Várias partilhas nas redes sociais afirmam que a FDA (Food and Drug Administration), a organização que regulamenta os medicamentos e os alimentos nos Estados Unidos, foi obrigada a divulgar documentos confidenciais da Pfizer, uma das farmacêuticas responsáveis pelo desenvolvimento de vacinas contra o novo coronavírus. Na publicação que analisamos, é dito que nesses documentos a Pfizer confirma a existência de óxido de grafeno na composição das vacinas, um componente “tóxico e mortal para o ser humano”. A informação é falsa.

A publicação mostra-nos uma imagem retirada de artigo do site “The Exposé”. E é desse artigo que surge o boato. O site mostra-nos também páginas do documento que a FDA alegadamente terá divulgado. Mas a informação encontra-se também noutros sites.

Não há qualquer indício de que se trate de um documento verídico e oficial, uma vez que uma pesquisa nos sites da FDA e da Pfizer não gera qualquer resultado. É possível encontrá-lo através do site de uma organização não governamental chamada Medical and Public Health Professionals for Transparency, sem provas dadas de que seja confiável.

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A premissa do boato está relacionada com o facto de na sétima página do alegado documento da Pfizer, relativo a um estudo sobre a proteína Spike (presente nas vacinas contra a Covid-19), ser mencionada a utilização de óxido de grafeno como parte da experiência, não como componente da vacina.

Em relação ao que contém a vacina contra a Covid-19, a Pfizer tem a informação divulgada no próprio site e na lista não consta a utilização de grafeno, nem qualquer derivado.

Não é a primeira vez que o Observador desmente boatos sobre a utilização da proteína Spike nas vacinas contra a Covid-19, nomeadamente um rumor de que seria tóxica para o ser humano. O que não se verifica.

Em junho de 2021, surgiram publicações nas redes sociais que alegavam que o grafeno seria utilizado na composição de vacinas. O Observador desmentiu a informação, à semelhança do que volta a fazer agora.

De resto, o grafeno trata-se de um composto com várias aplicações no campo clínico. Em 2016, o Observador publicava um artigo em que explicava que se trata de um material que pode ser usado “na medicina, eletrónica, optoeletrónica, nas células solares ou em materiais compósitos”. Contudo, o uso deste material não é destinado a vacinas.

O isolamento deste composto foi conseguido pela primeira vez em 2004, e valeu à dupla de cientistas Andre Geim e Konstantn Novoselov o Nobel da Física em 2010.

Conclusão

A informação espalhou-se por vários sites não oficiais e chegou às redes sociais. Contudo, não é verdade que a Pfizer tenha divulgado um documento em que admite existe grafeno na composição das vacinas contra a Covid-19, da mesma forma que o regulador farmacêutico dos EUA não confirmou essa informação. O documento mencionado nas publicações não é oficial, e pode ter sido mal interpretado, uma vez que se trata de um alegado estudo à Proteína Spike (utilizada nas vacinas). O documento também não está disponível em nenhum site oficial nem confiável. O conteúdo da publicação é falso.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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