“Não há milagres” e as obras em Lisboa vão implicar um “incómodo para as pessoas”. Carlos Moedas não tem dúvidas de que os próximos anos serão difíceis no que toca à circulação na capital, mas garante que há um bem maior a ser assegurado: “Estas obras são essenciais para a cidade.”
Expansão do Metro de Lisboa, realização do plano de drenagem, reabilitação da rede de saneamento e repavimentação de ruas. Todos os planos previstos para os próximos anos na cidade de Lisboa são sinónimo de trânsito e de alterações na mobilidade, a maioria das quais vão entrar em vigor esta quarta-feira. São tudo problemas no dia a dia de quem circula na capital — de carro e também de transportes — e uma coisa é certa: as obras vão prolongar-se no tempo. Afinal, o que está a acontecer em Lisboa e como é suposto saber o que está em obras e onde?
O que se passa com o trânsito em Lisboa?
Lisboa tem em curso aquilo a que tem sido chamado um “conjunto de obras estruturais” que vai condicionar a mobilidade na cidade durante os próximos anos. Em causa estão diversas questões: o plano de drenagem (que pretende evitar cheias na cidade) na Av. da Liberdade e Santa Apolónia; a requalificação da Rua do Arsenal e topo norte da Praça do Comércio; a alteração dos coletores da Rua da Prata e da Av. Infante D. Henrique e a expansão da linha verde do Metro de Lisboa.
A autarquia lisboeta tem explicado que as obras são “fundamentais para preparar a cidade para os desafios do futuro, na mobilidade, saneamento e património” e admite que “vão, inevitavelmente, condicionar o sistema de acessibilidades na cidade”, nomeadamente na Av. 24 de Julho e Zona Ribeirinha — uma das primeiras zonas com condicionamentos graves.
Como saber quais as vias condicionadas? E quando?
Os condicionamentos são tantos e em tantos locais da cidade que o site da Câmara Municipal de Lisboa disponibilizou um mapa interativo onde é possível ver tudo o que se está a passar, ao minuto: a morada, o tipo de restrição, as datas e o objetivo das obras.
O mapa, agregado ao Google Maps, tem as zonas afetadas a vermelho e, ao carregar em cada traço, é possível obter todas as informações sobre cada condicionamento — e os motivos vão desde a “plantação/poda de árvores” a “betonagens/cargas e descargas” até a “obras na faixa de rodagem”.
Uma data de mudança: 26 de abril
Os condicionamentos na Zona Ribeirinha estão entre os principais a ocorrer nos próximos tempos e têm início a 26 de abril. Em causa está a interrupção da circulação rodoviária ao trânsito geral nessa zona, mas também na Av. 24 de Julho, em ambos os sentidos, e entre a Av. Infante Santo e a Av. Mouzinho de Albuquerque.
Numa conferência de imprensa em que foram anunciadas as novas mudanças no trânsito da cidade, o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Anacoreta Correia, explicou que na Avenida 24 de Julho “será possível usar o corredor bus provisoriamente, uma medida temporária, que visa responder a este obstáculo, e que durará até julho se não houver achados arqueológicos que possam atrasar”.
No que toca à Avenida Brasília, o vereador da Mobilidade referiu que será possível “circular nos dois sentidos” e no Cais do Sodré vai “privilegiar-se um movimento circular contínuo e o menor atravessamento possível para evitar bloqueios como já acontece hoje”.
No site da autarquia lisboeta são propostas várias alternativas, sendo que várias têm passagem pela Quinta Circular (explicação abaixo).
- Sentido Parque das Nações/Algés: desvio para Av. Mouzinho de Albuquerque em direção ao centro, pela Quinta Circular;
- Sentido Algés/Parque das Nações: desvio para Av. Infante Santo em direção ao centro, pela Quinta Circular;
- Sentido Norte/Sul:
Trânsito proveniente da Av. da Liberdade: inversão no Rossio e regresso ao Marquês de Pombal.
Trânsito proveniente da Av. Almirante Reis: inversão no Martim Moniz ou Praça da Figueira/Rossio / Restauradores.
Trânsito proveniente do Príncipe Real: desvio na Praça Luís de Camões, para a Calçada do Combro / Estrela.
No que toca a trânsito local, a autarquia sugere:
Cais do Sodré: Em Algés ou Alcântara, opte pela Av. Brasília – Rua Cintura do Porto de Lisboa.
Praça D. Luís I: no Largo de Santos, pode usar o corredor bus, que será partilhado.
Rua da Esperança: apenas acessível a residentes e transportes públicos.
Na Baixa-Lisboa estará interdito o acesso de veículos com peso superior a 3,5 toneladas, ao Centro Histórico, na Baixa, entre as 8h00 e as 20h00. E as cargas e descargas devem realizar-se à noite.
O que é a Quinta Circular?
É uma opção imaginária que tem como objetivo afastar a circulação automóvel da Baixa-Lisboa. Chama-se “Quinta Circular” e foi a solução arranjada pela autarquia para que os carros vão de Alcântara até ao Parque nas Nações sem passar pela baixa da cidade, que estará condicionada a partir de 26 de abril.
Alcântara – Estrela – Rato – Conde Redondo – Praça do Chile – Paiva Couceiro – Parque das Nações. É esta a rota que os condutores devem percorrer para fugir às zonas com “vias cortadas” (assinaladas a vermelho na primeira imagem abaixo) e à “área de circulação condicionada” (assinada a amarelo na mesma imagem).
Por outras palavras (agora na voz de Carlos Moedas): evite-se passar na Baixa “se o destino final não é a Baixa”. Ou seja, quem pretende ir para a Baixa pode continuar a fazê-lo (consciente de que há condicionamentos) e quem não vai deve utilizar outras opções, de preferência a tal Quinta Circular.
Nem só na estrada há complicações
Se o trânsito dá cabo da cabeça dos condutores, há outros problemas na mobilidade da cidade, desde já devido ao plano de expansão do Metro de Lisboa que prevê o prolongamento da estação Rato (da linha amarela) à estação Cais do Sodré (da linha verde) com duas novas estações: Estrela e Santos.
Há alterações constantes, desde mudanças temporárias de horários ao encerramento de estações. O Metro de Lisboa revelou que nos dias 22 e 23 de abril (sábado e domingo), o troço Cidade Universitária/Rato (e no sentido inverso) da linha amarela abrirá ao público apenas às 09h00 (em vez de ser às 6h30) e de domingo a 28 de abril encerrará às 23h00.
Mais do que isso, as estações de Telheiras e Alvalade encerraram este domingo, dia 16 de abril, até ao dia 26. A estação de Telheiras volta a encerrar no dia 2 de maio e assim permanecerá durante dois meses, até ao dia 7 de julho. Nas mesmas datas estará encerrado o troço entre o Campo Grande e a Cidade Universitária, na linha amarela.
Também no fim de semana de 29 e 30 de abril não vão ser possíveis deslocações entre a estação do Campo Grande e o Rato.