As sondagens mostram um recuo do Partido Socialista e dos comunistas e bloquistas e uma correspondente subida dos partidos do centro, centro direita e direita que, pela primeira vez de há muito tempo para cá, teriam a maioria dos votos.
Todos sabemos que as sondagens são o que são e que Portugal é o que é, mas a tendência corresponde ao panorama geral europeu, onde há vários anos as famílias da Direita – as direitas conservadoras e as direitas populares ou populistas – têm vindo a progredir à custa do centro.
As razões deste novo exotismo português são conhecidas: o país foi objecto de uma OPA (Operação Pública de Aquisição) ideológica, começada nos anos finais do Estado Novo, quando a Esquerda, no vazio intelectual do anterior regime, tomou conta das mentalidades – através da edição, das páginas literárias, das revistas de cultura, do ensino da História e das Humanidades – e foi fazendo do seu credo a ideologia dominante. E fê-lo nas versões duras – a do marxismo-leninismo estalinista do PCP e a do maoismo radical da nova esquerda – e na versão soft – a da democracia progressista saudosista da Primeira República, o chamado Reviralho. O ambiente internacional era então contrário ao “exotismo português” e a vontade de evitar a mobilização para a guerra de África tornava a contestação ao Regime popular entre os universitários, à semelhança do que acontecera na América, com a guerra do Vietname.
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