Considerar que os resultados dos exames definem as melhores escolas; que os alunos do privado estão “muito à frente” dos do ensino público; que os professores da escola pública estão aquém dos do ensino privado; que as crianças com apoios da acção social escolar são piores alunas do que aquelas que não necessitam deles; que os estudantes do norte são melhores que os do sul; ou que as raparigas são mais inteligentes que os rapazes, é um absurdo. Mas a forma como se fala dos rankings dos exames empurra para muitas conclusões – escorregadias – como estas. É verdade que os rankings também se transformaram num argumento comercial. Para as escolas “habilidosas” ou para os pais mais distraídos…

Mas estes rankings também ajudam a perceber que as escolas privadas têm notas nos exames superiores aos das escolas públicas. E que as escolas com corpos docentes mais estáveis contribuem para melhores resultados nos exames. Por mais que nem sempre mais professores no quadro correspondam a melhores resultados nos exames. E que as escolas que acolhem percentagens significativas de crianças mais carenciadas, com muitos alunos com necessidades educativas especiais ou com crianças de variadíssimas nacionalidades têm desempenhos nos exames que ficam longe dos melhores resultados. (O que não nos permite concluir que quanto mais inclusivas as escolas são piores elas se tornam.)

Ainda assim, estes exames do 12º serviram só para o acesso ao ensino superior. E os do 9º não contaram para “a nota”. Mas o número de escolas com média negativa nos exames quase duplicou. E a nota “20” é quase cinco vezes mais frequente no privado. Por mais que, em 14 escolas privadas, a percentagem de “20” tenha correspondido a mais de 40% das notas atribuídas. De entre elas, apenas três estão no topo da tabela dos exames!

O que inquieta é que, chegados aqui, não se discuta o que é que falta a cada escola para ser melhor. E se fique pela disputa público/privado. Não é isso que se espera quando se observam os números da educação! Não são as notas dos exames que definem as boas escolas! Mas ignorar resultados macro e ficar-se por discussões micro também não ajuda as escolas (todas!) a serem melhores.

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