorização da democracia é também um ponto muito importante do programa de Pedro Nuno Santos.

Medina pôs dívida abaixo de 100%? “Não gosto  de números que servem de crachá ao peito”

Fernando Medina pode estar a preparar-se para fazer um brilharete na dívida em plena campanha apresentando um valor abaixo dos 100%. É importante que esse ritmo da redução continue a ser acelerado?
Ouvi o líder parlamentar do PSD dizer que as contas certas eram mantidas com o corte na despesa do Estado. O investimento público aumentou, tal como a dívida pública absoluta. A grande redução que há do peso da dívida está no crescimento que o PS conseguiu nestes oito anos. Esse valor da dívida pode ser acelerado se se acelerar o crescimento do país e aí a definição de objetivos de inovação, que é uma linha assumidamente do Pedro Nuno Santos como prioritária há muito tempo, desde o Congresso da Batalha, pode ser um caminho. Li um comentário que dizia que ninguém compreenderá se o valor da dívida voltar a passar aos 100%. Eu acho que é muito importante que se compreenda que a melhor forma de garantir isso é o crescimento económico e não a redução da despesa. Portanto, as contas certas significam manter esse equilíbrio, mas focado no crescimento e não focado na redução da despesa. Não me parece que a redução da despesa seja um caminho. Já o experimentámos no tempo da troika, não funcionou, nem para reduzir a dívida pública.

Portanto, pode haver aqui uma desaceleração a curto prazo.
Acho que há aqui uma série de investimentos que têm que ser feitos e que podem, porventura, implicar uma desaceleração desse ritmo.

Não valoriza muito este dado, de Fernando Medina, de ter a dívida abaixo dos 100%?
Acho que é importante, mas não é essencial.

Não pode até prejudicar a imagem de um futuro governo dizer que a barreira está de novo acima dos 100%?
Não gosto desse tipo de números que nos servem de crachá ao peito, valorizar excessivamente essa descida dos 100%, que naturalmente é histórica, mas dar-lhe um excesso de importância na forma como fazemos o debate cria-nos depois esse problema que é ficarmos agarrados.

Mas o próprio PS não tem dado um excesso de importância a esse crachá?
Talvez.

E o que é que o incomoda?
Não sei se é o PS. Na verdade, o PS em si e o Governo em si, comunicando…

O PS tem feito disso a bandeira central destes anos.
Tem falado mais sobre o resultado orçamental do que sobre a barreira dos 100%.

Mas este ministro das Finanças tem falado muito da questão dos 100% da dívida e falou nisso até na apresentação deste Orçamento do Estado. Incomóda-o mais isso, genericamente, ou que o crachá fique ao peito de Fernando Medina?
Não me incomoda nada que o crachá fique… Fernando Medina é um quadro fundamental no futuro do PS e essa parte é inegável. Aliás, as notícias já vêm sinalizando a sua disponibilidade para integrar a liderança de Pedro Nuno Santos. É um esforço de união. Reconheceu na própria noite das eleições, ou na véspera, que foram ditas coisas, e eu julgo que no exercício da autocrítica foram ditas coisas que podiam ter sido poupadas, concordo. Mas, portanto, acho que esse esforço de união acaba todos e o Fernando Medina é um quadro com capacidades que o PS não pode desaproveitar. Dito isto, e sob o crachá, já o PS pôr o crachá ao peito, traz para si essa responsabilidade. Eu julgo não ter ouvido o Pedro Nuno Santos falar desse tema nunca. Mas também nunca ouvi o Pedro Nuno Santos perder a importância do rigor das contas públicas. Agora, o rigor das contas públicas é uma causa maior do que o crachá dos 100% ao peito, diria eu.

"Fernando Medina é um quadro fundamental no futuro do PS e essa parte é inegável."

Mariana Mortágua desafiou esta sexta-feira o PS a dizer que acordos quer fazer já na próxima legislatura até antes da campanha. O Bloco já deixou claro que quer assinar um novo acordo escrito, é esse o caminho que o Pedro Nuno Santos deve seguir e deve assumir isso antes das eleições?
Sobre a autonomia estratégica do PS, mais do que se o caminho é ou não a esquerda, o PS tem o seu espaço marcado há muito tempo e esta liderança não muda o posicionamento estratégico. O PS é o grande partido da esquerda portuguesa, é um partido, nas palavras do Pedro Nuno Santos, mais uma vez, de esquerda moderada, europeísta.

