796kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

GettyImages-1201790245
i

Getty Images for The Recording A

Getty Images for The Recording A

Quem é Russell Brand, o auto-intitulado viciado em sexo? Da comédia às acusações de agressão sexual

Conhecido pelo seu auto-intitulado vÍcio de sexo, Russell Brand, de 48 anos, esteve sempre perto das polémicas. Agora é acusado de violação, agressão sexual e abuso emocional por quatro mulheres.

    Índice

    Índice

Numa investigação que dura há mais de um ano, o jornal The Times e o canal televisivo Channel 4 estão agora a desvendar a má conduta do comediante, influencer e ator Russell Brand durante o pico da sua fama. Enquanto a Polícia Metropolitana de Londres apela a que todas as potenciais vítimas se revelem e apresentem queixa, o ator nega todas as acusações de violação, agressão sexual e abuso emocional de que é alvo.

O caso foi revelado no sábado, depois de os meios de comunicação terem denunciado os relatos de quatro mulheres que entre 2006 e 2013 dizem ter sido vítimas de Russell Brand. Naquele período de sete anos, o ex-comediante trabalhava como apresentador na BBC e no Channel 4 e depois como ator em Hollywood. O mesmo período apanha ainda o casamento de 14 meses do ator com a cantora Katy Perry e um relacionamento amoroso com a modelo Kate Moss.

Desde a publicação, o The Times avançou que tem sido contactado por “várias mulheres” com alegações sobre os comportamentos de Brand desde o início dos anos 2000. Uma delas remonta a 2003. No entanto, as mais recentes acusações ainda não foram investigadas e “serão agora rigorosamente verificadas”.

Russell Brand viu agora todos os seus programas serem retirados do Channel 4, enquanto a Netflix foi instada a fazer o mesmo.

Quem é Russell Brand e como é que ascendeu à fama?

Conhecido pelo seu auto-intitulado vício de sexo, Russell Brand, de 48 anos, sempre aliou a comédia à fama. A sua carreira no entretenimento começou em 2000 quando, nos espetáculos de stand-up, utilizava as suas experiências pessoais para fazer o público rir. Sempre aberto sobre o seu consumo ilegal de drogas e o seu vício em sexo, Brand viu a sua carreira despoletar quando, em 2005, passou a ser o apresentador do programa Big Brother’s Big Mouth, do Channel 4.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

De calças de ganga justas, roupa escura e cabelo comprido, a sua aparência ganhou destaque — à mistura do carisma e humor — e rapidamente o colocou no radar. Passou a ser um símbolo da cultura pop da época.

GettyImages-57192973

Getty Images

No entanto, apesar da fama, as polémicas não deixavam o comediante que, em 2008, depois de ter sido transferido para a BBB Radio 2, protagonizou aquele que foi um dos maiores escândalos da história da BBC. Num telefonema para Andrew Sachs — que deveria ter sido entrevistado por Brand no programa dessa noite mas não apareceu — Brand deixou uma mensagem de voz ofensiva para o ator, na qual ficava claro que tinha tido relações sexuais com a sua neta.

Na época, mais de 40 000 pessoas apresentaram queixa. A BBC Trust acabou por ser multada em 150 000 libras pelo Ofcom.

Apesar de ter sido despedido, a carreira de Brand não ficou por aí. Foi nessa altura que começou a participar em filmes de Hollywood, onde conheceu a cantora norte-americana Katy Perry, que colaborou no filme Get Him to the Greek. Os dois ficaram noivos e casaram em 2010. Divorciaram-se dois anos depois. Na época, Katy Perry descreveu o comportamento de Brand como “muito controlador”. “Senti-me muito responsável pelo fim da relação, mas depois descobri a verdadeira verdade, que não posso necessariamente revelar porque a guardo no meu cofre para um dia de chuva”, disse a cantora norte-americana numa entrevista à Vogue em 2023.

GettyImages-122720653

Getty Images

Ao longo dos anos destacou-se pelas suas opiniões políticas e da sociedade, tendo desenvolvido um grande grupo de seguidores. Mais recentemente envolveu-se no mundo das teorias da conspiração em vídeos publicados no YouTube e na plataforma Rumble.

Acusado de agressão sexual por quatro mulheres

Apesar de ser conhecido pelo seu vício em sexo, é a primeira vez que o ator é acusado de má conduta sexual. O primeiro caso remonta a 2006 e envolve uma menor de 16 anos com quem Russell Brand manteve um relacionamento de três meses. Na época, Russell tinha 31 anos e era apresentador de rádio da BBC e do programa Big Brother’s Big Mouth. Segundo a jovem, o comediante manteve uma relação controladora com ela e tratava-a frequentemente pela alcunha “a criança”. Alegadamente, Russell também lhe deu “guiões” sobre como mentir aos pais e aconselhou-a a esconder a relação dos amigos, descrevendo a experiência como “isolante”.

A relação foi consensual, mas a jovem denuncia que uma vez foi forçada a fazer sexo oral e só conseguiu afastar Russell quando o esmurrou no estômago.

Comediante e influencer Russell Brand acusado de violação, agressão sexual e abuso emocional

Outra mulher, Jordan Martin, acusa o ex-comediante de a ter agredido sexualmente e ter sido física e emocionalmente abusivo durante a relação de seis meses que mantiveram em 2007. De acordo com o The Guardian, Martin alega que Russell agrediu física e sexualmente Martin num hotel em Manchester quando descobriu que a mulher tinha falado com um ex namorado.

Russell Brand reconheceu que houve uma fase da sua vida em que foi “muito promíscuo”, mas garantiu que todas as relações sexuais que manteve foram consensuais.

