Uma publicação com uma selfie reclama um “erro histórico”: “um funcionário eleitoral pró-Maduro” publicou uma fotografia nas redes sociais onde se veem gráficos, ao fundo em vários ecrãs, que dão a vitória eleitoral à oposição a Maduro. Será mesmo assim?

De acordo com esta partilha encontrada no Facebook mas também noutras redes sociais, alega-se que o funcionário “pró-Maduro” era “responsável pela contagem” de votos nas eleições na Venezuela a 28 de julho e que partilhou uma imagem que mostra mais do que pretenderia. “Revela acidentalmente em todas as telas a contundente derrota de Nicolas Maduro em vários estados”, escreve este utilizador. Na selfie, escreve o utilizador, é possível “ver os gráficos de pizza nas telas dos funcionários com a oposição (azul) destruindo Maduro (vermelho) em todas as telas.

O homem que surge na fotografia é Rubén Flores, chefe do Mercado de Alimentos (Mercal) do Estado de Aragua, uma rede de mercado que faz parte de um programa social do Governo venezuelano — e cujo logótipo se pode ver ao fundo da sala onde foi tirada a selfie. Segundo o Effecto Concuyo, um órgão de comunicação social independente na Venzuela, a imagem foi publicada na noite de 28 de julho, na conta de Instagram de Rubén Flores, e esteve visível até à manhã seguinte, altura em que a conta ficou privada.

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Não é possível afirmar, através da imagem que foi partilhada, que nos ecrãs estivesse o resultado eleitoral e também não é possível dizer que mostrassem uma vantagem para a oposição. Recorde-se que na noite eleitoral as projeções davam vantagem à candidatura de Edmundo González Urrutia.

O resultado da eleição presidencial na Venezuela continua envolto em controvérsia, com Nicolas Maduro a reclamar a vitória, que lhe foi atribuída pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição mantém que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia, obteve quase 70% dos votos. Vários países, incluindo Portugal, pediram a verificação independente do resultado. O Supremo Tribunal da Venezuela está a rever as atas da eleição.

Supremo Tribunal da Venezuela revê resultados de eleições presidenciais

Conclusão

Publicação surge num momento de tensão na Venezuela e de discórdia sobre o resultado da eleição presidencial — cujas atas ainda estão a ser revistas pelo Supremo Tribunal do país — e contribuiu para essa discussão ao atribuir uma selfie a um funcionário eleitoral pró-Maduro que teria revelado uma suposta “fraude eleitoral”. Mas a fotografia não é de um funcionário eleitoral, mas de um dos chefes de um dos mercados da rede Mercal, ainda criada por Hugo Chávez. Também não se trata de um centro de contagem de votos, já que na sala estão logótipos e uma bandeira da rede Mercal, e também não há provas que nos ecrãs com gráficos estejam resultados eleitorais. O que consta nesses ecrãs não é legível.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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