790kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

Foto de Joanne Savio

Foto de Joanne Savio

Um filme à procura das histórias de Cesária Évora: "Quando conseguiu uma casa, pôs uma panela ao lume para dar de comer a toda a gente”

Estreia-se esta quinta-feira nas salas portuguesas o documentário biográfico de uma das maiores cantoras de sempre. A realizadora Ana Sofia Fonseca revela-nos como o fez e o que descobriu no processo.

Ana Sofia Fonseca está em casa no Mindelo, Cabo Verde, a cozinhar um risotto de búzios. Diz-se que, quando estamos sozinhos, completamente distantes do mundo lá fora, a luz das ideias dá um ar da sua graça. Não para melhorar a receita, mas para desatar um nó no cérebro que nos leva ao próximo passo. Esse passo, para quem decidiu ser jornalista e também realizadora — mas principalmente “contadora de histórias” — abriu caminho para o documentário sobre a “diva dos pés descalços”, Cesária Évora (1941-2011), voz maior da música cabo-verdiana, que, à beira dos seus 50 anos, se tornou numa das grandes figuras da música do mundo do final do século passado, um ícone que colocou Cabo Verde no mapa.

Mais de uma década depois da morte de Cesária, Ana Sofia Fonseca (“Setembro A Vida Inteira”, de 2018) mostra agora este trabalho que demorou cinco anos a colocar de pé. Muito material de arquivo, daquele que pensamos já nem sequer existir, muitas entrevistas e muita vontade de contar uma “lição de humanidade”, a história de uma artista que nunca se deixou apanhar pela fama. Quer estivesse a cantar para uma audiência composta só por militares, quer estivesse em Hollywood, do outro lado do mundo. Em qualquer cenário. “A Cesária, em qualquer sítio onde fosse, preocupava-se em saber onde podia comer uma cachupa, onde estavam os cabo-verdianos. Quantos filmes temos sobre mulheres negras, pobres, a morar em África? De repente, com mais de 50 anos, sem a imagem de beleza tradicional, ela consegue conquistar o mundo inteiro sem nunca se deixar conquistar. Foi imune à fama”, conta Ana Sofia Fonseca numa conversa com o Observador no Centro Cultural de Cabo Verde, em São Bento, Lisboa.

Um documentário intimista, quase como um vídeo caseiro que ganha nova vida, com a lente voltada para a complexidade da artista africana. Dos problemas com o álcool, do sonho de ter uma casa, de se ser mulher negra e pobre a romper o mundo com a música, da dicotomia entre uma África pobre e esquecida, redescoberta por um ocidente à procura da próxima grande estrela. Um retrato que, partindo de uma jornalista, iria sempre à procura de explicar quem foi, afinal, Cesária Évora. Ou não? “Este não é um filme panfletário. Enquanto jornalistas tendemos para a explicação. No cinema quero, cada vez mais, explicar menos. Quem vê o filme faz a sua leitura, tem de ter espaço para imaginar. Abordei temas como o racismo que me pareceram importantes para perceber a Cesária e, mais uma vez, nenhum deles a diminui. Só a engrandece. Podemos todos rever-nos nela”, conta.

[o trailer de “Cesária Évora”:]

