O ex-deputado e secretário de estado de Durão Barroso, José Eduardo Martins, dizia em entrevista ao Podcast Bancadaparalamentar que “o problema do CDS é que os melhores não jogam à bola” e em certa medida tinha razão. Mas também é verdade que os partidos se fazem de alternância, de renovação, de altos e baixos e de novos protagonistas e neste sentido, durante dois anos, o CDS que já vinha combalido de outros “jogos” com outros jogadores, teve muitas dificuldades em se impor em campo e o seu novo líder teve, por inúmeras razões, dificuldades em mostrar-se e em demonstrar o seu e o valor do CDS.

Mas é então que chega a crise Política que a esquerda provocou com a aquiescência de António Costa e obriga a novas eleições legislativas. O CDS está fragilizado e com sérias discussões internas que em nada abonam a imagem exterior do partido e que em nada ajudam a mostrar ao eleitorado que o CDS é fundamental, mas é assim a vida interna dos partidos, existe debate e discórdia e ainda bem que assim é. Quem não se lembra que já por duas vezes tentaram no PSD derrubar Rui Rio e o frenesim que isso provocou na bolha das redes socias, nos comentadores de serviço que já davam como certa a vitória de Rangel e de uma cerca comunicação social, alinhada no prematuro adeus ao CDS.

Mas estavam enganados quem pensava que o Francisco Rodrigues dos Santos, que finalmente pode entrar em campo, não conseguiria provar exatamente o contrário, que o CDS é necessário a Portugal e também passa pelos democratas-cristãos a construção de uma verdadeira alternativa à esquerda. O debate interno será feito, mas em primeiro lugar vem o país.  E eu tinha avisado. Ao Francisco Rodrigues dos Santos aplica-se precisamente aquilo que muitos treinadores dizem dos jovens jogadores, ou seja, era preciso por o Francisco a jogar. E o líder do CDS-PP esteve em cada debate melhor em campo e expôs a importância que o CDS-PP tem na nossa democracia.

O Francisco e a sua equipa, souberam preparar os debates, apresentaram 15 pontos de propostas base, a que chamaram de “Compromisso Eleitoral”, porque querem fazer passar a mensagem e querem que o eleitor entenda a palavra. Ninguém está interessado em pegar em um “calhamaço” de 500 páginas, que praticamente nunca é implementado e que dificilmente é consultado pelos eleitores. O CDS quer ser direto para com os eleitores, quer chegar aos jovens, aos empresários, aos mais desfavorecidos, ao interior e às mulheres e aos homens deste país de uma forma assertiva e nada formal.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

E foi neste registo que Francisco Rodrigues dos Santos se apresentou nos debates, foi direto e assertivo, soube passar algumas ideias e propostas do CDS, soube falar ao seu eleitorado, não teve medo nem se deixou intimidar por ninguém, defendeu a Direita conservadora democrática e liberal e não teve temor de derrotar Ventura no seu próprio registo.

Se não ganhou todos os debates, também não perdeu nenhum e foi a par de Rui Tavares – este por outras razões, a grande novidade para os portugueses neste modelo de debates. Soube desmontar o discurso animalista do PAN; mostrou as diferenças que tem com a IL mas soube construir uma ponte; mostrou as incongruências do BE e muita da radicalização que trazem à politica e à sociedade portuguesa; não teve receio de apontar as falhas a António Costa e de lhe dizer que o seu governo não só não serviu para desenvolver o país como, o mesmo, chegou ao fim.

Teve a clareza de dizer ao seu parceiro natural, que é o PSD, que este errou ao não querer liderar uma grande coligação para derrotar a esquerda. Teve aos olhos dos portugueses uma prestação de liderança, de lufada de ar fresco e de renovação tão necessárias em Portugal e foi capaz de marcar terreno.

Se é certo que os primeiros debates e o debate onde arrumou com Ventura, tiveram um volume mais elevado, o que os portugueses guardam na retina é a imagem de um líder que não tem medo, que não renega o passado e a importância da PAF de Passos Coelho e de Portas, que não abandona o seu partido como outros fizeram e que mesmo com todas as dificuldades internas e externas, continua a respeitar o legado de mais de 46 anos que o CDS tem em Portugal.

O CDS ganhou um tónico novo com os debates e com a prestação do seu líder e tem agora um momentum, que deve e vai saber aproveitar. O CDS é ainda um partido que tem por esse Portugal afora militantes e estruturas que nem o Chega nem a IL têm, tem história e tem a experiência de quem já teve várias vezes no Governo de Portugal, com ideias e mensagens diretas aos Portugueses, pode mesmo provar ao eleitorado que um voto no CDS não é um voto no lixo e que só poderá haver uma solução à Direita se o CDS sair reforçado das próximas eleições. Até mesmo Rui Rio, no debate com Francisco Rodrigues dos Santos, apelou ao eleitorado que não queira votar PSD que vote então no CDS, porque ele recomenda e é aqui que também reside a importância do CDS para Portugal. É que foi também graças ao CDS, que nas últimas eleições autárquicas, a Direita foi capaz de derrotar o PS em Lisboa, no Porto, em Coimbra, em Lamego, em Nelas, no Funchal e em tantas outras autarquias. Cabe  lembrar que o CDS  não foge à luta e que o seu líder assim o demonstrou.

Os debates chegaram ao fim e agora vem a campanha eleitoral, a campanha na rua no corpo-a-corpo – dentro das regras que a COVID-19 obriga, e o modelo dos debates, criticado por uns defendido por outros, permitiu que os partidos com assento parlamentar debatessem uns com os outros e em certa medida foi esclarecedor. Nem que não seja, permitiu que os portugueses observassem quem tem condições e quem não as tem para Governar Portugal.

E se ficou claro aos olhos de todos que após os debates, só o PSD o CDS e a IL podem construir um governo estável, também não deixa de ser verdade que só um voto no CDS impede que o PSD e que Rui Rio alimente um governo de António Costa por mais dois anos.

E é neste sentido que eu peço aos eleitores, a todos aqueles que realmente querem um novo governo, a todos os que almejam por uma nova oportunidade para Portugal que, deixem o Chicão jogar à bola.

Miguel Baumgartner

Dirigente do CDS-PP