Muita gente nem vê – com a sua razão – o Festival RTP da canção. Há também quem olhe a recear a matriz que lá colhe para mostrar na Eurovisão. E há um mar a amar a fruição do Festival tal como nos dão.

À gente querida que cantou, encenou e montou é devida homenagem pela generosa energia, coragem e alegria que demonstrou. Contudo… vale tudo para a cremosa viagem? Quem vão representar? A Nação? O País que ainda existe ou o que persiste na demissão? O que identifica um motivo de colectivo nacional ou o que significa um paliativo de individual?

Na televisão pública prevalece a essência da pedagogia e da Cultura ou a procura da demagogia da audiência?

A realização televisiva cativa uma visão impressiva, colossal, espectacular, que, todavia, pode não dar primazia à voz na canção e pode até enganar o semblante de uma ode musical relevante ou querer disfarçar a crescente linguagem que não condiz com o português universal e ser uma imagem deprimente da capacidade verbal do país sem tal cariz.

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A Língua Portuguesa é uma maravilha, das mais ricas do Planeta mas a comunicar nas dicas e a cantar há uma treta, não anda bem, alguém abranda, parece que padece e tem de certeza uma íngua na virilha!

Quem viu e ouviu o Festival seguiu a panaceia que cobre este mal que nos enleia na teia da impostura à nobreza da Cultura portuguesa. Das canções ao instrumental, dos autores às apresentações e às flores das emoções, a pronúncia inglesa constante sobre a mesa prenuncia o portal irritante de uma nua possessiva à disposição de quem não recua nem se esquiva à ocasião.

Entre “aspas” títulos de canções, ou das bandas concorrentes, ou frases existentes na letra respectiva, e uma ou outra missiva escutada ali na sessão dão uma perspectiva articulada que expressa a opinião aqui confessa:

Elect “Mimicat”, ai pussy cat, pussy cat, “Ai Coração” “Que não me deixas em Paz!” Mas para onde elas e eles vão? Faz zoom no “Green Room” e com o pin logo vês, falam tanto inglês quando calam o português… O cenário começa numa mancha psicadélica cheia de molho, para encher o olho. Interessa o ideário de voz angélica? No. “Neon Soho” avança para o “Endless World”! Faz que estás no Festival do Canal da Mancha! Porque “Este Povo” tem “Sapatos de Cimento“ e o mundo não acaba se me aldraba! O que é preciso é “Too Much Sauce”, uma “Bolha” para os nossos “Sonhos de Liberdade” sem ser à trolha. Verdade? Não, não é a que eu vi em Abril, essa não era a “April Ivy”, uma hera que perde se não decorar de verde o perfume do “Green Room”. Enfim, isto não é o fim, é só uma “Encruzilhada”… Porque eu também “Nasci Maria”, nasci com “SAL” para “Viver” e reconhecer no peito feminista o direito que a mulher conquista no preito. “Good Night”, follow my sight! “Fim do Mundo!”, diz “Apenas Inês”. Não brinquem, digo eu, que ainda vem aí a vingança do chinês. “Apocalipse é uma Promessa” now. “Vamos Fazer Amor Depressa”! Vamos, contigo eu vou e me dou. É bom, é bom para o meu umbigo, é bombom! Mas vamos com calma, o amor começa na alma senão tropeça no sexy provocador só pelo que tenho no exterior. World Needs Therapy”, yes (hey you there, ther’s a bit of too much shit, I would say)! It’s a “Voodoo Marmelade”, “Um Tormento”. O momento é de marmelada??? “This is the Way”, diz a apresentadora encantada e já um tanto sonâmbula ou seria “Funâmbula” (na corda bamba)? Não me faças perguntas, acorda mas é o samba, quero andar “Rente ao Chão”, tormento é “Cair Sem Ver o Fim”! Oh Fado, oh património da Humanidade, oh verdade tão portuguesa, a simplicidade de uma nobre canção tão bem interpretada nem mereceu sequer qualquer atenção, não sobreviveu ao demónio da pobre decisão! Oh apagada e vil tristeza, “Enquanto é Tempo” “Juntem as Vozes que teimam Separar”!

Oh “Povo”, vamos “Comprar Uma Casa e Construir Um Lar”, esta prece, que aquece, encantou o freguês em português mas parece que a aposta à Costa não aportou

E nós perguntamos: oh oh CEO, quantos vão sorrir por não conseguir lá chegar?

Eu, que nasci Vasco Maria a chorar, cresci e percebi que faz falta tino para obrigar a Ribalta a promover a malta a rir quando puder entoar o Hino da Alegria genuíno!

O autor escreve de acordo com a antiga ortografia.