Cada um tem uma imagem particular de uma artista de quem gosta. Quando vemos filmes deste género, fica revelado um lado mais controverso. Como é que o público tem lidado com esta faceta mais complexa de Césaria Évora?
Depende muito dos públicos. Já tive a oportunidade de apresentar o filme a públicos com salas cheias, em que poucas pessoas a conheciam, o que foi, de certa forma, surpreendente. Reagiram no final muito bem, perguntavam-me: “como é que não conheci esta pessoa antes?”. Também me lembro de um jovem de 16 anos que foi a contragosto ver o filme no festival South by Southwest porque os pais queriam ir e arrastaram-no. No fim, os pais falaram comigo, trocámos emails e disseram-me que o filho toma banho a ouvir as músicas dela. Quem não a conhece, fica encantado com a voz e a história. Também já apresentei o filme em salas com gente que a conhecia bem, em Lisboa ou em sítios menos óbvios, como a Polónia, e é engraçado ver como é que o público reage, às vezes choram, outras vezes riem. Isto mostra-nos porque é que esta mulher é uma diva tão especial. Não é só pela voz, mas também porque é um exemplo máximo da condição humana. É como nós todos, de carne e osso. Com fortalezas e fragilidades. Sou suspeita, acho mesmo que a Cesária era uma mulher extraordinária. Só que tentei que o filme também fosse sobre Cabo Verde, era impossível não tocar em assuntos como o colonialismo porque vivemos num tempo em que é obrigatório olhar para o passado e não cometermos os mesmos erros.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Que papel acha que o cinema pode ter para esse diálogo sobre o colonialismo? Em Portugal tem acontecido, mas continua com muitas barreiras. O cinema pode criar essas emoções, mas poderá levar a refletir no tal momento em que vivemos?
Este não é um filme panfletário. Parece-me que não há só um caminho. Tem de haver um que seja mais direto e duro e acho que o cinema pode ter um pouco esse papel. As coisas ficam inconscientemente. Às vezes resulta melhor abordar os temas através da história de uma pessoa. Aqui não existiu a imposição deste tema claramente. Mas está lá. Vemos a Cesária a cantar para marinheiros das Forças Armadas durante a guerra colonial, por exemplo. É importante colocar o foco nisso.

Há jornalistas que se transportam para o cinema documental porque permite uma maior profundidade mas também parcialidade. Mas a Ana Sofia quis mostrar o tal lado do consumo de álcool de Cesária, por exemplo. Era impossível, sendo jornalista, não o fazer? Trata-se de não endeusar uma diva?
Enquanto jornalistas tendemos para a explicação. Para abordar os vários temas e explicá-los, ouvir as várias partes envolvidas no assunto. No cinema quero, cada vez mais, explicar menos. Ainda estou no processo. Quem vê o filme faz a sua leitura, tem de ter espaço para imaginar. Está a ser um caminho, quero mostrar mais. Abordei temas que me pareceram importantes para perceber a Cesária e, mais uma vez, nenhum deles a diminui. Só a engrandece. Podemos todos rever-nos nela.

"No dicionário da Cesária não entravam expressões que, hoje em dia, estão muito na moda: emancipação feminina, igualdade de género, entre outras. Não conhecia essas expressões, mas conhecia esses assuntos na pele."

Como quando visitava os Estados Unidos da América e procurava pelos cabo-verdianos. Não deixava de ser uma filha da sua terra.
Em qualquer sítio onde fosse. Preocupava-se em saber onde podia comer uma cachupa, onde estavam os cabo-verdianos. Quantos filmes temos sobre mulheres negras, pobres, a morar em África? De repente, com mais de 50 anos, sem a imagem de beleza tradicional, consegue conquistar o mundo inteiro sem nunca se deixar conquistar. Foi imune à fama.

Estava em casa a receber as pessoas, dava comida às prostitutas, aos toxicodependentes, às classes mais pobres.
Ela só queria mesmo ter uma casa. Quando conseguiu, pôs uma panela ao lume para dar de comer a toda a gente. Para mim faz sentido contar essas histórias, porque é inspirador, porque a vida de qualquer um pode mudar a um determinado momento, independentemente de onde se vem. No dicionário da Cesária não entravam expressões que, hoje em dia, estão muito na moda: emancipação feminina, igualdade de género, entre outras.

Não tinha noção do poder que carregava.
Não conhecia essas expressões, mas conhecia esses assuntos na pele. À sua maneira, sem discursos, através da sua forma de viver, deixou um exemplo e lutou contra esses preconceitos. Agora fala-se muito, temos imensos discursos, mas a Cesária não os tinha aí. Não era uma mulher de muitas palavras. Vivia-as. Ajudou imensa gente. Pôs o país no mapa, a morna nos ouvidos do mundo, hoje é património imaterial da humanidade.

