Não há como negar — a pandemia mudou tudo e colocou o poder nas mãos das pessoas. Flexibilidade, oportunidades de crescimento, propósito e autenticidade são agora alguns dos fatores na hora de escolher o próximo desafio profissional. Mas como é que a tua empresa se pode diferenciar, independentemente do modelo de trabalho adotado?

“Employer Branding? O que é isso?” é uma das perguntas que surgem sempre que falo do meu trabalho. Trocando em miúdos, é uma estratégia usada para criar uma perceção positiva da empresa enquanto entidade empregadora.

Mas uma breve nota: este artigo não é sobre como comunicar, mas sim como é que as organizações podem melhorar-se internamente para que a mensagem seja autêntica e, assim, possam atrair (e reter) mais talento.

Até porque Employer Branding não é só comunicação. É uma área que está intrinsecamente ligada à experiência das pessoas e, como tal, deve ser trabalhada de forma holística e sempre com o apoio da gestão de topo, não só porque dificilmente se vai conseguir implementar algo sem o seu aval, mas também porque é preciso que a liderança seja o exemplo daquilo que a organização comunica ser externamente.

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Analisar a visão, posicionamento e objetivos da empresa

Muitos profissionais caem no erro de comunicar o que as suas organizações fazem para massas, no entanto, para se ter candidatos alinhados é preciso perceber internamente qual o posicionamento da mesma no que diz respeito a estilo de trabalho, quais os objetivos a atingir, cultura, entre outros.

Apesar do trabalho remoto ser uma clara tendência no mercado, não significa que as empresas que não oferecem essa possibilidade não se possam destacar ou que não sejam boas empregadoras.

Se estas empresas forem claras na sua proposta de valor, isso vai atrair perfis adequados. Claro que quando algo é tendência e a empresa decide tomar uma decisão oposta, também terá de arcar com as consequências que, neste caso, pode ser acesso a uma pool de talento menor.

Conhecer bem a cultura organizacional

Comunicar genericamente só vai atrair candidatos que possivelmente não vão estar alinhados com os objetivos da empresa. Conhecer a cultura vai permitir que todos os conteúdos estejam alinhados com a realidade da organização. Uma forma de o fazer é através de conversas informais com os funcionários.

Compreender o que os colaboradores valorizam

Analisar, ouvir, melhorar e só depois transformar isso num output. Os atuais colaboradores representam um perfil genérico do tipo de pessoa que a empresa quer recrutar, por isso, perceber o que estes valorizam aumenta a sua satisfação e atrai talento de topo pela estratégia mais antiga do marketingword of mouth. É também conteúdo rico que pode ser incorporado num plano de comunicação.

Comunicar a realidade para depois reter

Esta é a premissa mais importante em comunicação. A gestão de expectativas evita mal entendidos, perda de confiança ou sentimentos de promessas que não correspondem à realidade. Nada vale comunicar que se é flexível ou compreensiva se, por exemplo, existe como política dias obrigatórios no escritório ou colaboradores que não se sentem bem para tirar a tarde para ir ao médico ou tratar de um filho doente. Partilhar o que a empresa é e pode oferecer aumenta o retorno dos esforços de comunicação e reduz a taxa de rotatividade a curto prazo.

A mensagem final é que, por muitas campanhas incríveis que se façam, o maior desafio em Employer Branding vai ser sempre o cruzamento das expectativas criadas nos possíveis candidatos com o que estes realmente pensam depois de se tornarem colaboradores.

Nesta área, não há maior conselho do que comunicar o que se é. E se o que se é não é bom, então é tempo de mudar.

Employer Branding Executive na Infraspeak

O Observador associa-se à comunidade Portuguese Women in Tech para dar voz às mulheres que compõe o ecossistema tecnológico português. O artigo representa a opinião pessoal do autor enquadrada nos valores da comunidade.