Se o meu partido1 ganhasse as eleições e eu fosse ministro2 da educação3, o meu primeiro objetivo seria privatizar as escolas públicas, do primário ao secundário, do 1º ao 12º ano. Como? Vendendo cada uma delas aos professores que nelas trabalham e que se quisessem associar em cooperativa ou SARL.

Porquê? Para permitir uma escola próxima das necessidades do cliente4 — a criança5 e a sua família6. Para possibilitar que uma pluralidade de métodos, conhecimentos7, currículos e filosofias pudessem ser livremente escolhidas pelo comprador do serviço escolar, não impostas pelo estado. Para que os professores pudessem mostrar o que valem, propor soluções educativas aos seus clientes e libertarem-se, se quisessem, das burocracias que agora os acorrentam à ineficiência & ao trogloditismo ideológico8. Para livrar a nação de uma fonte de ineficiência & desperdício9 estrutural.

Por quanto? Por um preço que poderia variar entre o simbólico e o nada. NB: venderia a escola, não o imobiliário, para o sr. ministro das finanças não se chatear muito e também para não alimentar o especulador imobiliário que se esconde por detrás de todo o sindicalista & membro de direção de organismos públicos; no entanto, o imobiliário poderia ser vendido à escola, se a entidade adquirente o quisesse e pudesse comprar, ao preço estabelecido pelas finanças, ou ser-lhe alugado por renda também ela estabelecida pelo sr. ministro das finanças, & que poderia ter em conta a importante função social que a nova entidade desempenharia na sua comunidade, pelo período em que a escola prestasse serviços escolares.

E se os professores não as quisessem comprar? Vendia-as às autarquias que as quisessem adquirir e explorar. E se elas não quisessem? Vendia-as às associações de pais, constituídas em cooperativa ou SARL, que as quisessem gerir. E se nenhuma das supramencionadas entidades mostrasse interesse em as comprar? Vendia-as a organizações de caráter social ou, na falta de interesse destas, ao grande ou ao pequeno capital, sedento de lucros e mais-valias. E se nem esses monstros as quisessem? Seriam fechadas — é de duvidar do valor social de uma escola em que nem autarquias, nem pais, nem associações locais, nem outros privados vêem valor.

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Mas não seria monstruoso deixar as crianças de uma região, já de si desfavorecida ou em vias de desertificação, sem acesso a uma escola de proximidade? Talvez, mas não mais horrível que deixar um doente residente nessa zona sem o apoio de um hospital de proximidade. De qualquer modo esse não é um problema que tivesse impedido que muitos membros da geração agora prestes a reformar-se, e das anteriores a ela, oriundos de zonas então sem escolas, tivessem tido percursos escolares brilhantes. Nem é um problema educativo: é um problema social e que deve ser minorado pelo apoio assistencial adequado provido pelo estado ou outras associações civis & livremente aceite pelas famílias.

Venderia todas as escolas? Quase todas: apenas manteria uma, nu máximo, por distrito, se as populações locais não se opusessem.

O montante das propinas das novas escolas seria regulado? Seriam as novas organizações escolares subsidiadas diretamente pelo estado de modo a frequência poder ser gratuita? Nem uma coisa, nem outra. Então como seriam financiadas? Cada escola seria livre de estabelecer as propinas que lhes desse na real gana, tendo consciência que teria de pagar salários e, possivelmente rendas, sendo que, se definisse as suas propinas ou alto ou baixo de mais poderia ir à falência, ou por falta de clientes, ou por falta de cash inflows, ou por ambos os motivos. No entanto, seria essencial estabelecer regulação com o objetivo de impedir a formação de posições dominantes e anti concorrenciais a nível regional e nacional, ou de qualquer outra situação que pudesse levar à substituição de um monopolista estatal por um monopolista ou proto monopolista não estatal.

Não implicaria esta política a exclusão das crianças das famílias mais desfavorecidas, que não poderiam pagar as propinas das novas entidades educativas? De modo nenhum: a nossa lei constitucional estabelece o direito à educação — um direito que nunca foi plenamente assegurado e que tem sido flagrantemente violado durante a última meia dúzia de anos. Embora não seja função do estado gerir escolas ou programar a educação, é sua função garantir que todas as crianças têm acesso a uma educação digna que as prepare para o futuro como cidadãos autónomos & responsáveis. Para assegurar a sua obrigação constitucional o estado proveria as famílias de um crédito educacional suficiente para cobrir grande parte das despesas escolares de cada filho. E as famílias teriam a liberdade total para usar esse crédito educacional em qualquer escola à sua escolha, sem restrições geográficas ou outras.

Mas atribuir a todas as famílias, sempre e constantemente, esse crédito escolar não constituiria um enorme peso para o orçamento de estado? Constituiria, mas a educação é uma carga imposta pela constituição ao estado e é uma vergonha que este a não a esteja a assegurar, por muito dinheiro que nela esteja a esbanjar. Atendendo aos múltiplos & enormes desperdícios causados pela máquina estatal, é certinho que a despesa orçamental com o crédito escolar sairia muito menos onerosa ao erário público, e a todos aqueles que o sustentam pagado iva quando vão às compras, do que a que temos com a situação atual.

E privatizaria as escolas todas a eito, tudo de uma só cajadada? Não! Embora Portugal seja um país pequeno há espaço para regionalizar10 a privatização e para beneficiar da experimentação: como em todos os projetos humanos, é certo & sabido que se iriam cometer erros e não há vantagem em esses erros serem aplicados uniformemente a todo o país — como o atual ministério da educação gosta de fazer. A privatização seria feita por fases, região a região, dando ensejo aos pais & professores de o resto do país apreciarem as suas vantagens & benefícios. Em cada nova etapa não só os erros cometidos nas anteriores poderiam ser evitados, mas as especificidades regionais tb podiam ser tidas em conta — já que as necessidades do mercado educacional transmontano não são exatamente iguais às do mercado alfacinha.

