Escrevi recentemente um texto sobre a grave situação internacional, em que numa visão porventura um tanto optimista, recordei que ao longo da história os tempos das grandes tragédias é também o tempo em que surgem os grandes homens, porventura agora as grandes mulheres, como aconteceu em 1939 com Winston Churchill, Roosevelt e De Gaulle. Até agora, nesta crise, já temos a figura incontornável de Volodymyr Zelensky, mas que no contexto da grande tragédia que enfrentamos não chega e precisamos urgentemente que a União Europeia compreenda que na guerra da Ucrânia poderemos ficar sem o apoio de Joe Biden a partir das eleições do próximo ano, ou mesmo antes, e seremos nós europeus que teremos a responsabilidade de liderar o mundo livre, com sangue, suor e lágrimas.

Transportando o axioma para Portugal, tenho de reconhecer que este não está a funcionar entre nós e que nos trinta anos que já levamos de uma séria crise de desenvolvimento político, económico e social e de atrasos relativamente aos outros povos europeus, continuamos à espera de um ou de vários políticos providenciais. Nestes trinta anos tivemos António Guterres, Durão Barroso, Santana Lopes, José Sócrates, Pedro Passos Coelho e agora António Costa, que independentemente das diferentes circunstâncias, não deram a Portugal a direcção certa de progresso e de desenvolvimento.

Veremos durante o próximo ano qual a qualidade do governo português e dos restantes governos da União Europeia, bem como a determinação dos povos europeus na defesa da independência e da integridade territorial da Ucrânia. Sendo que a União Europeia Já deveria estar neste momento a produzir aceleradamente o mais moderno e eficiente armamento militar e a encomendar a outros países tudo o que for necessário, o que nos compromete também a nós portugueses.

Não compreendo, por exemplo, que sabendo já que os drones se revelaram nesta guerra uma arma terrível, os diferentes países da União Europeia, incluindo Portugal, não estejam a produzir este equipamento aos milhares, usando para isso toda a capacidade, o engenho e a qualidade das empresas e dos trabalhadores europeus. É ainda incompreensível a passividade da União Europeia relativamente ao fornecimento à Rússia pelo Irão de milhares destas armas, sem uma reacção determinada dos povos e dos governos da Europa, o que inclui Portugal.

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É ainda preocupante que existam nesta conjuntura governos europeus que privilegiem a existência de quezílias com a Ucrânia e o seu Governo, enquanto morrem milhares de   ucranianos e o seu país é destruído pela besta russa, na defesa da liberdade e da democracia europeias.

Tem sido e é um ideal da União Europeia ser um bloco político liderante nos planos político económico e social no contexto de um planeta dividido em blocos, o que não passará de uma boa intenção sem o complemento de umas Forças Armadas das mais modernas e mais poderosas. É assim tempo de nesta conjuntura a União Europeia e os povos europeus compreenderem e actuarem sem hesitações em conformidade.

Ao longo de já muitos anos a União Europeia tem ajudado os países mais pobres e menos desenvolvidos, como Portugal, a modernizarem as suas infraestruturas produtivas no sentido de passarem a bastar-se na criação da riqueza necessária que permita a todos os povos providenciar ao desenvolvimento da sua economia e da sua própria criação de riqueza. Só que presentemente estamos em guerra pela sobrevivência da democracia e da liberdade em solo europeu e, como diz o povo, em tempo de guerra não se limpam armas. É assim de esperar que nesta conjuntura nenhum governo europeu deixe de assumir as suas próprias responsabilidade no seu próprio desenvolvimento, para que a União Europeia possa assumir as suas responsabilidades nesta guerra.

Nesta conjuntura nenhum povo europeu tem o direito de ficar de fora do esforço colectivo necessário para ganhar a guerra e, de alguma forma, libertar da ditadura e da opressão o povo russo. Devemos assim ser cristalinamente claros de que esta guerra não é contra o grande povo russo, que é também parte de uma Europa de paz e de progresso que, como europeus, queremos construir.

Em resumo, sejamos como europeus dignos dos outros europeus que nos libertaram do nazismo e que deram à Europa 75 anos de paz e de progresso.

25-09-2023