Hoje todos nós vivemos uma fase na nossa vida rodeada de incertezas, o que aconselha a que façamos uma reflexão séria e ponderada sobre as prioridades que devemos ter. E este pensamento é válido para a vida pessoal de cada um de nós, no nosso quotidiano e nas escolhas que fazemos diariamente, mas também é válido para a vida/sobrevivência das nossas empresas e para a subsistência e bom funcionamento da nossa economia.

Compreendo, e partilho, as muitas preocupações, das mais diversas áreas, que devem ser merecedoras da nossa atenção, nomeadamente as questões ambientais, que têm estado na ordem do dia. Mas, como o povo sabiamente costuma dizer, “em tempo de guerra não se limpam as armas”, e o que vivemos não deixa de ser uma verdadeira guerra, que nos deve obrigar a pensar sobre o que devemos priorizar, e o que podemos/devemos adiar, sem que isso signifique estar a secundarizar, ou muito menos menosprezar, questões que merecem toda a nossa atenção.

Todos esperamos que esta situação não perdure durante muito tempo mas, nesta matéria, ninguém se atravessa a fazer previsões quanto a um possível fim, pelo que o Estado deve também ele refletir sobre o que pode fazer, não só para apoiar as empresas, mas também para simplificar a sua vida e, por consequência, ajudar também as pessoas, na manutenção dos seus postos de trabalho, na tentativa de se evitar um problema social que nos arraste, a todos, para uma situação ainda mais complicada.

E o que peço é tão só alguma sensibilidade e bom senso, para que não se sobrecarregue nesta fase as empresas com novas obrigações e que consigam “esperar por melhores dias”.

Refiro-me, por exemplo, à questão da lei das beatas. Estas são matérias que, embora fundamentais, não deixam de sobrecarregar as empresas e que constituem entropias, numa fase em que a maioria apenas está preocupada em sobreviver mês após mês, tendo muitas delas já tombado.

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Exigir às empresas que invistam em equipamentos (quando estava previsto que o Estado o fizesse e não fez), ou que procedam à limpeza da via pública, ou ainda que estejam atentas a quem deita uma beata para o chão, não é razoável, pelo menos nesta fase.

Também as medidas legislativas para a abolição do plástico de uso único podem deixar, neste momento, de ser uma dor de cabeça para as empresas. Não obstante as boas intenções, a verdade é que ainda não existem no mercado opções que sejam economicamente viáveis. Neste caso em particular esteve bem o Governo que atendeu às preocupações da AHRESP e prorrogou, até 31 de março de 2021, o período que os prestadores de serviços de restauração e de bebidas dispõem para se adaptarem às disposições relativas à não utilização e não disponibilização de louça de plástico de utilização única.

Se já antes da pandemia reclamava da hiperatividade legislativa que grassava sobre o funcionamento das nossas empresas, agora, mais do que nunca, justifica-se priorizar… e abrandar.

Esta é uma crise que, apesar de ser de saúde pública, está a ter um grande impacto ao nível da economia, e em especial na atividade turística, que tem vindo a deixar um rasto de falências e desemprego que urge estancar. Os agentes da atividade turística tudo têm feito para que o descalabro não se dê, mas o Estado tem também de nos ajudar nesta difícil tarefa, de todas as formas que possa. E esta é uma delas.