Tendo privatizado as escolas, se continuasse ministro da educação, o meu segundo objetivo seria abolir o ministério da educação. Então quem é que certificaria os professores, estabeleceria os programas nacionais e faria tudo o resto que o ministério agora faz & quer fazer? Simples: deixaria de haver programas nacionais, certificação de professores e tudo o resto. Cada escola estabeleceria os seus programas e teria de os tornar públicos – de modo a que os seus potenciais clientes, os alunos11 e as suas famílias, pudessem escolher antes de comprar. E se uma escola decidisse não ensinar em português, mas em chinês ou nheengatu? Teria essa liberdade, assim como as famílias teriam toda a liberdade de não usar os seus serviços. E, claro, cada escola teria competência para estabelecer os cursos, certificações e experiências que requereria aos docentes que viesse a contratar.

Até aqui, u que eu faria. Mas mais importante & relevante seria saber u seguinte: u que fariam us partidus da área não warxista e não moke12? U que fariam eles se ficassem responsáveis pelu ministériu da educação a seguir às próximas eleições?

U avtor não segve a graphya du nouo AcoRdo Ørtvgráphyco. Nein a do antygo. Escreue coumu qver & lhe apetece. #EncuantoNusDeixam

  1. Partido: opção quebrada; esfrangalho político; despedaço ideológico.
  2. Ministro:encarregado de assegurar a ineficiência e descalabro numa área do governo; feitor de uma organização política numa quinta ou quintinha; malfeitor; especialista em tornar a vida complicada ao cidadão; agente do empobrecimento nacional; peça instrumental no enriquecimento de familiares & amigos; feitor de uma autoridade superior com responsabilidade inferior e nomeado pelas suas qualificações, a principal das quais é um grau plausível de inveracidade; título honorífico atribuído a membro de quadrilha quando esta sucede no seu assalto ao estado; peça no tabuleiro político, correspondente ao cavalo no xadrez, que pode avançar, recuar ou mover-se lateralmente, mas sempre em movimentos não retilíneos.
  3. Educação:processo de formatação de humanos ainda inviáveis e em desenvolvimento pós-gestacional; atividade cuja responsabilidade pertence, por direito divino, somente ao estado, sendo crime grave qualquer intromissão dos progenitores do puto neste tipo de assuntos como o demonstra o caso Mesquita Guimarães; instrumento eficientíssimo dessa formatação, usado durante séculos, foi a palmatória, que foi recentemente substituída por várias formas de streaming politicamente correto, ou bullying; aquilo que dá a conhecer aos sábios e esconde aos néscios a profundeza dos desígnios de Deus; também serve de biombo para os ignorantes se esconderem da sua ignorância e a esconderem aos outros.
  4. Criança:feto inviável que já está fora do útero; acidente do amor entre homem e mulher; produto de unidade de produção familiar; evidência de que a gravidez humana é curta de mais; produto que warxistas de várias estripes querem eliminar completamente ou, pelo menos, em casos mais moderados de sandice ideológica, trocar o método espontâneo e natural de produção pelo do planeamento central, substituir a confeção própria pela produção subcontratada e o fabrico caseiro pelo laboratorial; período ou idade intermédia entre a idiotia da infância e a estupidez da adolescência, a dois passos dos crimes e pecados da idade adulta e a três do remorso da velhice.
  5. Família: célula social; na sua forma atual é conjunto destruturado de dois ou mais indivíduos que inclua um gato ou um cão; na sua forma tradicional era uma organização focada na reprodução humana, estruturada para a exploração do homem pela mulher e dos pais pelos filhos e constituída por uma mulher, um homem, várias crias, criadagem e motorista (o cão ou gato eram facultativos).
  6. Cliente: pessoa que escolhe ser roubada dentro da legalidade.
  7. Conhecimento: um tipo de ignorância especialmente desvalorizada; ignorância ensinada na escola e obtida através de estudo intenso e prática constante.
  8. Ideologia:religião secular com credo, divindade(s) e moralidade; modo de pensar de alguém com quem não concordamos; a principal diferença entre ideologia e religião reside em que, sendo aquela uma religião, não quer ser classificada como tal, para assim poder gozar dos privilégios vedados àquelas que aceitam o epiteto, o menor dos quais não será poder fazer eleger deputados como o pan e formar governo como o ps.
  9. Desperdício: uso racional que é dado àquilo que não faz falta; era moralmente condenado em sociedades primitivas, isto é, por tudo o que era gente até meados do séc. 20, antes do aparecimento dos movimentos ecologistas.
  10. Regionalizar: fasear geograficamente; esquadrejar o país por regiões13.
  11. Aluno: o cliente de uma escola; selvagem com instintos libertários e capitalistas a quem o Ministério da Educação tenta civilizar para a conformidade e para o socialismo, sem incorrer, durante esse processo, de acusações, por parte do Livre, de opressão cultural ou de neocolonialismo; o patrono de uma agremiação de professores.
  12. Moke: tuga woke; agente político que faz orelhas moucas para as aspirações do cidadão comum; militante no be/pan/il & ps/d.
  13. Região: área suburbana habitada, segundo a mitologia urbana, por populações y espécies autóctones. Espaço de fantasia ecológica, onde a idade do ouro ainda perdura tal como quando Vergílio Ferreira ainda escrevia, onde os homens vivem da terra e fazem amor com as árvores (mas não com eucaliptos, que é, segundo os moralistas do be/pan/il, contranatura).