É um tema melindroso. As Nações, tal como hoje as conhecemos, forjaram-se no incessante anseio do homem na busca de um equilíbrio para a sua vida. Tratou-se, sem dúvida, de uma luta pela sobrevivência ou para conquista do espaço vital e poder, mas quase sempre à custa de derramamento de sangue, com pleno cabimento da máxima “homo homini lupus”.

Hoje o homem atingiu uma maturidade de qualidade apreciável, longe do barbarismo e da incipiente formação cultural que caracterizou as mentalidades do passado, onde a crendice, mais tarde a religião, se confundia com a organização sociopolítica e/ou o Estado, quando um Chefe só se legitimava sob o beneplácito de unção de uma autoridade religiosa.

Hoje, documentos subscritos mundialmente, como: Declaração Universal dos Direitos do Homem; Carta das Nações Unidas; Convenção Internacional sobre Direitos Civis e Políticos; Pacto Internacional sobre Direitos Económicos, Sociais e Culturais; Convenção Europeia dos Direitos do Homem; Carta Social Europeia, asseguram a existência de Nações, onde a organização social assenta na materialidade das condições que a natureza proporciona e a legitimação do poder dimana da expressão livre de vontade do núcleo populacional a que respeita – “A Deus, o que é de Deus, a César o que é de César”. Estava dado o passo da separação entre a Política e a Religião – o prenúncio da natureza laica de um Estado Democrático.

Ventos preocupantes estão a reavivar o retorno à barbárie fanatizada do passado. É o caso das Repúblicas Islâmicas, do Estado Judaico ou a infusão de encapotada ideologia nacionalista, como a Hindutva na Índia ou ainda do envolvimento da Igreja Evangélica nas candidaturas políticas de Donald Trump e Jair Bolsonaro.

Por estranho que pareça, a expressão “religião é ópio do povo” virou atual, no sentido da religião se entrosar com o poder político, gerando instabilidade social, medindo o Estado e a moral social pelo figurino religioso, culminando na violação dos direitos humanos e fustigando a democracia.

Todo o cuidado será pouco se não se agir a tempo, sob pena de contágios.

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