A cultura portuguesa é rica em tradições, valores e comportamentos sociais únicos que moldam a forma como as pessoas interagem e se relacionam. Entre esses comportamentos, há um particularmente “intrigante”: a mesquinhice do “favorzinho”. Este termo refere-se à tendência de solicitar e oferecer “pequenos” favores, muitas vezes de maneira informal e com a expectativa de reciprocidade, ou seja, obter algo em troca.
Em comunidades pequenas e/ou em tempos de escassez, os favores eram/são uma forma de garantir a sobrevivência. Esse comportamento está enraizado no conceito de reciprocidade, onde um favor prestado cria uma dívida implícita que deverá ser retribuída no futuro.
A mesquinhice surge quando esses “pequenos” favores se transformam em uma moeda de troca para obter vantagens pessoais, manipular situações ou estabelecer uma rede de obrigações. Esse comportamento pode minar a confiança e criar um ambiente onde a ajuda mútua é oferecida com segundas intenções.
Por exemplo:
- Usar contactos pessoais para conseguir emprego ou privilégios, muitas vezes sem considerar o mérito ou as qualificações.
- Pedir para “dar um jeitinho” em burocracias, evitar filas ou obter descontos que não são oferecidos a todos.
- Realizar favores menores esperando uma retribuição futura, criando uma teia de favores e obrigações.
A prática do “favorzinho” pode ter vários impactos negativos na sociedade portuguesa. Em ambientes profissionais, ou até mesmo políticos, por exemplo, pode prejudicar a meritocracia, levando à promoção de indivíduos com base em quem conhecem em vez de suas habilidades ou realizações. No contexto social, pode gerar desconfiança e ressentimento, pois as pessoas começam a questionar as verdadeiras intenções por trás de gestos aparentemente generosos.
Para mitigar a mesquinhice associada aos “favorzinhos”, é importante fomentar uma cultura de transparência e meritocracia. Incentivar a honestidade nas relações pessoais e profissionais e promover uma abordagem mais equitativa e justa, baseada em critérios objetivos em vez de em casualidades, pode ajudar a reduzir a dependência desses favores informais.
Dito isto, assistimos muito recentemente, a uma promessa de um “favorzinho” por parte do primeiro-ministro Luís Montenegro (LM), ao prometer apoiar António Costa (AC), caso este se candidate ao cargo de Presidente do Conselho Europeu.
Isto não é mais do que um “favorzinho” uma vez que, objetivamente e a acreditar na recente campanha para as Legislativas, LM não considerava AC capaz de reformar o país, acusava-o de ter contribuído decisivamente para o estado de estagnação em que vivemos. Ora, isto, são critérios objetivos para… não apoiar a sua eventual candidatura. Talvez seja pelo facto de AC ser português, mas não vejo de que forma a nacionalidade de alguém lhe atribui maior ou menor competência para assumir determinado cargo. A mim, parece-me um “favorzinho” ao PS na tentativa de obter algo em troca como, quem sabe, uma viabilização do(s) próximo(s) orçamento(s).
Mais transparente e baseado em critérios objetivos tem sido João Cotrim de Figueiredo (J CF), recentemente eleito para o Parlamento Europeu, ao manter o diagnóstico feito durante as recentes eleições legislativas, AC não foi capaz de reformar Portugal, muito menos será capaz de reformar a UE, que tanto precisa de reformas.
Assim, vamos mantendo estas “tradições” muito portuguesas que nos vão mantendo reféns uns dos outros e constantemente presos nestas teias de favores que impossibilitam uma visão clara e objetiva do país que queremos que podemos ser.
Portugal merece melhor, a Europa merece melhor.