Um gráfico com três colunas e um título: “O Chega foi o partido que mais produziu.” Na imagem destaca-se uma coluna com a cara de André Ventura e o número 169 e depois duas mais pequenas: a IL representada por Rui Rocha com o número 92 e o PSD por Luís Montenegro com 58. Afinal, que leitura é feita neste gráfico e será ou não verdade que o Chega foi o partido que mais produziu na primeira sessão legislativa?

As informações divulgadas no gráfico são baseadas no balanço da atividade parlamentar que começou a 29 de março de 2022 e só terminou a 20 de julho 2023, apresentado no final da sessão legislativa pela Assembleia da República (a segunda mais longa de sempre). Nesse relatório, que é público e pode ser consultado através deste link, foi feito um levantamento das iniciativas de cada partido, numa tabela em que surgem também aquelas que foram aprovadas.

Tal como mostra o gráfico partilhado nas redes sociais, é verdade que o Chega está no topo da tabela dos partidos que apresentaram mais iniciativas durante o ano legislativo. Mas não está sozinho: o PAN tem exatamente o mesmo número de entradas — 169. E tem até menos deputados: o Chega conta com 12 parlamentares e o PAN é apenas representado pela deputada única Inês Sousa Real.

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O ano parlamentar em números na segunda sessão mais longa de sempre

Por outro lado, e não estando isso no controlo do partido, é também possível constatar que o Chega não aprovou nenhuma das 169 iniciativas que deram entrada no Parlamento, enquanto oito propostas do PAN conseguiram concluir o processo legislativa com a aprovação em plenário.

Logo a seguir a Chega e PAN surge o PCP com 153 iniciativas apresentadas (e três aprovadas), o Bloco de Esquerda com 128 (quatro com luz verde da maioria), a Iniciativa Liberal com 92 (nove tiveram o ‘sim’ do Parlamento), o Livre com 68 (seis aceites), o PSD com 58 (sete aprovadas) e o PS com 27 (apenas 16 passaram). No total, deram entrada no Parlamento 974 iniciativas, contando com as do Governo, assembleias regionais da Madeira e Açores e iniciativas de cidadãos.

O gráfico em causa tem dois problemas e, por isso, a informação não pode ser considera 100% verdadeira: apenas mostra e faz comparação entre os partidos de direita — só PSD, Chega e IL aparecem nas colunas — e ignora por completo o facto de o PAN ter exatamente o mesmo número de iniciativas apresentadas que o partido de André Ventura. Ou seja, é enganador dizer que o Chega foi o partido que mais produziu quando divide o primeiro lugar do top com outro partido, que até tem uma representação parlamentar menor.

Conclusão

A publicação em causa, com a sugestão de que o Chega foi o partido que mais produziu no que toca a trabalho na Assembleia da República, é considerada imprecisa por ter informação enganadora. Desde logo, exclui os outros partidos do gráfico. Mas, mais que isso, oculta o facto de o PAN ter o mesmo número de iniciativas, o que coloca o Chega como um dos dois partidos que mais produziu e não como o partido que mais produziu. Tanto um como o outro deram entrada de 169 iniciativas entre 29 de março de 2022 a 20 de julho 2023.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

De acordo com o sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact-checking com o Facebook.

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