Mas isso exclui acordos…
Não exclui. Este é precisamente o caráter e é essa a autonomia estratégica do PS, que eu julgo que durante a campanha para alguns não era claro o que é que significava essa capacidade de se entender em determinadas matérias ao centro, quando o PSD chega ao centro, e à esquerda, quando a esquerda se aproxima de uma posição… O PS deve ser claro na maneira como deve fazer esses acordos para as pessoas saberem em que é que vão votar, e se faz sentido haver, por exemplo, acordos escritos como o Bloco quer? O PS deve ser claro no que é a sua visão e o seu programa para o país. A sua estratégia de alianças é relativamente irrelevante porque a estratégia de alianças resulta do quanto é que os partidos se conseguem aproximar nos seus programas durante a campanha, o debate vai-nos aproximando a todos, não é? E, portanto, a forma como debatemos as propostas uns dos outros vai-nos aproximando e vai criando algumas pontes naturalmente. Mas nada disso interfere depois com o resultado. O resultado, a vontade dos portugueses expressa nas urnas e concretizada nos seus representantes na Assembleia da República, é o que nos permite tornar clara uma política de alianças. Antes disso, estamos a discutir cenários infinitos. Há umas vantagens, mas tem alguns problemas. Dito isto, habitação, nomeadamente, regulação do mercado do arrendamento, que é um dos mercados mais liberais, da Europa, a aposta nos serviços públicos, em particular na saúde e na educação, e leis laborais também, eu diria que são quatro pontos fundamentais e prioridades que aproximam o PS da esquerda. E a esquerda do PS.

Pedro Nuno Santos não corre o risco de ter no ex-líder António Costa uma espécie de fantasma como Pedro Passos Coelho tem sido de Luís Montenegro?
Não, não me parece.

“Costa não estará disponível para esse papel de andar a assombrar”

Não acha que António Costa vai andar por aí? Ele tem parecido bastante ativo, até quase em campanha.
Eu acho que o primeiro-ministro tem sido muito claro que tem um mandato que tem a intenção de cumprir e a execução do PRR que tem a intenção de cumprir enquanto tiver estas funções. Cessando as suas funções, não tenho dúvidas que não estará disponível para esse papel de andar a assombrar, mas também convém ter presente que o primeiro-ministro é um homem com muitos anos de PS e, portanto, é muito importante para ele…

Já deve meter os papéis para a reforma ou não?
Eu isso não diria. Mas há uma diferença entre meter os papéis para a reforma e pairar.

Não lhe está a custar sair de cena? Aparece todos os dias com uma obra em várias áreas setoriais.
Diria que é obrigação para quem tem uma agenda do PRR aparecer a prestar contas do seu trabalho. O PSD agora aparece a dizer “isto vamos estudar”, a minha preferida é a da comissão independente e de criar um grupo de sábios, que o TGV vai voltar a ser estudado, que deve ter começado a ser discutido no dia a seguir à discussão do aeroporto. Se tivermos esta lógica com outros partidos temos um problema sério, se na habitação formos reavaliar os investimentos do PRR vamos perder o projeto de negociação com os municípios que foi feito nestes anos. Compreendo a importância de sinalizar aquilo que é um compromisso com o país. A ideia de que a ação governativa está ao serviço do PS e não dos portugueses é perigosíssima.

Um ex-líder que sai da forma como saiu não pode criar aqui uma espécie de liderança bicéfala?
O primeiro-ministro já sinalizou um dever de recato, imposto aliás pela Comissão Nacional de Eleições, a partir do dia 15.

Há uns dias, Pedro Nuno Santos disse que o Governo ia falar e ficou um dia a arder em lume brando. Não há aqui uma falta de solidariedade?
O tema [CTT] manteve-se na agenda surpreendendo toda a gente, não foi deixar alguém à espera e muito menos falta de solidariedade, antes pelo contrário, tenho visto um enorme alinhamento.

Mas foi forçado a falar antes do Governo.
Foi um alinhar da posição muito claro.

"Eu julgo citar corretamente as palavras do secretário-geral do Partido Socialista quando digo António Costa será o que quiser."

António Costa tem futuro no país ou fora dele?
Eu julgo citar corretamente as palavras do secretário-geral do Partido Socialista quando digo que António Costa será o que quiser.

