Fundada em 1906, a Rolls-Royce é ainda hoje uma das mais conhecidas marcas de automóveis de luxo do mundo. Mas, para além do estatuto que tem dentro da indústria automóvel, a Rolls-Royce desempenha também um papel importante no fabrico de material de aviação. É atualmente uma das principais fabricantes do mundo, construindo turbinas para alguns dos maiores aviões comerciais, como o Boing 787 e o Airbus A380. Mas, a história da Rolls-Royce com a aviação é muito mais antiga. Tudo começou nos primeiros anos do século XX, quando os aviões eram ainda vistos com alguma desconfiança nos Estados Unidos da América, apesar da sua relativa popularidade entre os europeus.

Na Europa, as inovações na área dos transportes eram principalmente populares entre os jovens aristocratas, como refere o site Jalopnik. Estes tinham por hábito viajar até França, o epicentro destas inovações, para explorarem as novidades. Entre estes aristocratas, encontrava-se o filho do primeiro barão de Llangatton — o fabricante de automóveis Charles Stewart Rolls.

English motoring and aviation pioneer Charles Rolls (1877 - 1910) in his French-built Sommer 1910 biplane, at Eastchurch airfield on the Isle of Sheppey in Kent, 2nd April 1910. (Photo by Topical Press Agency/Hulton Archive/GettyImages)

Charles Royce no campo de Eastchurch, na ilha de Sheppey, em 1910 – Topical Press Agency/Hulton Archive/GettyImages

Rolls sempre fora um entusiasta dos transportes. Aos 18 anos, viajou até Paris, onde comprou o seu primeiro carro — um Peugeot Phaeton, que se acredita ter sido o primeiro carro a passear pelas ruas de Cambridge. O jovem aristocrata foi também o primeiro a ter um concessionário automóvel na Grã-Bretanha, através do qual vendia uma pequena seleção de veículos franceses e belgas. Quando em 1906 conheceu Henry Royce, criador do modelo Royce 10, encontrou um parceiro à altura — e assim nasceu a Rolls-Royce.

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Para além de uma grande paixão por automóveis, Rolls tinha também um grande interesse pela aviação. Ao longo da sua vida, realizou ao todo mais de 170 viagens de balão e foi o fundador do Royal Aero Club no Reino Unido, em 1903. Quando os irmãos Wright, criadores do aeroplano, licenciaram os seus produtos em Inglaterra, Charles Rolls comprou uma das seis aeronaves construídas no país. À medida que a sua paixão pela aviação crescia, decidiu convencer o seu sócio, Henry Royce, a desenhar e a construir uma aeronave.

Rolls completou ao todo 200 voos até que, em 1910, um trágico acidente de avião causou a sua morte. Durante a Semana de Aviação de Bournemouth, o seu biplano partiu-se e despenhou-se. Os planos da Rolls-Royce de investir na área da aviação pareciam condenados ao fracasso, mas tudo mudou durante a Primeira Guerra Mundial.

The debris of air pioneer Charles Stewart Rolls' (of 'Rolls Royce') (1877 - 1910)  Wright biplane, which broke up in the air and crashed during Bournemouth Aviation Week, making him the first British pilot to lose his life flying an aeroplane.   (Photo by Hulton Archive/Getty Images)

A queda do biplano de Rolls em 1910 – Hulton Archive/Getty Images

Apesar da relutância da companhia em investir na aérea da aviação, o início da guerra levou à queda da procura por carros de luxo. Persuadida pelo Departamento de Guerra britânico, a Rolls-Royce acabou por construir o seu primeiro motor aéreo em 1915, de acordo com o site Jalopnik. No final da década de 20, a aviação acabaria por se tornar o negócio principal de muitas empresas, e a Rolls-Royce não foi exeção. O último engenho desenhado por Henry Royce, o motor Merlin, acabaria por ser utilizado por muitos aviões durante a Segunda Guerra Mundial.

Durante as décadas que se seguiram, o negócio de aviação da Rolls-Royce foi-se consolidando. Durante os anos 70, problemas financeiros ameaçaram o desenvolvimento de material aéreo pela empresa, mas o governo acabou por nacionalizar a empresa e dividi-la em duas companhias — a Rolls-Royce plc e a Rolls-Royce Motors. A Rolls-Royce plc foi privatizada em 1987. Na altura, detinha apenas 8% do mercado da aviação. Atualmente, é uma das maiores produtoras a nível mundial, detendo uns impressionante 40% da produção de motores e turbinas de aviões.