A realizadora, Ana Sofia Fosenca, e Cláudia Rita Oliveira, que no filme "Cesária Évora" assinou a montagem

Estamos aqui em Lisboa, no Centro Cultural de Cabo Verde. A nível político existe uma preocupação em dar palco às minorias. De que lugar vem essa intenção? É que que no filme vemos precisamente isso: o fascínio por Cesária Évora, por Cabo Verde, que também era comercial. Não haverá aqui ainda um lado condescendente do ocidente à mistura? Como está na moda…
Ainda há outra coisa que é importante: não podemos esquecer que a Cesária teve a fama que teve, tal como diz o Djô da Silva, porque surgiu num bom momento. No início dos anos 90 há um interesse, que começa em França, pela música do mundo. Um interesse pelo o outro muito maior do que hoje em dia, acho. Hoje acho que não há a mesma abertura para a música do mundo tradicional.

Mas existe uma abertura para a nossa relação com África.
Depende. Temos bolhas. Se para umas pessoas há mais interesse e consciência, por outro lado, vemos a extrema direita a subir ao poder. Portanto… infelizmente acho que não estamos a viver uma altura muito pacífica. Faz-me muita impressão que, depois de tudo o que já se viveu, como é que as pessoas se esquecem tanto do passado. Acontece a vários níveis. Estava a tomar café cedo e, ao meu lado, estava um senhor a explicar como é que no tempo do Salazar “é que era bom”. Há uma fantasia com o passado que é muito perigosa. Porque se as pessoas não tivessem memória, não víamos este crescimento da extrema direita.  Não podemos escamotear assuntos como o racismo, se não persistem.

Não seria mais importante mostrar o filme ao senhor do café do que num festival cultural onde há mentes mais abertas?
Sim. Não sei é se estou tão otimista quanto a isso. É preciso as pessoas terem curiosidade e abertura de espírito. O mundo está muito a preto e branco  quando já devíamos ter percebido que nada é assim. Vivemos no tempo das notícias falsas, num tempo estranho em que toda a gente tem ideias tão feitas e tão fechadas que, por vezes, não é fácil despertar as pessoas para outros pontos de vista. Mas, por outro lado, quero ter esperança no dia de amanhã. Não se pode desistir. Esta discussão não pode ser de elites, tem de ser de todos e para todos. Como se faz? Aí tenho mais dúvidas…

"Não conhecia expressões como 'emancipação feminina' ou 'igualdade de género', mas conhecia esses assuntos na pele. À sua maneira, sem discursos, através da sua forma de viver, deixou um exemplo e lutou contra esses preconceitos. Agora fala-se muito, temos imensos discursos, mas a Cesária não os tinha aí. Não era uma mulher de muitas palavras. Vivia-as."

A realizadora Ana Sofia tem mais esperança no mundo do que a jornalista Ana Sofia…
Tenho de ter esperança. Tenho, sim. Temos feito um caminho incrível. A situação das mulheres não é a que era há uns anos, nem a das minorias. Mas ainda há muito para fazer. Agora.

Falemos do documentário. Foi fácil estabelecer a relação com a família da cantora?
Foi-se estabelecendo. Demorei muito tempo a encontrar as primeiras imagens. Depois foi tudo acontecendo. Conheço bem Cabo Verde, São Vicente, tenho lá casa. Foi-me mais fácil, e se há coisa que prezo no filme foi a quantidade de gente boa que conheci. A parte de pesquisa de arquivo teve dias de nos enlouquecer, outros mais felizes. Qualquer conquista era uma super conquista. Uma coisa é fazer um trabalho sobre um famoso em França, onde já havia máquina de filmar naquela altura, por exemplo. Outra é fazer uma pesquisa sobre alguém muito pobre e excluído e arranjar arquivo. Quando descobrimos material dos anos 60 fizemos uma festa incrível. Este processo foi feito com a Rosa Teixeira da Silva, estávamos há dois anos à procura de dois senhores da Marinha, que tinham 20 anos em 1968, estava a ser muito difícil. Chegaram a dizer-nos que tinham morrido. Enfim. Quando a Marinha resolveu ajudar-nos, ligaram a dizer que tinham um telemóvel de uma das pessoas que achávamos que era uma delas. Nesse dia, quando lhe ligo, o senhor não queria acreditar que estávamos à procura dele. Lembrava-se perfeitamente da história. E vivia a 15 minutos de minha casa em Lisboa.

