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O surfista terminou a carreira há oito anos, mas continua a regressar ao Capítulo Perfeito todas as temporadas

World Surf League via Getty Imag

O surfista terminou a carreira há oito anos, mas continua a regressar ao Capítulo Perfeito todas as temporadas

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Tiago Pires. "O verdadeiro campeão do mundo de surf não vai ser o campeão olímpico. O campeão do mundo está na liga profissional"

Deixou a competição em 2016, mas regressa ao mar sempre que pode. Ao Observador, Tiago Pires deixa opiniões fortes sobre o surf nos Jogos Olímpicos e diz que nos tubos pode "bater-se com qualquer um".

Tiago Pires terminou a carreira no início de 2016, há cerca de oito anos, pouco depois de ter sido pai pela primeira vez. As decisões estavam interligadas e nenhuma provocou a outra: deixou o surf porque não queria deixar a família em Portugal enquanto competia, começou a pensar em ter uma família a partir do momento em que os resultados no surf já não apareciam com tanta facilidade.

A nova vida de Tiago Pires, “free as a bird”

“Sempre admirei bastante quem conseguiu viajar com família, porque a logística de um surfista não é nada fácil. Quando andamos ao mais alto nível, acabas por ter que te proteger e preparar muito bem. Teres cinco pranchas é, mais ou menos, o mínimo para um campeonato. Andas sempre com coisas às costas. Não me imagino a viajar com pranchas, filhos, carros de bebés… Teria de montar uma estrutura muito sólida, levar a minha mulher, uma babysitter e outras coisas”, explicou ao Observador precisamente há oito anos, poucas semanas depois de tornar pública a decisão de deixar de competir profissionalmente.

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Tiago Pires foi o primeiro português a competir no World Championship Tour

World Surf League via Getty Imag

Passaram oito anos. E mais dois filhos. Tiago Pires é agora um verdadeiro embaixador do surf nacional, um exemplo para as gerações mais jovens, o primeiro português a ter competido no World Championship Tour (WCT). Atualmente com 43 anos, o surfista natural de Alvalade e com uma ligação umbilical à Ericeira abriu um restaurante, tem uma escola de surf e continua a entrar no mar sempre que pode. Para competir, porém, só abre uma exceção.

Mesmo depois de terminar a carreira, Tiago Pires nunca deixou de participar no Capítulo Perfeito, o evento de ondas tubulares que procura o melhor dia de inverno para surfar. A décima edição, que já está atualmente no habitual período de espera, não será exceção: o surfista surge como um dos ex-campeões convidados, ao lado de Nic von Rupp ou Aritz Aranburu, e vai competir diretamente com jovens como João Maria Mendonça, Kika Veselko ou Salvador Vala, todos nascidos depois de 2000.

Um Capítulo Perfeito que deixou de ser Perfect Chapter: competição de tubos volta a Carcavelos com a hipótese de ter a primeira mulher

No dia de apresentação do evento, num hotel no Estoril onde não abdicou dos óculos de sol mas trocou os habituais ténis por botas, explicou ao Observador o porquê de continuar a voltar ao Capítulo Perfeito – e, mais especificamente, aos tubos. “Nunca penso se para o ano estou cá ou não. Para este tipo de surf não tenho muitas limitações, a não ser que parta uma perna. Se estiver minimamente bem fisicamente e como foi uma coisa que fiz durante quase 30 anos, com muita vontade, muita técnica, muito treino, posso continuar. Vou querer continuar a vir enquanto achar que posso trazer alguma coisa para o evento e fazer estragos”, atirou.

