Aprendi a respeitar o CDS, pela figura ímpar do Professor Freitas do Amaral e pelas ideias que ele defendia e pelo estilo moderado como o fazia.

Numa altura de revolução em curso, ele representava a via do reformismo e da moderação. O regime político de direita autoritária que sucumbiu com a revolução,  via renascer uma direita europeia, humanista e centrista, que o estilo professoral ajudava a conquistar adeptos.

O partido nasceu centrista por escolha e rápido cortou ligações com os mais extremistas e visões mais reacionárias que apesar de residuais sempre resistiram, através de partidos, como o PDC e o MIRN, Revistas e Jornais, que faziam do Prof. Freitas do Amaral, uma Ilha no pensamento da Direita em Portugal.

À sua figura incontornável,  juntaram-se figuras como Adelino Amaro da Costa, Luís Barbosa, Lucas Pires, Teresa Macedo, Oliveira Dias , Adriano Moreira, entre outras figuras que recordo, Adelino Maltez, Narana Coissoró e José Ribeiro e Castro.

Este grupo de notáveis, mostrou aos portugueses que a Direita não tinha que ser ultramontana, reacionária e atávica.

Este mesmo grupo, através da criação do Partido designado CDS, transportou para o Constitucionalismo português, a normalização das instituições civis, o sindicalismo livre, a escolha de uma sociedade aberta, a opção pelo mercado livre, a defesa da propriedade privada, a evocação do valor da vida, a abertura à Europa das liberdades.

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Um partido que combateu as liberdades civis, que o antigo regime sufocava e que o novo regime de Abril se preparava para excluir, rumo a um caminho que os portugueses não queriam e que a Assembleia constituinte queria impor aos Portugueses.

A Constituição de Abril, era para o CDS a Constituição da Liberdade e foi no exercício de plena liberdade que o CDS votou sozinho , contra essa Constituição.

O futuro havia de dar razão ao CDS. Este partido tinha as ideias bem arrumadas e o caminho era coerente, sólido e eloquente.

Os discursos de Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa e Lucas Pires, deveriam ser revisitados pelos seus militantes que podem encontrar ali um alento para recomeçar.

Esta memória de um Partido de Senadores e de um Partido de Quadros, conservadora e moderna, europeia e democrática, era sóbria e vestia pomposamente e com mérito o blaser azul marinho, que agora reaparece através do desfile de candidatos que se apresentam como um baile de máscaras e fantasmas, desfilando cabides de blaseres azuis, mas sem cabeça e sem orientação.

A antinomia entre os lideres do CDS e o seu povo, foi sempre de fricção, entre a moderação e o velho pau da autoridade que a Direita adora.

Porém, esta liderança deixou uma grande semente. A cedência à opinião dos eleitores , a política para abertura de jornais, tem eleitores de geometria variável e isso é fatal para o futuro.

Hoje, a antinomia entre povo e  liderança, entre partido (fora do eixo de Lisboa), como alguns gostam de dizer é que a liderança que se apresenta  a sufrágio interno, inverteu os papéis e assumiu o lugar do povo que quer crescer, mas não sabe como.

O desfile dos candidatos, apresenta um patine de gente de casaco azul mas apenas se destaca o cabide.

De um lado um “Padre Evangélico” que  se acha mais perto do Chega que da história do CDS, outro que conserva o hífen no nome para despertar uma memória aristocrática e um outro que não tendo  idade para jogar na seleção sub 20  tenta a sua sorte. O CDS, para contrariar o eixo Lisboa-Cascais, não podia deixar de ter um candidato da província.

O CDS o partido da liderança charneira, que estava sozinho e cresceu, corre o risco de  desaparecer, por apresentar um desfile  de não candidatos.

Os presidenciáveis naturais do CDS que honrariam a história do Partido existem, mas não querem ir a sufrágio.

Paulo Portas, pelo brilhantismo, Assunção Cristas pela origem civil com que chegou ao Partido, Manuel Monteiro pela idiossincrasia e o José Ribeiro e Castro, pela inteligência.

A singularidade e coragem de um jovem na corrida, merece todo o futuro, a sua juventude é parecida com a liberdade de Abril, ouve e gosta de Zeca Afonso mas discorda das letras. É um recomeço.