Raramente acontece.
Sim, sim. O manager da Cesária Évora, muito tempo depois de me ter conhecido, diz-me um dia que tem uma máquina de filmar. Que filmou muita coisa, mas não sabia onde estava. Começámos à procura, disse que me dava tudo. Procurou-se em Lisboa, Cabo Verde, Paris, nada, nada. A certa altura, manda-me uma fotografia de um saco de plástico com algumas máquinas e cassetes. Foi no início da pandemia, não havia voos, tivemos de esperar, mandar tudo através de uma pessoa. A cidade fechada, não se via ninguém. Foi um dia histórico.

"Havia um sentimento de orfandade, a Cesária deixou um vazio grande. A morte dela, de certa forma, matou o modo de vida de muita gente"

Alguma vez conheceu Cesária Évora?
Não. Vi vários concertos, mas nunca cheguei a falar com ela. A primeira vez que achei que se devia fazer um documentário sobre ela, foi poucos dias depois da sua morte, em dezembro de 2011. Fiquei à porta de casa a observar as pessoas a passar. Havia um sentimento de orfandade, a Cesária deixou um vazio grande. A morte dela, de certa forma, matou o modo de vida de muita gente. Lembro-me de achar que alguém devia fazer um filme sobre ela.

Como foi o primeiro contacto?
Demorou. Isto foi em 2011, só fazia jornalismo. Ficou a ideia. Comecei a fazer cinema documental, mas quando se quer respeitar e fazer muito uma história, as coisas vão andando. Até que em 2017 estou em Cabo Verde, gosto de cozinhar um risotto de búzios, e um amigo diz-me que tenho de estar lá no Carnaval no ano seguinte para desfilar, porque a Escola de Samba Tropical fazia 30 anos e havia uma homenagem à Cesária. Não desfilei, mas já lá estaria a filmar. Claro que começou nesse dia quando estava a cozinhar, comecei logo a fazer contactos.

Consegue ser crítica deste documentário?
Depende das fases. Se for para o momento em que o fecho, era mesmo aquilo. Acho que o filme tem várias opções estéticas e narrativas que foram tomadas desde o início, outras que se foram construindo. Tudo foi muito pensado. Pensámos no ritmo, cortámos momentos que pensávamos que eram os melhores, mas que, de certa forma, quebravam o ritmo. Faz parte, é a magia da edição e do cinema. Neste puzzle é preciso jogar com o ritmo. Foi o filme que quis fazer, está feito. Agora, fico contente quando vejo a reação das pessoas.

"O manager da Cesária Évora, muito tempo depois de me conhecer, diz-me um dia que tem uma máquina de filmar. Que filmou muita coisa, mas não sabia onde estava. Começámos à procura, disse que me dava tudo. Procurou-se em Lisboa, Cabo Verde, Paris, nada, nada. A certa altura, manda-me uma fotografia de um saco de plástico com algumas máquinas e cassetes. Foi no início da pandemia, não havia voos, tivemos de esperar, mandar tudo através de uma pessoa. A cidade fechada, não se via ninguém. Foi um dia histórico."

Porque é que só fez com recurso voz-off? Porque é que os testemunhos não aparecem?
Boa pergunta. Sabia que não queria ter talking heads, gosto de ver cinema assim, já fiz outros projetos assim. Não é a primeira vez. Este filme é sobre a Cesária Évora, não é sobre a música de Cabo Verde ou sobre os grandes músicos de lá. Quem fala no documentário está lá, mas podiam estar outras pessoas. A vida dela foi feita de décadas muito intensas. Toda a gente que faz parte da nossa vida tem um papel. Se formos a Cabo Verde é igual. Escolhemos pessoas que, de alguma forma, foram marcantes e que representam um determinado período. Estas pessoas aparecem a contar histórias específicas, são personagens que nos ajudam a contar a história da personagem principal. Aparecem sempre a falar do que aconteceu. São personagens datadas que nos ajudam a construir uma época. Não me fazia sentido ter de mostrá-las no presente. É um filme de som, de música. Uma mulher que conquistou o mundo inteiro com a voz. É um filme de vozes.

