O passageiro percebeu finalmente que tinha chegado ao fim da linha. Ou o mais provável é que o tenham feito perceber. Depois de ter tentado várias vezes ficar a dormir na carruagem no fim da viagem, desta vez António Costa percebeu que também podia ser despedido e lá convenceu o homem a procurar outro abrigo para passar a noite.

Cabrita e Costa são duas faces da mesma moeda, julgam-se acima da crítica e acima da lei, porque no seu imaginário basta ter o cartão do Partido Socialista para que qualquer pecadilho lhes seja perdoado. Afinal, ninguém como eles defende os interesses e os direitos de toda uma classe trabalhadora; por isso, que mal faz um imigrante estrangeiro morto aqui, ou um trabalhador português morto ali? O que interessa é que no PS, dizem os próprios, se defendem os direitos humanos.

Mas, se é assim, porque sai Cabrita a dois meses de eleições? Precisamente por isso, explica o próprio como quem diz: sou capaz de estragar os planos eleitorais ao Costa. António Costa diz que não, a ideia já vinha de trás, tão de trás que já nem o próprio ministro se lembrava que era para se demitir. E o próprio António Costa também só agora se lembrou que até já tinha pensado que talvez não tivesse o melhor governo e que seria melhor remodelar. Mas veio a dissolução do Parlamento e já agora escusava de queimar cartuxos que lhe podem ser úteis para o futuro.

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