Quando a sustentabilidade é uma das tuas principais paixões e ficas noiva, podes ter a certeza de que muito planeamento será feito para tornar o grande dia o mais sustentável possível.

Eu casei-me na primavera de 2022 e era importante para mim e para o meu marido que o nosso casamento estivesse alinhado com os nossos valores sustentáveis. Tenho uma boa notícia, não é nada impossível ter um casamento mais sustentável e que limite o nosso impacto no planeta sem limitar as boas memórias e o divertimento… e é mais barato também!

Para as nossas roupas optámos por opções em segunda mão, de marcas nacionais ou feitas com sobras industriais. O outfit do meu marido foram calças e camisa de linho em segunda mão pelo grande total de 70€. O meu vestido, composto de duas peças, foi desenhado por uma designer de vestidos de noiva em Lisboa e escolhemos tecido deadstock (sobras de tecidos) de uma fábrica têxtil portuguesa. Os seus sapatos e as minhas sandálias eram de uma marca de calçado portuguesa sustentável. Na escolha do outfit queríamos encontrar algo que refletisse o nosso estilo e que pudéssemos usar muitas vezes no futuro para que não ficasse parado no nosso guarda-roupa como normalmente acontece.

As alianças eram das nossas avós e só tivemos de mudar o tamanho. Reaproveitar o que já existe é melhor do que utilizar novos recursos naturais, principalmente se estivermos a falar de ouro, cuja mineração pode ser antiética e insustentável. Um detalhe que tornou esta decisão ainda mais especial é que a minha aliança ainda tem o nome do meu avô por dentro, juntamente, agora, com o nome do meu marido.

Para as decorações reaproveitámos frascos de todas as medidas; nos maiores colocámos ervas aromáticas do nosso jardim, como alecrim e louro, e nos menores, velas.

O menu era vegetariano e delicioso. Reduzir produtos de origem animal é uma das melhores coisas que podemos fazer para reduzir o nosso impacto no planeta e um casamento é apenas mais uma ocasião para pôr isto em prática. A nossa cozinha tem muitas tradições, mas não é difícil criar refeições maravilhosas sem carne ou peixe.

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Alugámos tudo o que precisávamos para o dia do casamento, mas que sabíamos que não precisaríamos no nosso dia a dia. Luzes, cadeiras, mesas, pratos e talheres foram utilizados durante o dia e devolvidos após o evento.

Na nossa tradição, atira-se arroz aos noivos nos seus primeiros passos como casal, mas arroz é comida e parecia-nos um desperdício fácil de evitar. Em vez do arroz, preparamos para os nossos convidados sementes de pássaros, confetes feitos de folhas secas e pétalas de rosa que procuramos numa loja local quando pedimos para as flores não vendidas durante o dia anterior.

Muitas flores que encontramos nas lojas (dependendo do tipo e da época do ano) são importadas e muitas vezes carregadas de pesticidas. Para o meu bouquet escolhi flores locais e secas e o melhor é que por já estarem secas continuam lindas como no dia em que me casei, enquanto as frescas duram apenas alguns dias.

Os convites foram feitos no computador e enviados online para todos os nossos convidados. A maioria das pessoas deita fora o convite logo após o casamento, ou mesmo antes, então pensámos em evitar este desperdício desnecessário fazendo-os de forma digital.

Para este último ponto eu não tive nada a dizer e estou muito feliz pelo meu marido ter feito esta escolha. Em vez dos tradicionais diamantes, que na maioria das vezes são antiéticos e insustentáveis, ele próprio fez o anel com um pedacinho da madeira da árvore que os meus pais plantaram quando eu nasci.

Mesmo tentando muito ser o mais sustentável possível, houve algumas coisas que tiveram um grande impacto no meio ambiente, por exemplo, alguns dos nossos convidados tiveram que voar 3 horas e outros 7 horas!

Como quando tentamos viver de forma mais sustentável na nossa vida diária, o objetivo não deve ser ser perfeitamente sustentável… porque este é um objetivo irreal para qualquer um! Todos podemos fazer a nossa parte e tornar-nos consumidores mais conscientes, educando-nos e informando-nos sobre o impacto das nossas escolhas; tudo isto enquanto pressionamos os governos e as grandes empresas – que têm mais poder e responsabilidade do que nós indivíduos – para fazer uma mudança maior e mais rápida para o futuro do planeta.