A importância dos microprocessadores no desenvolvimento da Inteligência Artificial e, por conseguinte, o peso que estes têm na corrida à hegemonia na Ordem Mundial faz com que Pequim e Washington estejam empenhados em garantir a sua influência na produção e distribuição destes.

A modesta meta de 5% de crescimento económico estabelecida pelo governo chinês acaba por ser um sinal de que a RPC poderá ter outras prioridades e, ao mesmo tempo, demonstra, obviamente, a sua preocupação com a instabilidade económica atual.

Como é sabido, a segurança foi o tema mais abordado ao longo do XX Congresso do PCC. Contudo, a questão da sua economia interna e a vontade em fortalecer a indústria tecnológica, nomeadamente na produção dos microchips, não deixam de estar presentes na agenda do governo chinês.

No entanto, a resiliência continua a fazer parte do estado de arte da política chinesa. Perante a complexidade da problemática existente no consumo doméstico chinês, para contornar estes desafios, Xi Jinping tenderá a procurar soluções, internamente. Ou seja, considerando a redução da procura externa, a China tentará estimular o seu consumo interno e desenvolver as capacidades industriais das empresas chinesas no setor tecnológico. Já na perspetiva ocidental, este seria um momento oportuno para a RPC apostar na importação e no consumo de bens importados de forma a recuperar a relação económica com os EUA, contribuindo para um novo ciclo do sistema internacional.

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De acordo com Damien Ma e Houze Song, o PCC está concentrado em recompor a sua economia com base na união das províncias de modo a desenvolver tecnologias avançadas, como também em proteger as suas cadeias de abastecimento com o objetivo de aumentar a sua competitividade neste setor. Porém, a sua capacidade de manufaturação e o claro avanço tecnológico das empresas chinesas poderão não ser suficientes para responder aos EUA devido à eficiente modernização tecnológica praticada no Ocidente.

O caso da empresa holandesa ASML, que detem 90% da quota de mercado no contexto do desenvolvimento de equipamentos essenciais para a fabricação de microprocessadores, acaba por representar um difícil obstáculo ao Império do Meio. Acrescentando o facto de, após as conversações entre Washington e Amsterdão nas últimas semanas – com a tecnologia como um dos principais temas a debater –, terem sido comunicadas novas medidas de controlo no âmbito das exportações de equipamentos holandeses para a produção de chips para a China, poderemos perceber os riscos geopolíticos inerentes.

Respondendo a estas ações, a China investirá, certamente, numa qualificada industrialização de chips. Além da sua forte capacidade de produção, a RPC aproveitará o seu know-how de manufaturação e a sua mão-de-obra especializada em linhas de montagem de modo a acompanhar os seus concorrentes.

A verdade é que esta corrida tecnológica não dependerá exclusivamente do desenvolvimento científico, da inovação e modernização de produtos. A questão do fabrico destes terá, igualmente, o mesmo grau de importância.