“Nunca direi que sou prejudicado pelo meu apelido”

O peso do seu apelido pode travar uma ascensão no futuro do governo de Pedro Nuno Santos?
Sobre o que é que acontece com o governo acho que é absolutamente irrelevante. Sei que há uma tendência e muitas vezes as pessoas gostam de dizer que são muito prejudicadas pelo seu apelido. Eu confesso que acho um exercício bastante estranho para mim. Há pessoas que gostam, há pessoas que não gostam, há pessoas que projetam os pais nos filhos e os filhos nos pais, faz parte da vida. Acontece a todos, acontece mais a quem, como eu, é filho de um político que é político desde 1993 ou desde 1989. Naturalmente, acontece-me mais. Nunca direi que sou prejudicado pelo meu apelido.

Não se sente mais livre agora?
Isso já não parece matéria política, isso é matéria pessoal e familiar.

Mas sente-se livre para ambicionar um cargo no governo ou acha que essa condição acaba por ter um teto?
No fim deste debate será porventura a última vez que falei, formalmente, como filho do secretário-geral do Partido Socialista. Obviamente, isso dá-me uma liberdade diferente, mas é uma liberdade, não é uma questão política. As limitações que eu impus a mim mesmo são uma decisão pessoal, íntima e familiar. E não uma decisão política porque eu há pouco disse em jeito de brincadeira, mas é verdade: eu, como outras pessoas, temos tendência a ser mais exigentes com os nossos pais do que somos com as outras pessoas. Portanto, eu disse há pouco tempo sobre outra pessoa que é preciso algum recato para falar em público sobre as decisões da família porque há um lado emocional que é difícil dissociar.

Na última Vichyssoise, isto é ainda sobre o seu futuro, disse o seguinte: a minha indicação aplica principalmente o compromisso e uma paixão pela cidade de Lisboa, é esse o meu espaço e o meu interesse. É presidente de junta, vê-se mais a ser candidato, por exemplo, a uma autarquia como Lisboa do que propriamente a ser governante?
A minha área de interesse será sempre a cidade de Lisboa, a minha relação com a cidade. Mas há um histórico que tenho de participação e de direção de campanhas eleitorais que também é um gosto político. Agora, obviamente, vejo-me muito mais depressa sendo candidato a uma autarquia em Lisboa do que sendo governante. Obviamente, o centro da minha visão da política não se alterou.

Eu sei que o próximo ciclo é de Marta Temido, mas num ciclo futuro admite vir a enfrentar aquela que é a maior autarquia no concelho que é a própria autarquia?
Uma pessoa não pode dizer que o centro da sua visão e do seu interesse político é a cidade de Lisboa e depois excluir esse programa. Agora, o ciclo que vem será, diria eu, da Marta Temido, se ela assim entender. Há um caminho para trilhar e afirmar o PS como alternativa na cidade. Isso é o mais importante que existe, independentemente dos rostos. A Marta Temido, como eu disse na altura, é uma solução incontornável, é uma boa solução, se assim quiser. Mas o importante é que o PS construa um programa que afirme a forma diferente de ver o governo dos destinos da cidade.

E vamos então avançar para a nossa fase do Carne ou Peixe. Tem que escolher uma ou duas opções. Com quem preferia ir de metro até à nova estação da Estrela, ali perto de São Bento, daqui a um ano: Luís Montenegro ou André Ventura?
Luís Montenegro. Porque é que eu queria ir de metro para a Estrela com André Ventura? É perto de São Bento? 

O presidente da Junta de Campo de Ourique tinha uma reunião no Ministério das Finanças. Quem é que preferia encontrar na cadeira de ministro: Fernando Medina ou Mariana Mortágua?
Fernando Medina. Reuni muitas vezes com o Fernando Medina, é dos políticos com quem mais reuni. Várias pessoas vão ficar com a ideia que há um problema entre mim e o Fernando Medina que não existe. 

Preferia estar no governo de Pedro Nuno Santos ou na vice-presidência de uma câmara presidida por Duarte Cordeiro?
Todas as escolhas que incluam o Duarte Cordeiro vão ser sempre difíceis. Vice-presidente da câmara de Duarte Cordeiro.

Onde é que preferia marcar um encontro daqui a dois anos e meio com o antigo líder do PS: nos pastéis de Belém, em Lisboa, ou num café da Grand Place, em Bruxelas?
A idade é um posto e portanto deixava-o escolher onde é que preferiria esse encontro.

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