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Tiago Pieres na Nazaré, numa das edições anteriores do Capítulo Perfeito

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Há um ano, assistiu com vista privilegiada ao tricampeonato de Nic von Rupp, que se tornou o primeiro a conquistar o Capítulo Perfeito pela terceira vez. Apesar do otimismo de quem está “minimamente bem fisicamente”, Tiago Pires não esconde que a idade pesa de ano para ano – a idade e os filhos. “Hei-de parar, um dia. Mas ainda não chegou o dia. Mas cada ano que passa… Psicologicamente estou sempre preparado, fisicamente acho que já não, infelizmente. A diferença do ano passado para este ano é que tenho mais uma filha. E claro que isso rouba tempo, por muito bons motivos, mas rouba tempo, rouba mar, rouba forma física. Mas a cabeça continua sempre preparada e com vontade de competir num evento como este”, garantiu.

A carreira do surfista teve sempre associado o nome de José Seabra, treinador e mentor que conheceu quando tinha apenas 16 anos, na década de 90. Juntos, desenharam o sonho e o projeto de chegar à elite do surf mundial – algo que, na altura, parecia praticamente impossível. Mas conseguiram. E José Seabra conta muitas vezes a história de chegar à praia em dia de torneio, muito cedo e quando todos os outros miúdos ainda estavam a dormir, e encontrar um jovem Tiago Pires a ver o mar.

“Esse miúdo já não mora em mim, infelizmente. Mas a vontade de fazer tubos, a vontade de mandar umas surfadas, ainda cá está. Agora as prioridades são outras, tenho três filhos, tenho uma família, tenho outros projetos profissionais. O surf continua a fazer parte da minha vida e tento sempre moldar a minha vida para não perder muitas sessões boas de surf”, indica o surfista, acrescentando que ainda quer “estar sempre na equação” quando se fala de tubos. “Sinto que consigo bater-me com qualquer um. Este é o único dia do ano em que ainda tenho um tipo de sentimentos que já desapareceram há uns anos”, sublinha, referindo-se ao Capítulo Perfeito.

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Tiago Pieres na Ericeira com Kanoa Igarashi, medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio

World Surf League via Getty Imag

Desde que Tiago Pires terminou a carreira, em 2016, o surf adquiriu uma nova dimensão competitiva: os Jogos Olímpicos, com Ítalo Ferreira e Carissa Moore a conquistarem as primeiras medalhas de ouro de sempre em Tóquio, numa competição onde estiveram as portuguesas Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins (Frederico Morais também se qualificou, mas falhou a prova após testar positivo à Covid-19). Em ano de Jogos, com Teresa Bonvalot já qualificada para Paris e a possibilidade de surgirem mais nomes, o surfista tem uma opinião morna sobre o surf enquanto modalidade olímpica.

“Não sei, sinceramente. Não tenho muita vontade. O surf foi um desporto que se fez a si próprio, fez-se sozinho, a nível privado. Muito honestamente, o caminho olímpico e toda a controvérsia que tem dado e todas as polémicas que tem gerado deixa um pouco a desejar. Claro que é muito aliciante para qualquer miúdo ter apoios do Comité Olímpico, ter as bolsas. Mas acho que vai ser sempre complicado o surf ser um desporto olímpico que faça vibrar os atletas. Vai ser sempre aquela coisa de ‘preciso disto para ter apoios'”, começa por dizer.

Ainda assim, algo é certo. Ítalo Ferreira e Carissa Moore foram campeões olímpicos, têm as medalhas de ouro em casa e estarão sempre no topo do surf internacional. Mas Tiago Pires defende que nem isso é assim tão líquido. “O verdadeiro campeão do mundo não vai ser o campeão olímpico. É um campeão olímpico, sim, mas o verdadeiro campeão do mundo está na liga profissional. É o que surfou melhor as ondas mais conceituadas do mundo durante um ano e que provou isso mesmo em frente a toda uma seleção dos melhores do mundo. E o próprio critério de seleção olímpica deixa muito a desejar, há muita politiquice envolvida. Sinceramente, não me faz sonhar. O surf é um desporto que atrai multidões, que atrai massas, e se calhar ainda não conseguiu encontrar o caminho certo para se vender”, termina.

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