Há várias publicações difundidas nas redes sociais que asseguram que o famoso apresentador de televisão britânico Piers Morgan ficou doente, contraindo uma variação do vírus que alegadamente daria origem à SIDA, depois de se ter vacinado contra a Covid-19. A acompanhar a suposta notícia, imagens de Piers Morgan hospitalizado e a receber ajuda para respirar.

Apesar de vários títulos de sites e fóruns online defenderem isto mesmo e garantirem que contraiu o tal vírus graças às “injeções tóxicas” que tomou, o próprio conteúdo dessas supostas notícias não o comprova. Mais: várias incluem os tweets originais do apresentador, onde não só não fala de nenhuma “síndrome de imunodeficiência adquirida” como elogia os benefícios da vacinação.

Além de não existir qualquer declaração pública de Morgan sobre a tal síndrome, o que existe são anúncios do próprio, no dia 5 de dezembro de 2023, de que testou positivo para a Covid-19 e que se sentia mal, com sintomas consideráveis. Ainda assim, explicava, apresentaria o seu programa, Piers Uncensored, nessa mesma noite.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Noutro post na rede social X (antigo Twitter), Morgan leu uma aparente crítica de um utilizador que lhe pergunta porque é que não tomou a mais recente dose da vacina. E respondeu com uma autocrítica, misturada com uma dose de sarcasmo: “Porque acreditei em todos os peritos anti-vacinas que me disseram que ela derreteria o meu cérebro e me transformaria numa avestruz. Não volto a cometer esse erro!”

Há ainda publicações em que assegura que, se não se tivesse vacinado, estaria seguramente a sofrer com sintomas piores, culpando-se por ter ouvido os “imbecis anti-vacinados” e ter tomado a última dose da vacina há dois anos, sem a reforçar posteriormente.

É preciso, de resto, esclarecer que não existem à data de hoje provas de que a tal “síndrome de imunodeficiência adquirida” através da vacina, que na internet é referida como “VAIDS” — semelhante à sigla “AIDS”, para SIDA — exista na realidade.

Como a Reuters explicava neste artigo, falando com especialistas da comunidade médica, a síndrome tem sido mencionada online desde dezembro de 2021, insinuando que a vacina provoca essa condição crónica provocada pelo vírus do HIV. Mas “não é uma síndrome real” e essa teoria é “absolutamente falsa”, defenderam especialistas como Donna Farber, chefe do departamento de Ciências Cirúrgicas e Professora de Microbiologia e Imunologia da Universidade de Columbia, ou Stephen Gluckman, professor de doenças infecciosas na Universidade da Pensilvânia.

Conclusão

Piers Morgan nunca disse que contraiu nenhuma síndrome por causa das vacinas, tendo aliás criticado os “imbecis anti-vacinas” em quem chegou a acreditar. De resto, não há provas de que essa síndrome seja sequer real, e a comunidade científica garante que essa tese é “falsa”.

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

IFCN Badge