A vinda de Lula da Silva a Portugal foi alvo de controvérsia. Entre outros acontecimentos, a visita, nos últimos dias de abril, foi marcada por uma manifestação organizada pelo Chega, no dia 25 de Abril, à porta da Assembleia da República, no mesmo dia em que o Presidente brasileiro discursou perante os deputados portugueses. Nas redes sociais, surgem versões de que os protestos contra a presença do Chefe do Estado do Brasil tiveram uma adesão tão forte, tendo-se mesmo assistido a uma “convocação nacional” que levou a que Lula da Silva e a primeira-dama, Janja da Silva, tivesse sido expulsos de Portugal.

“Convocação nacional em Portugal expulsa casal Janjo do país. Negócio ficou feio para o barba”, lê-se numa das publicações, que vem acompanhada de um vídeo do youtuber Fabiano Gulget.

No vídeo, Fabiano Gulget afasta a ideia de que as manifestações contra Lula da Silva “não foram nada demais”. Em vez disso, o youtuber traça um cenário que em maioria dos portugueses está “indignada”. “Não é somente o deputado André Ventura [presidente do Chega]. Há outras personalidades que estão protestando“, expõe, explicando que o Presidente brasileiro “trouxe muita corrupção para Portugal”.

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De acordo com Fabiano Gulget, Lula e Janja da Silva não estavam a passar dias “nada agradáveis” em território nacional, denunciando também o que diz ser a “farra dos petistas” devido aos custos e à dimensão da comitiva brasileira que acompanhou o Presidente brasileiro a Portugal.

Para provar o seu ponto de vista de que André Ventura não é o único deputado contra a presença do Chefe de Estado brasileiro em Portugal, Fabiano Gulget mostra um vídeo de Pedro Frazão, também ele deputado do Chega. O youtuber descreve a situação como “vexatória”. “E depois diziam que o Bolsonaro é que era um pária internacional”, atira, assegurando que Lula da Silva foi praticamente “expulso de Portugal”.

Uma manifestação contra Lula da Silva existiu efetivamente, tendo sido convocada pelo Chega no dia 25 de Abril, à porta da Assembleia da República. Mas esteve longe de assumir proporções como as relatadas quer na publicação, quer no vídeo: não teve uma dimensão “nacional”, contando apenas com a presença do partido de André Ventura e de alguns simpatizantes.

Em termos políticos, o Chega criticou duramente a visita de Lula da Silva, enquanto a Iniciativa Liberal se manifestou contra a presença do Presidente brasileiro no Parlamento, no dia 25 de Abril, por considerar que o líder do Brasil é uma “caixa de ressonância do discurso de Putin”, o que “está em contramão na estrada da liberdade”. De resto, os restantes partidos políticos com representação parlamentar nunca se manifestaram contra a presença do Chefe de Estado em Portugal.

Também não é verdade que tenha havido uma “convocação nacional” que tenha expulsado Lula da Silva de Portugal. No dia 25 de Abril, quando acabou o discurso na Assembleia da República (em que, sublinhe-se, houve protestos barulhentos dos deputados do Chega e em que a Iniciativa Liberal igualmente mostrou a sua reprovação ao apenas ter no plenário o líder da bancada parlamentar, Rodrigo Saraiva), o Presidente do Brasil seguiu a sua agenda oficial e embarcou para Espanha, não tendo sido “praticamente expulso” de território nacional. 

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Conclusão

Houve realmente uma manifestação contra a presença de Lula da Silva em Portugal, contudo, não assumiu proporções como as relatadas nas publicações e não levou a que o Presidente brasileiro fosse expulso de Portugal. O Chefe de Estado cumpriu os quatro dias de agenda e depois deslocou-se, tal como estava inicialmente previsto, para Espanha, no dia 25 de Abril, após ter discursado no Parlamento.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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