A enxaqueca é uma doença neurológica muito comum – estimando-se que afeta cerca de 12 a 15% da população mundial – e é causada por interações entre os neurónios, os vasos sanguíneos e os nervos. As pessoas com enxaqueca são mais sensíveis a certos estímulos, ambientais ou do próprio organismo, que podem desencadear esses processos cerebrais. Se não for tratada ou se for ineficazmente tratada pode durar até 72 horas.

A enxaqueca caracteriza-se por dores de cabeça incapacitantes, a que se podem associar náuseas, vómitos, sensibilidade à luz e ao som – e lentidão do pensamento. Estes sintomas podem ser debilitantes a ponto de afetarem a capacidade de trabalhar, estudar e participar nas atividades sociais. Têm por isso, um grande impacto na qualidade de vida da pessoa.

É fundamental procurar um especialista diferenciado para um diagnóstico correto e um tratamento adequado. Para o diagnóstico, o médico irá basear-se na história clínica do doente e no exame físico, podendo solicitar alguns exames complementares para o diagnóstico diferencial da dor de cabeça.

Por se tratar de uma doença tão prevalente e incapacitante, a comunidade científica tem realizado muitos esforços no sentido de desenvolver fármacos mais eficazes e com menos efeitos laterais, permitindo um melhor controlo da enxaqueca.

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O tratamento pode ser dividido em dois grandes grupos: o agudo e o preventivo. O primeiro visa diminuir a intensidade e a duração da dor, assim como dos sintomas associados ao episódio agudo da enxaqueca. Os medicamentos mais comuns para a dor aguda são os analgésicos, os antieméticos e os triptanos. Recentemente, está disponível uma nova classe de tratamento, os chamados “gepants” que atuam especificamente nos circuitos neuronais da enxaqueca. Por vezes, poderá ser necessária a combinação de vários grupos de fármacos para se obterem os melhores resultados.

Os tratamentos preventivos são usados para reduzir a frequência e a gravidade da enxaqueca. Os medicamentos mais comuns são os antihipertensores, os antidepressivos e os antiepiléticos. Nesta área do tratamento preventivo têm surgido inúmeros avanços. A toxina botulínica, vulgarmente conhecida como Botox, com indicação estética, pode ser utilizada com sucesso nos doentes com enxaqueca crónica, através da aplicação de um protocolo de tratamento específico a cada três meses.

Também os anticorpos monoclonais, desenhados especificamente para o tratamento preventivo da enxaqueca por intervirem nos transmissores da dor, têm elevada eficácia na prevenção dos episódios, com muito poucos efeitos laterais. Existem muitos outros tratamentos eficazes para a enxaqueca, como poderá constatar se consultar um médico. O melhor tratamento para cada doente depende de múltiplos fatores, pelo que se aconselha vivamente a consulta de um neurologista especialista em cefaleias para a avaliação e a orientação da dor de cabeça.

Nunca é demais repetir: lembre-se sempre que não tem de viver com dor de cabeça.