Temos também momentos de silêncio, uma espécie de voyeurismo entre o espectador e a protagonista. Como é que se lida com o silêncio em cinema?
É muito importante. Dá espaço à voz do espectador. Ajuda a interiorizar. O silêncio é tão narrativo como qualquer voz. O jogo entre o silêncio e a música ou vozes é muito importante. Esses momentos também foram muito pensados.

Olhemos para o presente e futuro. Não acha que existe, a nível de criação cinematográfica, uma intenção hiperrealista?  O documentário toma muitas vezes essa corrente, mas pode brincar com a ficção. O que prefere? A Cesária quase que parece uma personagem de ficção.
O documentário atravessa uma fase muito boa.  E existem vários géneros. Há documentários feitos com atores. Quase tudo é possível. Quanto a mim, gosto de contar histórias reais, mas podemos usar técnicas da ficção. Faz-se isso muitas vezes na reportagem, temos de envolver quem vê. A história da Cesária parece de ficção, como alguém diz, é como se fosse um conto de fadas.

"É uma lição de humildade. Como viveu não vivendo a fama, é muito bonito", diz Ana Sofia Fonseca

Pierre Ren

Um conto sem fadas.
Exato, exato…

O momento atual do cinema português, integrado em circuitos diferentes, a conquistar reconhecimento e prémios, acha que será bom para si?
É um momento ótimo, sim. Para mim, enquanto espectadora, primeiro. Depois, acho que é para toda a gente que trabalha na área ou que quer trabalhar nela. Sinto-me como alguém que está a entrar, venho do jornalismo, não sou a realizadora mais experiente do mundo. Não ando aqui há 30 anos a fazer filmes. Como a Cesária levou a morna aos ouvidos do mundo, abriu portas para outros o fazerem, acredito que os portugueses que o fazem com o nosso cinema vão também abrir portas e criar um maior reconhecimento. O cinema em português não é só cinema de Portugal. Vem de muitos sítios.

Quando decidiu ir para o cinema foi porque o jornalismo a limitava nessa vontade de contar histórias?
Sempre tive uma paixão enorme por cinema e literatura. As coisas foram acontecendo. Queria contar histórias com outro tempo. Permite-nos dar um passo atrás. Um certo distanciamento. A reflexão. Fui à procura desse universo de hipóteses. Não foi algo muito consciente. Claro que não deixo de ser jornalista, faz-me impressão ter de pensar em rótulos. É importante dar voz a quem não tem.

"Os jornais não podem ser redes sociais nem ter os mesmos padrões. O problema é que as pessoas acham que a informação está aí, não se importam de consumir notícias falsas. A importância da verdade não é a mesma. É estranho..."

O jornalismo pode ser ativista?
Somos humanos e há coisas impossíveis de compactuar. Mas o jornalismo deve informar e, para fazer isso, tem de ter alguma imparcialidade. É um pilar da democracia. Os cidadãos só podem escolher conscientemente se estiverem informados. É preciso seriedade e credibilidade. Não pode ser panfletário.

E ainda é um contrapoder? Ou está a aproveitar-se dos populismos? Já percebeu que lugar é que tem nesta nova realidade?
Há de tudo, quem faça um ótimo trabalho e quem faça péssimo trabalho. As notícias falsas são um desafio muito grande, só se combate com um jornalismo sério e rigoroso. Os jornais não podem ser redes sociais nem ter os mesmos padrões. O problema é que as pessoas acham que a informação está aí, não se importam de consumir notícias falsas. A importância da verdade não é a mesma. É estranho…

Cesária dizia que não acreditava em sonhos. A Ana Sofia tem algum que seja tangível?
Vou dizer algo muito batido mas… não penso para onde vão os meus filmes. Devoro-me tanto na produção e realização até ter o filme… o importante é a história, sentir que está contável. Adoro a fase toda de fazer o filme. A sua trajetória são as pessoas que decidem. Espero que esta história chegue a muita gente. Ninguém faz filmes para não serem vistos. Não faço planos para o futuro deste documentário. Fico feliz com o que vai acontecendo.

O que é que aprendeu com a Cesária sobre a vida?
É uma lição de humildade. Como viveu não vivendo a fama, é muito bonito.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora