Atualmente, no âmbito da saúde mental, há muitos profissionais a intervir junto de pessoas e grupos vulneráveis (psicólogos, psicoterapeutas, coaches, human designers e afins!). E nem todos estes profissionais estão legalmente regulamentados para o fazer.

Entre estes profissionais, destaco dois grupos: psicólogos e psicoterapeutas (nos quais me enquadro). A profissão de psicólogo está regulamentada; a de psicoterapeuta, ainda não. E é aqui que se dá o “busílis”! Atualmente, a Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP) tem procurado que a psicoterapia passe a ser regulamentada não como uma profissão, mas como uma especialidade exclusiva de alguns grupos profissionais da área da saúde. Opção com que estou profundamente em desacordo.

Estes dois grupos de técnicos trabalham no âmbito da saúde e têm algumas tangências nas suas intervenções profissionais, nomeadamente, no que se designa de ajuda psicológica. Contudo, uns e outros têm formações de base distintas, tentando alcançar objetivos diferentes junto das pessoas a quem prestam ajuda.

É expetável que um aluno que termina a formação académica em psicologia tenha abordado de forma genérica algumas brief skills relacionais, a par de outros conhecimentos necessários ao exercício da profissão de psicólogo. Os psicoterapeutas possuem uma formação longa e especializada, na qual desenvolvem conhecimentos específicos e adquirem competências relacionais de ajuda.

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Um espírito de “guerra” instalado e alguns comentários proferidos pelo Bastonário da Ordem dos Psicólogos deixaram-me perplexa, pois considero-os sem sentido e néscios ao nível do conhecimento. (1) Não é só nestas duas profissões que há intervenções tangenciais, (2) no âmbito da saúde encontramos muitas mais (3) Quer a psicologia quer a psicoterapia constituem- se num corpo teórico com um objeto de estudo e metodologia próprias (3) as diferenças estão bem definidas e o público-alvo é diversificado.

Na minha opinião, considero que a OPP deveria estar mais preocupada com a formaçãoe o exercício rigoroso e ético da profissão pelos seus membros, em vez de colocar em causa aatividade de psicoterapia, cujo campo de intervenção é muito específico, sem colidir com o dospsicólogos.A OPP tem estruturado a regulamentação da prática da psicologia e atribuídoalgumasespecializaçõesempsicoterapia(exigindoacredenciaçãodasinstituiçõesformadoras).

Como psicoterapeuta e psicóloga, há muito tempo que considero que a Ordem dos Psicólogos deveria estar mais preocupada com os seus membros psicólogos que se nomeiam psicoterapeutas e não têm formação para tal. Para ambas as profissões, a regulamentação deve ser feita aos profissionais que desempenham estas atividades. Sobretudo, não posso deixar de expressar o meu desagrado pela posição sobranceira da parte dos membros hierárquicos da OPP, em desvalorizar e não considerar credíveis as instituições científicas que formam psicoterapeutas, alegando que esta atividade só pode ser efetuada por psicólogos.