Digam o que disserem as sondagens para as Presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa está fortíssimo e, acredito, em vias de pulverizar o recorde de votação de Mário Soares em 1991. Incrível, a capacidade do homem para agradar a tudo e todos. Desta vez, em menos de vinte e quatro horas, Marcelo foi capaz de agradar a todo o tipo de resultado possível num teste à COVID. À noitinha testou positivo e de manhã, logo pela fresca, já deu negativo. Desconfio que, quando fizer de novo o teste, o resultado será um magnânimo, e esclarecedor, “Talvez”.

Isto em vésperas de confinarmos todos de novo. Porque não? Se da última vez que confinámos os resultados foram tão bons e tão duradouros. Como é que dizia o Einstein? “Insanidade é fazer a mesma coisa que fizemos na primeira vaga da COVID e não acreditarmos quando o Costa garante que esta é a melhor opção para termos um resultado diferente do de 2020.” Acho que era isto.

Fechados em casa podemos, a partir de agora, desfrutar de um Twitter livre de Donald Trump. A rede social expulsou o Presidente dos Estados Unidos da América. Eu a pensar que o Bin Laden tinha sido o supra-sumo ao nível dos fundamentalistas barbudos inimigos do que de mais fundamental representam os EUA e, eis senão quando, aparece um nerd, dono de um programa de computador, de seu nome Jack Dorsey, a excisar a liberdade de expressão do líder da terra dos livres. Acho que o senhor Dorsey não quer distracções enquanto se deleita com os tweets do Putin, do Erdogan e do líder supremo do Irão, Ali Khamenei.

A propósito da terra dos livres, uma semana após a invasão do Capitólio, o ex-governador da Califórnia e, mais relevante, claro, ex-Exterminador Implacável, Arnold Schwarzenegger, comparou este ataque à Noite de Cristal de 9 de Novembro de 1938, quando foram queimadas e destruídas sinagogas, lojas e casas de judeus na Alemanha e na Áustria. E aqui está a prova que a idade não perdoa. Nem mesmo ao Conan, o Bárbaro. Os reflexos do Comando já não são, claramente, os mesmos. É que Schwarzenegger podia ter feito esta comparação, um pouco mais a-propósito, em qualquer altura de 2020, ano durante o qual intermináveis motins promovidos pelos movimentos Antifa e Black Lives Matter provocaram mortes e destruição em dezenas de cidades norte-americanas. Mas não. Deu-lhe para tecer este comentário apenas agora. Felizmente, em 1991 o Exterminador Implacável estava num pico de forma, porque se calha ter a capacidade de reacção dos dias de hoje, neste momento andávamos todos à bulha com os assassinos cibernéticos da Skynet.

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Ah, e só mais um ou outro pormenor, dos bem aborrecidos, sobre este tema. A Noite de Cristal, comandada por forças paramilitares nazis, resultou na prisão de 30.000 judeus, levados para campos de concentração, e na morte de centenas de outros. E é vista como o prelúdio da implementação da solução final na Alemanha nazi, que culminou no assassinato de 6 milhões de judeus no Holocausto. Portanto, Invasão do Capitólio… Noite de Cristal… Hum… Talvez tenham sido eventos ligeiramente distintos. Mas em ambos houve vidros partidos, isso é indesmentível.

Segundo consta, até polícias e bombeiros estiveram envolvidos na invasão do Capitólio. O que só pode ser visto como extremamente positivo, pelo menos aos olhos de quem preconiza a plena igualdade. Se no ano transacto, durante meses a fio, os bombeiros tiveram de andar a apagar fogos postos por grupos de extrema-esquerda e os polícias andaram a fugir dos seus próprios veículos e esquadras, atacados por estas mesmas agremiações, parece-me apenas justo, em nome da tal absoluta igualdade, que agora também bombeiros e polícias tenham direito à invasão e destruição de uma ou outra propriedade.

No meio de todo este caos, para onde olhar em busca de esperança? Para a ONU, claro. Não, estava a brincar. Foi uma mera artimanha para comentar o facto de António Guterres ser candidato a um segundo mandato como secretário-geral das Nações Unidas. O que talvez não diga muito aos portugueses pois, amiúde, não se chega sequer a perceber como funciona a ONU. Para quem tem dúvidas, aqui fica uma explicação sucinta. Aplica-se à ONU uma máxima parecida com aquela cunhada por Gary Lineker, segunda a qual “O futebol é um jogo simples. Vinte e dois homens correm atrás de uma bola durante noventa minutos e, no fim, ganham sempre os alemães.” No caso em análise, a ONU é uma instituição simples. Um conjunto de democracias finge ignorar, quando não está a promover, uma série de regimes totalitários e, no fim, sanciona-se sempre Israel.