Portugal sempre foi considerado um país seguro. Nos últimos anos, o nosso país foi dos que mais subiu no Global Peace Index, passando do 18º lugar que ocupava em 2014, para o top 10 de países mais seguros. Na edição deste ano, divulgada esta semana, Portugal ocupa o sétimo lugar. É, por isso, natural que Portugal realce esta característica como fator positivo de diferenciação para a captação de investimentos e para a atração de quadros qualificados.

A segurança é um ativo que não podemos perder, mas existe um risco real de isso acontecer. Nos últimos tempos, têm surgido sinais consideráveis que ameaçam esta segurança e a perceção que temos dela. Diria mesmo: sinais muito preocupantes. E para os combater não podemos ter medo de ser politicamente incorretos e recear sermos acusados de intransigência ou preconceito.

Temos de ser inflexíveis com a violência que vai crescendo de forma acelerada no nosso país, especialmente nas nossas cidades. O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), divulgado no final de maio, alerta precisamente para o aumento da criminalidade, com especial enfoque para a criminalidade violenta e grave que atingiu o valor mais alto desde 2019.

Não podemos continuar a aceitar, por exemplo, a existência de gangues juvenis, sem que exista uma verdadeira política de combate a esse flagelo. De acordo com o RASI, a delinquência juvenil atingiu o número mais alto desde 2017. Pior: os suspeitos de criminalidade grupal são jovens com idades entre os 15 e 25 anos de idade, sendo um fenómeno com considerável expressão na Área Metropolitana de Lisboa.

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Também não podemos ficar com receio de denunciar que, além da criminalidade praticada por cidadãos nacionais, também existe criminalidade associada à imigração. Ambas devem ser enfrentadas com a mesma determinação, embora o seu combate tenha de ser realizado de forma diferente, por terem caraterísticas distintas.

Portugal sempre foi um país aberto ao mundo e fenómenos como o da xenofobia devem ser combatidos. Portugal precisa de emigração, emigração com direitos e deveres. Portugal precisa de trabalhadores qualificados e não qualificados, emigrantes que escolham o nosso país de forma responsável para viverem, trabalharem, criarem as suas famílias, com oportunidades de uma vida melhor para os próprios e para os seus filhos. Por isso, não podemos permitir, e devemos combater sem tréguas, a existência de fenómenos de escravidão de emigrantes ou ser permissivos quanto à existência de alojamentos sem as mínimas condições humanas.

No entanto, também não podemos aceitar que alguns emigrantes escolham o nosso país para a prática de qualquer ato ilícito. E nem podemos ocultar ou evitar falar do assunto só para sermos politicamente corretos.

O poder político tem a particular responsabilidade de não deixar desbaratar este ativo que é a segurança. Para isso, torna-se imprescindível dotar todas as forças de seguranças com os meios adequados, compensá-las monetariamente com justiça, pelo exercício das suas funções e garantir uma legislação robusta, verdadeiramente dissuasora da prática de crime. A nossa atual legislação é demasiado branda com o pequeno delito – pequeno delito que se vai transformando em grande delito e, que dessa forma, mina irreversivelmente a nossa confiança.

Acredito que ainda vamos a tempo de combater este aumento de criminalidade no nosso país. Mas, se não formos rápidos nesse combate, corremos o risco de perder essa segurança, enquanto bandeira do nosso país. Aos políticos, exige-se coragem e determinação.