A primeira vez que trabalhei com equipas geo-distribuídas foi em 2017, eu estava no Porto, a equipa noutras cidades, em Portugal. Foi neste período que tomei consciência da importância da definição de processos comuns, para cada um concretizar o esperado, a gestão de conhecimento e, sobretudo, a dimensão que a motivação da equipa deve ocupar no dia-a-dia. Mais tarde, foi natural ingressar numa empresa exatamente da mesma forma, com um pano de fundo diferente: a pandemia global de 2020, que transformou radicalmente a forma de trabalhar.

Nessa empresa, a equipa era distribuída por vários países e foi estimulante lidar com estilos de comunicação e ação, crenças e formas de trabalhar distintas das minhas. Estando cada um no seu país, foi possível enraizar uma profunda coesão, que permitiu a concretização e resposta à situação que vivíamos. Tal ocorreu entre uma equipa que não se conhecia previamente e comunicava numa segunda língua, tendo como objetivo ambicioso estabelecer entidades da empresa em diversos países, partindo do zero.

Considero fascinante perceber como somos enquanto pessoas que gerem e são geridas em contextos digitais, por e com pessoas que, muito provavelmente, nunca vamos ver pessoalmente. Não utilizei a expressão “conhecer pessoalmente” propositadamente, pois com interações diárias, conversas, projetos em comum, é genuíno dizer que conhecemos as pessoas.

Na gestão de equipas é benéfico existir compreensão mútua de pressupostos de interação humana: empatia e entendimento do modelo do mundo do outro. Neste sentido, esta gestão deverá sempre ser intencional, quer no conhecimento, ações e responsabilidades, como nas motivações e pertença: tudo está ligado.

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Na gestão de conhecimento, devemos assegurar que todos sabem em que consiste a sua responsabilidade, têm informação necessária, tendo presente o modus operandi da cultura da empresa. Providenciar feedback e demonstrar confiança cimenta o compromisso com a organização e gera resultados. As interações devem ser regidas pelos princípios enunciados por Adam Grant: aprender, tomar decisões, fazer e criar laços na equipa. Sobretudo em diferentes fusos horários, ter foco e envolver todos de forma positiva e produtiva pode ditar o estado de espírito de cada um. Por conseguinte, quando há uma visão de equipa e da sua missão, traduzida nas ações do dia-a-dia, torna recompensador produzir resultados.

Nas motivações e compromisso, o investimento será feito na presença com a equipa, proporcionando feedback consoante as necessidades e com especial cuidado com a diversidade de cada um. Escutar e compreender, não se deixando contaminar por enviesamentos, proporcionará a abordagem mais adequada de humano para humano, com eficácia e sensibilidade.

Irrevogavelmente, comunicar é a base, por isso as reuniões de equipa com partilha de interesses podem trazer excelentes resultados. Não cair na tentação de reuniões de status exaustivas, de reunir apenas em equipa, negligenciando os momentos de um para um, é algo a considerar.

Cada ser humano é ímpar, e na empresa onde trabalho, a tecnológica Intellias, um dos valores que nos diz muito é precisamente o “Human to Human”. Sendo tal alicerçado numa simbiose entre as equipas que trabalham para o mesmo fim. O facto de estarmos distribuídos por três continentes não implica que não estejamos ativamente juntos, sabemos que, onde quer que estejamos, somos parte da equipa.