A geringonça, que já vinha empenada do anterior Orçamento do Estado, não resistiu ao impacto do último acidente. Ficou em pedaços. O fim de anos de estagnação depende agora das opções do eleitorado – que não repita os erros do passado.

É uma oportunidade imperdível para colocarmos Portugal na rota do crescimento, devolvendo liberdades que o excesso de Estado dos últimos anos suprimiu aos cidadãos. Foram décadas de socialismo, em muitos aspectos totalitário, com políticas de empobrecimento que foram outrora o caminho para três bancarrotas.

Não há margem para erros. O país precisa urgentemente de políticas alternativas que acabem de vez com o processo de venezuelização em curso.

A geringonça revelou-se de fachada, trôpega. A maioria parlamentar que apoiava o governo PS era afinal uma mentira.

Foi-se equilibrando às custas do dinheiro dos contribuintes, pago através da maior carga fiscal de sempre, e bastou a Europa abanar com as notas do PRR para não mais se entenderem.

A agitação e a discórdia que protagonizaram demonstrou a obsessão que os partidos da esquerda nutrem por dinheiro alheio para aplicarem as suas políticas insustentáveis, contrárias à criação de riqueza, mas necessitadas da riqueza criada por outros para distribuírem pelos seus camaradas. Afinal, há que mantê-los crentes nas suas fantasias políticas e na sua utópica arquitetura social.

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São muito europeístas com as bazucas, e muito separatistas com as regras. Muitas das propostas que apresentaram para o OE2022 colocam os cabelos em pé a qualquer líder europeu e a qualquer investidor.

Diz o ditado que “zangam-se as comadres e sabem-se as verdades”. Nesta história “geringôncica” souberam-se as verdades e zangaram-se as comadres.

E as verdades que vieram a público com a negociação do orçamento do estado foram claras quanto às intenções de cada partido da geringonça: cada um tem os seus próprios interesses, os seus “boys”, maioritariamente não coincidentes. Nenhum tem uma visão de futuro para o país – nunca tiveram. A única visão conjunta que partilharam foi a do assalto fiscal, do empobrecimento, do ódio ao capital, do ódio a qualquer liberdade individual que ameaçasse o seu projeto de estado totalitário.

Ficou provado que aqueles partidos foram uns zeros à esquerda. A esquerda não sabe promover a criação de riqueza e é incapaz de a gerir. Como pode ser capaz de criar e gerir aquilo que combate?!

O legado que a geringonça nos deixa é uma bancarrota iminente, que poderá ser revertida, apenas, com uma solução política não socialista e não marxista.

Não há margem para erros, e o PRR não é um prémio de raspadinha. A fatia que ainda estiver disponível – aquela que o PS não conseguiu alocar a uma empresa do Estado falida, ou a uma obra pública megalómana inútil – tem que ser bem aplicada. Não há PRRs grátis. São pagos com impostos.

Só é possível pagarmos a conta sem esmagar os portugueses com mais impostos criando condições para as empresas aumentarem a sua produtividade e a sua capacidade para competir nos mercados externos; investindo em investigação e desenvolvimento como precedente de real criação de valor; investindo no setor produtivo; apoiando as empresas mais afetadas pela pandemia, e pelos abusivos estados de emergência, que demonstrem viabilidade futura.

Portugal ocupa os últimos lugares no ranking por países de competitividade fiscal, com grande contributo das políticas da geringonça. O orçamento socialista chumbado agravaria essa condição, e as exigências da extrema esquerda seriam a machadada final.

Mas agora é tempo de conjugar uma boa aplicação do PRR com políticas de crescimento económico, de mais liberdade social e política e de uma descida substancial da carga fiscal sobre as pessoas, mas também sobre as empresas para que possamos entrar no radar dos investidores externos de que Portugal tanto precisa.

A geringonça encabeçada pelo PS capturou Portugal aos portugueses, reteve-o como se fosse seu dono, aplicando leis e decretos do mais opressivo que a nossa democracia já enfrentou. Pintou murais com imagens de um sucesso socialista que não passou de fantasia – que nunca aconteceu, que não é exequível – e que circunscrevem hoje muitos eleitores, impedindo-os de olhar para horizontes onde os países progridem, livres e tracionados por políticas verdadeiramente liberais.

Só o liberalismo será capaz de resgatar liberdades perdidas, de revitalizar a economia e devolver às pessoas as fatias do seu trabalho, que abusivamente o PS lhes tirou com impostos.

Portugal não precisa de mais zeros à esquerda.