As crianças voltaram ao centro das medidas de contenção da pandemia. Agora, no âmbito da vacinação. Na última vez que tal aconteceu, a questão era a reabertura das escolas – o país aplaudiu o encerramento das escolas e durante semanas passou ao lado do dano que isso causou (em dois anos lectivos) às nossas crianças. Desta vez, como dizia, é acerca da vacinação – ao que parece, as autoridades públicas preparam-se para distribuir vacinas aos menores seguindo critérios mais políticos do que científicos. Primeira conclusão possível: no “combate” contra a Covid-19, a aplicação de medidas sobre as crianças segue, em primeira prioridade, os interesses dos adultos. Porque, afinal, na medida em que os mais jovens sempre foram os que menos riscos correm quando infectados pela Covid-19, tanto o encerramento de escolas como a vacinação dos mais novos foram e estão a ser discutidos na perspectiva da protecção dos adultos.
Não vou ser eu a desempatar o actual braço-de-ferro entre a ciência e a política. Só posso, enquanto cidadão e pai, ter a maior desconfiança sobre a decisão política de vacinar menores, sobretudo quando tal processo nos é comunicado nestes moldes: com datas, sem explicações oficiais, sem orientações e contra a posição da grande maioria dos especialistas, enfermeiros e médicos pediatras. O mínimo exigível é que a DGS e o governo se pronunciem com clareza sobre este tema, explicando às famílias a sua tomada de decisão (em vez de se escudarem na gestão política).
Enquanto esperamos sentados por tais esclarecimentos, aproveito a oportunidade para ilustrar com uma situação em que medidas sanitárias até bem-intencionadas e aparentemente inócuas podem ter um impacto profundo nos mais novos. O exemplo mais simples de todos: o uso de máscaras pelos adultos tem inúmeros efeitos nos bebés e crianças, entre os quais o atraso no desenvolvimento da fala.
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