A publicação é vaga, não cita nomes ou números, o que é comum em notícias falsas que se tornam virais. Há um link para um artigo do “El Correo de España”, de 19 de agosto, que não tem mais do que três parágrafos. “O médico legista de Hamburgo, Klaüs Puschel, de que vos falava ontem, não está sozinho. Colegas búlgaros e britânicos confirmam que ninguém morreu devido à fantasmagórica Covid-19”, pode ler-se no início do texto. A informação é falsa e foi desmentida pelo próprio especialista citado. Quanto aos outros médicos “búlgaros e britânicos” não há dados que mostrem que existem sequer.

Klaus Püschel — é assim que se escreve corretamente o nome e não como é referido na notícia espanhola — foi claro em declarações feitas à agência noticiosa AFP dizendo “poder [confirmar]” que a notícia é “falsa”.

Diretor do Instituto de Medicina Legal do Hospital Universitário de Hamburgo-Eppendorf, na Alemanha, Püschel chegou a relativizar o impacto do novo coronavírus, defendendo que este matava praticamente em exclusivo pessoas idosas e com outras doenças. Em maio circularam notícias falsas que garantiam que o médico alemão tinha afirmado que ninguém tinha morrido de Covid-19. Na altura, o fact check do Observador demonstrou que as citações do especialista tinham sido retiradas do contexto. Nesse momento, como agora, nunca disse não ter detetado o vírus. O que explicou foi que em Hamburgo, onde trabalha, encontrou sempre outras doenças já existentes nessas pessoas. A amostra era local, não podia ser generalizada, como aconteceu.

“Claro que a pandemia de Sars-Cov-2 é real. Não é uma mentira. Em Hamburgo, autopsiámos 170 mortes [causadas] pelo novo coronavírus e publicámos os resultados nas revistas médicas mais reputadas. Porém, comparada com outras infeções virais (Sars, Mers, gripe), a Covid-19 é uma doença ‘normal’. Não é um ‘vírus assassino’, mesmo afetando inúmeras pessoas em países mal governados e com sistemas de saúde frágeis”, clarificou à AFP. O instituto que Klaus Püschel dirige confirmou que, desde o início da pandemia, morreram em Hamburgo 239 pessoas vítimas de Covid-19.

Conclusão

Não é verdade que médicos legistas de vários países tenham descoberto em autópsias de pacientes mortos devido à Covid-19 que, afinal, o vírus não existe. A publicação viral é vaga e não fornece dados concretos. O único médico identificado, Klaus Püschel, diz que afirmação é “falsa” e que o novo coronavírus “não é uma mentira”.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

Errado

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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