Outra mulher acusa também o ex-comediante de violação, dizendo que foi violada com penetração contra uma parede, na casa do artista, em Los Angeles, em 2012, depois de ter recusado participar numa atividade sexual com um amigo de Brand. A mulher foi inclusivamente atendida nesse dia num centro de saúde de apoio a violações, onde foi testada — e os jornalistas tiveram acesso a estes registos médicos. Acabou por confrontar o artista horas depois por mensagem escrita, onde o acusou de ter abusado dela e escreveu “Quando uma rapariga diz ‘não’ é ‘não’”. Brand pediu desculpa.

Uma quarta acusa o ator de a ter agredido sexualmente quando trabalharam juntos em Los Angeles. A mesma contou que conheceu o ex-comediante numa reunião dos Alcoólicos Anónimos e que ele tentou beijá-la e tirar-lhe a roupa enquanto a prendia, e que ela gritou para parar: “Eu gritava: ‘O que estás a fazer, para, por favor, és meu amigo'”, disse.

Mais tarde, Brand terá ameaçado que a iria processar se o caso viesse a público.

Russell nega todas as acusações

Antes mesmo de a investigação ser revelada, o ator veio a público negar todas as acusações. Num vídeo partilhado nas redes sociais, Russell Brand afirma ter recebido duas cartas “extremamente perturbadoras” com uma lista de ataques agressivos e de “acusações muito graves” que o ator nega “absolutamente”.

Russell Brand reconheceu ainda que houve uma fase da sua vida em que foi “muito promíscuo”, mas garantiu que todas as relações sexuais que manteve nesse período foram consensuais.

Em resposta ao início desta polémica, várias empresas com quem o ex-comediante colaborou entre 2006 e 2013 abriram uma investigação. Foi o caso da BBC, com quem Russell Brand trabalhou entre 2006 e 2008, que disse estar a “analisar com urgência” as “alegações sérias” que foram denunciadas por uma investigação.

Por sua vez, a Banijay Reino Unido, que comprou a Endemol — que produziu programas que tiveram o comediante como apresentador, como o Big Brother’s Big Mouth, — emitiu um comunicado onde afirmou estar ciente “das alegações muito sérias” relacionadas com a “suposta má conduta grave de Russell Brand enquanto apresentava programas produzidos pela Endemol”.

Por isso, anunciou, citada pelo The Guardian, a abertura de uma investigação interna “urgente” e encorajou “qualquer pessoa que sinta que foi afetada pelo comportamento de Brand enquanto trabalhava nessas produções” a contactar a empresa.

GettyImages-71588503

Getty Images

Também a Amnistia Internacional instou as mulheres denunciarem a existência de uma eventual “reclamação ou preocupação” relacionada com o comportamento de Russell Brand durante a sua participação em dois eventos de stand-up por si organizados, em 2006 e em 2012.

Apesar de não ter recebido quaisquer denúncias até ao momento, a organização encoraja “qualquer mulher a dizer se há algo que seja preocupante que tenha vivenciado naqueles momentos”.

Antes da Amnistia Internacional, já a Trevi Women & Children’s Charity, organização que apoia mulheres vulneráveis que se encontram a recuperar de uma adição com sede em Inglaterra, tinha cortado laços com o influencer e com sua instituição de caridade, a Stay Free Foundation (que apoia e financia projetos que trabalham para ajudar as pessoas com problemas de saúde mental e na “recuperação de vícios”).

Da BBC à Amnistia Internacional. Empresas com as quais Russell Brand colaborou investigam acusações de agressão sexual

No Instagram, a Trevi Women & Children’s Charity relembrou que Russell Brand teve conhecimento do trabalho que desenvolve no ano passado e escreveu que as “revelações dos meios de comunicação têm sido difíceis de processar”. “Como uma instituição de caridade cujos valores colocam as vozes das mulheres no centro do que fazemos, sempre priorizámos o apoio às mulheres afetadas pela violência e pelo abuso e queremos capacitá-las para viverem sem violência e medo”, acrescentou.

Channel 4 retira episódios com Russell Brand

Russell Brand viu agora todos os seus programas serem retirados do Channel 4, enquanto a Netflix foi instada a fazer o mesmo. Os episódios de The Great British Bake Off e de Big Brother’s Big Mouth, que incluíam o ex-comediante, foram retirados da plataforma online.

“Retirámos todo o conteúdo com Russell Brand enquanto investigamos o assunto”, avançou um porta-voz do canal britânico no domingo, citado no The Telegraph. “Isso inclui episódios do Great British Bake Off e os conjuntos do Big Brother em que ele apareceu”.

Por sua vez, a Polícia Metropolitana de Londres (MET) continua trabalhar sob o caso e a apelar o contacto das vítimas. “Estamos cientes das reportagens do The Sunday Times e do Channel 4 sobre alegações de crimes sexuais”, afirmou o porta-voz da MET.

“Falámos pela primeira vez com o The Sunday Times no sábado, 16 de setembro, e desde então fizemos novas abordagens ao The Sunday Times e ao Channel 4 para garantir que qualquer pessoa que acredite ter sido vítima de um crime sexual saiba como comunicar o facto à polícia”, acrescentou.

“Continuamos a encorajar qualquer pessoa que acredite ter sido vítima de um crime sexual, independentemente do tempo decorrido, a contactar-nos”.

Assine o Observador a partir de 0,18€/ dia

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Vivemos tempos interessantes e importantes

Se 1% dos nossos leitores assinasse o Observador, conseguiríamos aumentar ainda mais o nosso investimento no escrutínio dos poderes públicos e na capacidade de explicarmos todas as crises – as nacionais e as internacionais. Hoje como nunca é essencial apoiar o jornalismo independente para estar bem informado. Torne-se assinante a partir de 0,18€/ dia.

Ver planos