A procura de fontes de energia sustentáveis e de baixas emissões de carbono tem sido um foco importante para combater as alterações climáticas e garantir a segurança energética da Europa. Nesse contexto, a União Europeia (UE) optou por classificar a energia nuclear como uma fonte de energia “verde”, apontando para os seus benefícios no que diz respeito às baixas emissões de carbono e à garantia de segurança energética a partir de recursos endógenos para países como a França. No entanto, é importante pesar as suas desvantagens e os problemas associados à energia nuclear, impondo-se muitas dúvidas sobre a viabilidade da justificação dessa classificação.

Primeiramente, a produção de energia nuclear cria resíduos radioativos perigosos, uma preocupação tanto ambiental como de saúde pública. Mesmo com os avanços tecnológicos nessa área, não existe uma solução definitiva para o armazenamento ou deposição segura desses resíduos. O desafio da gestão a longo prazo destes materiais radioativos suscita interrogações sobre a sustentabilidade desta energia como uma opção “verde”.

Seguidamente, apesar dos progressos em termos de segurança, o risco de acidentes nucleares persiste, inclusivamente aumentando com o conflito na Ucrânia. Eventos passados, como Chernobyl e Fukushima, demonstram as consequências devastadoras que podem ocorrer em largas áreas, posto que a segurança das centrais nucleares é decisiva, e qualquer incidente tem o potencial de causar impactos graves e ameaçar a saúde pública de áreas muito mais abrangentes do que somente a localização geográfica da central, questionando a viabilidade desta energia como uma escolha segura para a população.

Ainda num ponto de vista ambiental, deve ser considerado que embora a energia nuclear seja apresentada como sustentável, a mineração de urânio, principal combustível nuclear, tem impactos ambientais significativos. A extração de urânio pode resultar em danos significativos no meio ambiente, tais como a contaminação de água e dos solos e impactos na saúde das comunidades locais.

Por outro lado, economicamente falando, a construção de centrais nucleares é cara e demorada. Os altos custos associados à implementação dessa tecnologia podem desencorajar investimentos em troca de alternativas mais acessíveis e rápidas de implementar, como é o caso de várias energias renováveis, igualmente sustentáveis e menos perigosas.

Em conclusão, a classificação da energia nuclear como uma fonte de energia “verde” pela União Europeia pode ser contestada à luz das diversas desvantagens e problemas inerentes a essa energia. A necessidade de enfrentar as mudanças climáticas e garantir a segurança energética não deve ofuscar as preocupações legítimas relacionadas com a resolução dos resíduos radioativos, riscos de segurança, custos elevados e impactos ambientais associados à extração mineira. Além do mais, é conhecimento geral de que existem alternativas mais seguras, sustentáveis e acessíveis para alcançar a transição energética.

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